O Facebook tem dessas coisas…Olhando o feed de notícias, encontrei na página de uma amiga o vídeo de uma menina de 7 anos chamada Angelina Jordan. Ela soma Amy Winehouse com Frank Sinatra num show de arrepiar. Com a voz parecida com a da cantora, interpreta “Fly me to Moon” daquele que foi chamado de “a Voz”, acompanhada apenas pelo som de um violão.
Já perdi a conta do número de vezes que assisti à apresentação singela da menina que não faz a menor força para soltar aquele vozeirão. Canta descalça, batendo o pezinho, tranquila como quem está balançando em uma rede, com uma espontaneidade que só as crianças têm.
Fiquei pensando por que esse vídeo me encantou tanto.
Estamos vivendo um momento difícil, o perigo nos ronda por todos os lados. É o aquecimento global trazendo surpresas que afetam cantos diferentes do planeta - mudança de clima e desastres terríveis; a crise hídrica nos assombra com a escassez d’água – teremos que aprender a viver dentro de um novo contexto; o Estado Islâmico provocando o terror com suas barbáries, aliciando jovens para o mundo do crime. As drogas rondam as casas, destruindo famílias, que lutam contra um inimigo às vezes muito mais próximo do que se imagina.
Em termos sociais, um momento político que instaura conflitos entre eleitores de partidos diferentes. São cobranças, alfinetadas, grosserias...amigos se insultam por conta de políticos que amanhã estarão juntos, no mesmo palanque.
A intolerância religiosa e sexual gerando violência; torcida de times que se enfrentam; alunos depredando escolas e, todos os dias, contas para pagar - contas que sobem sempre e nosso salário, que não sobe nunca. As pessoas se esforçam para comprar um carro, depois não conseguem pagar IPVA, seguro e o combustível; lutam para colocar ar condicionado em sua casa, depois não podem usá-lo porque não conseguem pagar a conta da luz.
E as doenças, que chegam sem aviso? E os acidentes, sem data marcada?
Para todo lado, muitos problemas. Isso tudo me assusta e me faz lembrar da surrada frase: “Para o mundo que quero descer”.
Quando meu pai morreu, minha filha tinha 3 anos. Apaixonada por ele, logo me perguntou se aqui havia Super-Homem. Eu disse que não... e ela emendou: “Se tivesse, eu ia pedir para ele dar uma voltinha comigo lá no céu para eu ver meu avô”.
Agora sinto algo parecido. Essa menininha me fez um convite e eu aceitei. Como diz a música: “Leve-me para a lua e / me deixe brincar entre as estrelas / Deixe-me ver como é a primavera / Em Júpiter e Marte / Em outras palavras, segure minha mão / Em outras palavras, amor / me beije (...)”.
Por um momento, deixei os problemas aqui embaixo - os perigos, os medos, as ameaças, e, de mãos dadas com Angelina, fui me encontrar com Amy e Sinatra. Foi só um instante, mas valeu pelo encantamento.