Todas as mães

20 de Agosto de 2025

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Todas as mães

 

 

 

Um grupo de mulheres tem feito a diferença na vida de uma amiga que está doente.  Separada do marido, dois filhos adultos (e já trabalhando), longe da mãe e da irmã, ela se viu sozinha. Mas isso foi por pouco tempo. Querida demais, logo suas amigas encontraram um jeito de ampará-la. Todas as manhãs, a pretexto de aprenderem com ela a fazer tapetes de crochê, elas vão visitá-la. Assim, preparam uma comidinha ou uma sopa; conversam, riem e oferecem o que têm de melhor dentro de si: amor e solidariedade.

            Essas amigas me fazem lembrar de um artigo do Dráuzio Varela, “Solidariedade feminina” (Folha de S. Paulo, 22/02/2014) o qual inicia dizendo que, se o leitor só tem filhos homens, deve torcer para morrer antes deles. Caso contrário, certamente acabará sozinho em uma cama de hospital.

            Com a autoridade de quem tem 40 anos de exercício da medicina, testemunha que em um leito de hospital, com raríssimas exceções, o que se vê sempre é uma mulher acompanhando um doente. É a mãe, a esposa, a filha, a vó, a nora ou simplesmente uma amiga. Os homens, diz ele, limitam-se a fazer uma visitinha de 15 minutos na hora do almoço e logo voltam ao trabalho.

 O articulista se diz obrigado a concluir que nesse aspecto, as mulheres são mais evoluídas que os homens. Entretanto, não as poupa da parcela de culpa nessa questão, pois esse comportamento se define a partir da educação diferenciada que as mães dão aos seus filhos. As meninas cuidam dos “filhinhos” – bonecas – oferecem remédios, trocam a fraldinha, dão banho, cuidam do irmãozinho mais novo. Já os garotos são poupados porque as mães acreditam que assistir ao sofrimento humano é muito duro para seus “pimpolhos”. Assim expõem as meninas às vicissitudes da vida mais cedo e desenvolvem nelas esse instinto maternal do cuidar.

Agora que se aproxima o dia das mães, quero homenagear por meio dessa turma de amigas - capaz de um gesto tão nobre – todas as outras mulheres a que se refere Dráuzio Varela; todas que, independentemente de serem mães, deixam seus afazeres de lado e cuidam de outras pessoas.

Que o exemplo delas se multiplique para que na velhice ou na doença, nós tenhamos a garantia de que não estaremos sozinhos em um leito de hospital. Como diz o Padre Fábio de Mello, em um belíssimo vídeo, que nesse momento “haja alguém para nos colocar ao sol, mas sobretudo... que haja alguém para nos tirar do sol”. Assim espero.

Um beijo especial para a minha mãe.