Nas revistas, nos jornais, na internet podemos encontrar aos montes as famosas receitas detox. São sucos verdes, com uma variedade enorme de frutas, legumes e hortaliças que prometem eliminar as toxinas do organismo, emagrecer, acelerar o metabolismo, desinchar, enfim, trazer muitos benefícios à saúde. E as receitas não ficam só nos sucos; são comidas, sopas, até o detox capilar, com argila ou abacate que promete hidratar os cabelos e limpar o couro cabeludo.
Mas fico pensando... todas as receitas se referem ao físico, e quanto à mente? Será que não precisamos de um detox de comportamento para dar uma aliviada no dia a dia? Entrei no Facebook ontem e vi um post de um amigo, que me chamou a atenção. Dizia: “Passe 24 horas sem reclamar e veja como a vida começa a mudar”. Na hora gritei: “Isso, sim, é receita detox!”
Tem coisa mais chata do que conviver com pessoas que reclamam? Tem gente que reclama do calor, da chuva, das contas, do trânsito, da comida, do cachorro. Outras – ou as mesmas – reclamam da vizinha, da sogra, do chefe, da funcionária, do emprego, da internet...
De vez em quando é bom assistir a um telejornal para tomar pé da realidade. É guerra para todo lado, nevasca nos EUA, o Estado Islâmico decapitando estrangeiros, a situação das penitenciárias, os menores entrando no crime organizado, a liberdade de expressão expondo tanta gente à morte, a falta d’água em São Paulo e as enchentes em outros estados... É só desgraça!
Vamos celebrar a vida, agradecer as bênçãos, parar de sofrer com o que não está ao nosso alcance. As pessoas não vão mudar para nos satisfazer; a gente é que tem que mudar – nem que seja de endereço, de marido, de emprego, de cidade.
Não podemos nos irritar com algo que acontece todos os dias; as propagandas de tv que falam preço de tudo são horríveis, mas tem jeito? E o horário eleitoral? Arrume algo para fazer nessas situações, vá lavar uma louça, ligar para mãe ou para uma amiga. Trânsito caótico? Ouça uma música. Fila de mercado? Converse com alguém, troque uma ideia.
Estou falando isso porque me lembro sempre daquela máxima filosófica: “A vida é muito curta para ser pequena”. É isso, não apequenar nossa existência com fatos miúdos que nos aborreçam; vamos desintoxicar a alma e sofrer menos.
É claro que há situações em que isso é inevitável, situações que nos chateiam e com razão...não tem como não reclamar. Outro dia fui a um banco pegar meu novo cartão e precisei de uma senha. O funcionário, um senhor muito simpático - quase careca, com os poucos fios bem grisalhos – olhou para mim e perguntou se eu já tinha 60 anos... Sem comentários!