“Senhor:
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que — para o bem contar e falar — o saiba pior que todos fazer.”
Assim começa a famosa “Carta de Pero Vaz de Caminha”, dando notícias ao rei de Portugal sobre a nova terra encontrada pelo comandante Pedro Álvares Cabral.
Pois eu, hoje, quero falar da triste descoberta do desembarque de um outro comandante – também Cabral: o capitão-mor da nau chamada “Saturnino”.
Para quem não conhece, trata-se do diretor da minha escola, Carlos Cabral, que abandonou nossa frota e inventou de navegar por outros mares. Em breve, estará assumindo a direção de outra escola. Muito triste, porque ele realmente é um comandante e sempre nos guiou com segurança.
Sua saída deixa um vazio enorme em nossos corredores, nosso pátio, em nossas reuniões. De postura firme, voz grossa e alta, cheio de atitude, nos passava segurança e nos dava autonomia em nossa maneira de trabalhar.
Não foi apenas um chefe; foi um amigo em todas as circunstâncias. Acompanhava cada um de nós nos momentos de alegria, em nossas conquistas e também em nossas dificuldades; nos períodos mais críticos, lá estava ele nos amparando.
“Nada é permanente; exceto a mudança”, disse o filósofo; mesmo assim, as mudanças me assustam e me tiram do prumo. Sei que alguém competente tomará o seu lugar e logo criaremos outro relacionamento de carinho e de respeito. Mas algumas pessoas ficam marcadas em nossas vidas para sempre. Assim será com nosso “Pedro Álvares CABRAL”, com quem criamos uma amizade sincera e um enorme bem querer.
Desejo a ele bons ventos e muita sabedoria para contornar as possíveis tempestades. Na época do Renascimento, por desconhecerem o mar, os portugueses acreditavam que nele habitavam monstros. Hoje já se sabe que o famoso Gigante Adamastor era parte do delírio dos navegantes. Por isso, nosso capitão-mor não tem o que temer!
A nós, que ficamos, além do vazio e da grande saudade que já se instala, resta-nos dizer... Adeus, comandante! Tomara que encontremos logo “terra à vista”!
Ps: Na próxima sexta-feira, 24, lanço meu primeiro livro infantil: “A família-mosaico de Caio e Luísa”, na Praça de Eventos do Shopping Center, às 17h. Será um enorme prazer contar com sua presença.