40 anos. Esse é o hiato na história de Fernandópolis, que separa as eleições de dois jovens filhos da terra. Em 1976, o então professor Milton Edgard Leão, no auge de seus 31 anos, chegava ao Paço Municipal, numa escalada política meteórica iniciada quatro anos antes, em 1972, quando debutava na política eleito vereador com histórica votação. Trazia ares de renovação e juventude ao poder. Neste mesmo ano, 1976, nasceu em Fernandópolis, no dia 30 de janeiro, André Pessuto, o prefeito eleito da cidade nas urnas de 2 de outubro último, após dois mandatos de vereador, para governar a cidade a partir de 2017. Entre Milton Leão e Pessuto, os dois prefeitos filhos da terra, um intervalo de 40 anos. Esse é apenas um detalhe histórico, mas que embute uma constatação: a prática política em Fernandópolis não abre espaço para os jovens. Basta vasculhar o livro “Nossa História, Nossa Gente” para perceber que os jovens da política de Fernandópolis já fazem parte da história. Desde a primeira eleição em 1947, eram os jovens que moviam os motores políticos da cidade. Líbero de Almeida Silvares, o primeiro prefeito eleito, tinha 36 anos. Edison Rolim (1951) assumiu o poder no auge da juventude, 29 anos. Adhemar Pacheco (1955) tinha 35 anos. Percy Semeghini (1963) era um jovem de 34 anos. Depois do suspiro de juventude com Milton, em 1976 (que voltou ao poder na eleição de 1988), eis que agora, 40 anos depois, aquele menino que nasceu lá em 1976, chega ao Paço Municipal. É um jovem que assume o poder e com um desafio e tanto pela frente: romper com as práticas da velha política para, quem sabe, “contaminar” a juventude que hoje, sequer sente vontade de ir às urnas para votar, que dirá para ser votado.
Fato: em 2004, a cidade elegeu também um filho da terra, Rui Okuma, então com 52 anos, e que morreu um ano após assumir o mandato. Ele também encampava a expectativa de renovação da política.
Contraponto: O prefeito eleito de Fernandópolis terá que conviver com um Legislativo mais experiente. Os eleitores optaram por uma Câmara, por assim dizer, “mais madura”. A maioria dos eleitos, oito vereadores, está na faixa entre 50 e 59 anos; dois, acima de 60 e três entre 40 e 49 anos. Se o candidato Murilo Jacob conseguir reverter o indeferimento no TRE, passará a ser o vereador mais jovem da Câmara: 35 anos.
O Tribunal Superior Eleitoral está divulgando as estatísticas das eleições de 2 de outubro. De acordo com os números, o partido com melhor desempenho nas eleições para a Câmara foi o PR que ficou com 10% dos votos válidos, elegendo dois vereadores. Depois vieram pela ordem: PSDB, PSD, PTB, DEM, também com dois vereadores cada. Os demais: PP, PDT e PSC, um vereador cada.
Três prefeitos eleitos da região decidiram não esperar a posse para correr atrás de recursos. Pessuto de Fernandópolis, Dado de Votuporanga e Flá Prandi de Jales, decidiram ir a Brasília em busca de recursos. Dado, que já foi deputado federal e conhece os “atalhos”, voltou da capital federal festejando R$ 12 milhões para a transposição da ferrovia e mais R$ 15 milhões em emendas. Pessuto viajou no início da semana e iria peregrinar pelo Congresso com Fausto Pinato. O prazo para emendas no orçamento termina no dia 18.
Os eleitores de Pontalinda, na região de Jales, poderão ter de voltar as urnas em breve. O prefeito eleito Elvis Carlos de Sousa (PTB) teve registro de candidatura indeferido no TRE. O outro candidato, Sisinio de Oliveira Leão, já estava excluído da eleição. Assim, se Elvis não reverter a situação no TSE, a cidade terá que realizar nova eleição para escolher prefeito. O suspense vai continuar por mais algum tempo...
Fernandópolis e Mirassol somam semelhanças após as eleições de 2 de outubro. As duas cidades elegeram prefeitos com nome iguais: André. Além da coincidência de nomes, a coluna do Diário da Região de quinta-feira, 13, levantou outras semelhanças que servem para reflexão. Aliás, o tema em questão foi tratado na Coluna Bastidores edição de sábado, 8, do CIDADÃO e também na entrevista com o prefeito eleito André Pessuto. Transcrevemos na integra as notas do Diário para reforçar a tese: Para refletir – Mirassol e Fernandópolis são duas cidades da região conhecidas pela instabilidade política. Existe até uma análise de que Votuporanga cresceu mais que ambas justamente por ter uma classe política coesa. Eleitores das duas cidades parecem ter percebido o problema. Nas eleições de 2 de outubro, a soma das abstenções, com votos brancos e nulos foi maior que a votação dos prefeitos eleitos. Para refletir 2 - Em Mirassol, André Vieira (PTB) teve 9.072 votos enquanto os eleitores que deixaram de ir as urnas ou votaram em branco ou anularam, chegaram a 12.752. Em Fernandópolis, André Pessuto (DEM) com 15.980 votos. Os votos nulos, brancos e mais abstenções chegaram a 16.884.