As boas cenas de novelas e de filmes me emocionam desde sempre; propagandas, idem, mesmo que eu as assista três vezes ao dia.
Às vésperas de Natal, parece que os publicitários capricham mais e colocam a emoção como ingrediente principal de seus trabalhos. Depois de um ano de luta, já com a bateria nos últimos 10%, nossa fragilidade emocional toma conta.
Uma campanha que tem me chamado a atenção é a de um fabricante de cosméticos, em que uma menininha conversa com a irmã – ainda bebê – no carrinho. Como irmã mais velha, sente-se na obrigação de explicar como se dá o parentesco entre elas: “Nós temos a mesma mãe, mas pais diferentes, o que faz da gente meia- irmãs. Mas será que existe meia tia, meio primo? Meio complicado. Ah...somos irmãs e pronto!”
Essa propaganda especialmente me toca porque retrata a nova família – talvez nem tão nova assim – feita de madrasta, padrasto, enteados, terceira vó, enfim, é a chamada “família mosaico”.
Já há algum tempo, as pessoas não se contentam em ser “meio” felizes e se dão uma chance de começam outra história; assim, constroem outra família. Nesse sentido, conseguem ser mais felizes e promover felicidade aos que os rodeiam aqueles que aceitam continuar fazendo parte da vida do outro, agora atuando em papéis diferentes dos anteriores.
No início, tropeçamos nos nomes: é irmão, é meio-irmão, neta postiça, filho do coração? Ex-marido, pai do meu filho, namorada do meu pai? O que conta de verdade o quanto amamos as pessoas de forma incondicional. Se isso acontece, tanto faz quem está coloquem, o amor é o mesmo.
O mais importante de tudo isso é ter em mente que os mais velhos devem ter a maturidade de preservar a saúde psicológica dos filhos, colocá-los em primeiro lugar e evitar conflitos desnecessários. Se há uma festa, que eles poupem os filhos de suas desavenças e promovam o bem-estar da criança. Só assim teremos chance de construirmos uma sociedade com pessoas mais ajustadas. É uma questão de inteligência; é investir no futuro.
Que nesse Natal, o espírito fraterno reine em todos os lares e que pensando no menino Jesus, consigamos realizar o sonho de todas as crianças, criando um clima de harmonia entre os familiares. Em formaturas, aniversários, casamentos e nas confraternizações de fim de ano que as pessoas se juntem desarmadas, de peito aberto, sem se preocuparem qual é o nome de seu parentesco naquele grupo. Que impere a sabedoria da menininha da propaganda: somos uma família e pronto!