Muitas são as situações que nos desagradam. Somos testados constantemente na nossa paciência, no nosso equilíbrio e na nossa capacidade de resolver e de superar problemas. Manuais não faltam, desde de como agir em determinada situação - o que e como fazer - , roteiros, fórmulas, até receitas de remédio que podem nos ajudar na busca de equilíbrio, como calmantes, antidepressivos, ansiolíticos etc.
Entretanto, percebo um fato curioso, que muito me satisfaz: o modo como me sinto de acordo com a companhia. O psiquiatra Roberto Shinyashiki, em uma de suas obras, garante que há pessoas que nos “ligam” e há outras que nos “desligam”; concordo com essa teoria, pois funciono mais ou menos dessa forma. Reconheço algumas pessoas que se aproximam de mim e meu sangue corre mais rápido, fico agitada, mil coisas fervem na minha cabeça. E outras me contagiam com um desânimo grande, com um cansaço constante, um pessimismo enorme; essas realmente me desligam.
Mas não é só isso, não se trata apenas de ligar e desligar; existem graus ou nuances para isso. Percebo que algumas me irritam muito pela acomodação em que se encontram - não fazem o menor esforço para reverem suas atitudes; outras me incomodam porque só enxergam a gente como uma grande orelha na qual despejam seus problemas, sem nunca perguntarem: “e com você, tudo bem?”; simplesmente não são capazes de olhar para o lado e perceberem o outro. E há algo que a indústria farmacêutica ainda não descobriu, que eu chamo de “vitamina H”, capaz de substituir muitos medicamentos.
Há seres que nos encantam apenas ao olhar, ou porque se vestem de forma harmônica, ou porque têm sempre um sorriso no rosto, um ar confiante e só o fato de estarmos próximos, sentimos uma onda deliciosa de bem-estar. Existem outros que aguçam nossa inteligência, pois são tão sabidos e têm um humor tão ácido, que precisamos nos esforçar para compreendê-los. Outros ainda que, ao se aproximarem, entramos numa cumplicidade tamanha, que começamos a rir, sem saber exatamente por quê, como se ainda estivéssemos nos lembrando do último encontro, da última piada, do último caso.
Há aquelas que nos acalmam, pois são muito centradas,-emocionalmente adultas – e nos aconselham, nos ajudam a enxergar melhor as situações, e acabam nos confortando. Gente assim é que se enquadra na Vitamina Humana; que fazem-nos dispensar os remédios, ajudam-nos afastar nossas dores, superar as frustrações e decepções por meio da boa conversa, do entendimento, das risadas, do abraço caloroso.
Venho observando que, cada vez mais, me receito a companhia delas, já que a melhora é garantida. Mas há ainda o outro lado: já pensaram que coisa extraordinária se descobríssemos que também temos algumas qualidades e que, de alguma forma, somos Vitamina H para alguém?