Crônica
Vem zumbar
Eliana Jacob Almeida
Comecei a fazer aulas de zumba. Para quem não sabe, zumba é uma dança bem movimentada, com exercícios aeróbicos. A treinadora física fica lá na frente mandando a coreografia, e a gente, atrás, tenta seguir seus comandos.
Não é fácil, não. A música é sempre acelerada e a professora, mais ainda. Ficam umas trinta mulheres pulando, dançando e suando sem parar. Como estou no começo, fico na última fileira, bem no fundo mesmo. Minhas pernas ainda não obedecem aos meus comandos: quando todo mundo vai para direita, eu ainda estou indo para esquerda; se é para levantar os braços, quando levanto os meus, já é hora de abaixar. Só acerto na hora das palmas.
Entre uma música e outra, há um breve intervalo – que me salva! É quando a gente corre beber água e pegar a toalhinha para enxugar um pouco do suor. E a música recomeça. É 1, 2, 3 e volta e repete, vai de novo: é 1, é 2, é 3 e vai, vira, do outro lado agora! Sem muito sucesso, vou tentando acompanhar. Se acerto os movimentos dos pés, não coordeno os braços; se acerto o dos braços, me perco no dos pés. Aí começa a música do “Bombeiro”, do Munhoz e Mariano, e vamos apagar o fogo. Sim, nessas alturas, minha temperatura já está lá em cima.
Penso em desistir...isso não é mais para mim, mas olho em volta e vejo mulheres – não muitas – da minha idade fazendo bonito e, então, me animo, e vamos mais uma. Olho para o relógio; ainda falta meia hora. Meu Deus, será que vou dar conta disso?
A professora é uma menina - muito graciosa, dança com leveza, sorri como quem está se divertindo muito. Linda! Me animo de novo...um dia vou dançar como ela. Começa uma música da Claudinha Leite. Vamos lá! E 1, e 2, e 3...e vira, e volta, repete! E pula pra frente... pra trás... de novo!
Nesse momento esqueço o mundo lá fora: os problemas, as preocupações, as contas para pagar, os aborrecimentos definitivamente não entram. Vale como um anestésico para mim e esse é o meu maior ganho.
O cansaço vai chegando; meu desempenho vai caindo. Para piorar, chega o pessoal do próximo horário e se senta no sofá bem atrás de mim. Aí não tem jeito...travo total. Sabe quando a gente vai estacionar em frente de uma loja e os vendedores ficam assistindo sua baliza? Sinto que estou sendo “filmada” e aí, sim, minhas pernas se atrapalham, os braços... nem levanto mais.
A última música começa. Respiro aliviada; é mais calma, com uma coreografia que qualquer uma dá conta de fazer. Fico feliz, essa eu consigo acompanhar. O suor escorre pela testa, pelas costas, no pescoço. Olho no espelho, estou muito vermelha. Agradeço a Deus pela minha saúde. As colegas se despedem.
Num dia desses, vi uma piadinha no whatsApp: um rapaz jovem e bonito, pergunta para uma freira, em uma festa: “Quer dançar?” Ela, toda animada com o convite, responde: “Quero!” E ele: “Então vai, que eu vou sentar na sua cadeira”.
Hoje tem aula de novo. Se alguém se sentar no sofá atrás de mim, já sabem o que eu vou falar, né?