A frase é do deputado federal Edinho Araújo (PMDB) que deve disputar em outubro sua 12ª eleição. Das 11 eleições que disputou ganhou 10. A única derrota foi na primeira eleição que disputou aos 22 anos para prefeito em Santa Fé do Sul, e considera esse um marco no seu aprendizado político. “Eu não estava preparado ainda, era jovem demais. Aprendi com a derrota e quatro anos mais tarde tornei-me prefeito de minha cidade natal, um sonho de infância”, costuma citar o deputado. De lá para cá foram três mandatos de deputado estadual (Constituinte paulista em 1989) e está no seu quarto mandato de federal. Foi ministro dos Portos em 2015 (janeiro/outubro). Nesse meio tempo, de 2001 a 2008, foi prefeito reeleito de Rio Preto, deixando o cargo com 72% de aprovação no Ibope (TV Tem). Desde sua primeira eleição, lá se vão 44 anos de vida pública e 67 de idade, agora em julho. Edinho foi a segunda criança a nascer em Santa Fé do Sul, em 30 de julho de 1949 (um ano após a fundação do povoado), filho dos pioneiros Dona Bela e Seo Emídio, agricultores e comerciantes. É com Edinho Araújo que o CIDADÃO conversou esta semana. Sua história política reta é exemplo para a classe política regional. Em meio a avalanche de denúncias de corrupção que varre o mundo político, o deputado reconhece que “é natural que o eleitor esteja mal humorado”, mas lembra que numa eleição municipal, o eleitor avalia o candidato e seus projetos. Aposta ainda que as redes sociais devem influir, e muito, na eleição.
Na experiência dos inúmeros mandatos outorgados pelo povo, como o sr. avalia o momento político nacional? É a prova de fogo para a democracia?
As instituições democráticas foram postas à prova com as inúmeras denúncias envolvendo empresários e políticos com a votação do impeachment da presidente Dilma, e mostraram que estão funcionando. De outro lado, o presidente interino Michel Temer, neste curto período de trabalho, já deu mostras do que poderá fazer pelo bem Brasil se tiver o apoio indispensável do Parlamento e as condições ideais de governabilidade.
Quais são as perspectivas sob a ótica de quem vive o ambiente em Brasília?
Sou um otimista. Confio sempre que o Brasil é maior que suas crises. Veja bem, a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional votaram matérias importantes para o País desde a chegada de Temer à presidência. No final de maio, o Congresso Nacional aprovou a revisão da meta fiscal para 2016, permitindo à equipe do presidente interino ajustar receitas e despesas, na busca da retomada de investimentos estratégicos.
Destaque também para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição – a PEC 4/15 -, que prorroga até 2023 a Desvinculação das Receitas da União – a DRU -, com vigência retroativa a 1º de janeiro de 2016 até o ano de 2023, e valendo também estados e municípios. Na última segunda-feira, a equipe do presidente Temer deu um passo decisivo para evitar a insolvência dos Estados, ao fechar um acordo prevendo a suspensão do pagamento das parcelas mensais da dívida com a União por seis meses.
Sabemos que Michel Temer é homem do diálogo. E este relacionamento estreito com o Parlamento tende a dar bons frutos, gerando a estabilidade que tanto almejamos para o Brasil. O diálogo estende-se à sociedade civil. Não houve um dia, desde que assumiu a interinidade, em que Michel Temer tenha deixado de discutir novos rumos para a política e a economia brasileiras.
É certa sua candidatura a prefeito de São José do Rio Preto?
Devo reconhecer que há um forte apelo popular e do meu partido, o PMDB, pela candidatura. É uma decisão difícil, há muitos aspectos envolvidos, inclusive o familiar. Vou tomar uma decisão nos primeiros dias de julho. Mas posso afiançar que o PMDB terá candidatura competitiva.
Acha que as eleições municipais podem ser contaminadas pelo ambiente político nacional?
Todos os fatores têm algum peso na decisão do eleitor, inclusive o cenário político e econômico nacional. Mas a eleição municipal tem o fator proximidade. As pessoas conhecem bem os candidatos e, geralmente, fazem uma avaliação levando em conta as propostas de cada um. Numa eleição municipal pesam bons projetos para solucionar problemas que afetam de perto o eleitor. Por isso o PMDB de São José do Rio Preto abriu um amplo debate com a comunidade para fechar um programa de governo com o máximo possível de participação e de apoio popular, ouvindo entidades e cidadãos. Fizemos isso antes mesmo de definir candidatura e alianças. Queremos que as decisões sejam sempre tomadas com base em propostas para melhorar a cidade.
Fala-se que a eleições municipais serão um laboratório para se testar o humor do eleitor. Acredita nisso?
É natural que o eleitor esteja mal humorado. Basta ele ligar a TV e sintonizar o noticiário para aumentar a irritação. Predominam notícias sobre desvio de verbas públicas e o eleitor do sofá não se conforma em ver seu suado dinheiro de impostos indo para o bolso dos corruptos. Creio que o eleitor irá procurar, como nunca, avaliar a capacidade do candidato de ser um contraponto a essa situação insustentável.
As redes sociais ativas poderão influenciar nas eleições?
Creio que sim. Os brasileiros estão entre as nações mais conectadas do mundo e a eleição é um tema que irá polarizar as atenções, apesar da campanha mais curta este ano. As redes sociais são hoje a maior ferramenta de interação que conhecemos e por meio delas o candidato precisa fazer chegar sua mensagem ao eleitor.
Quais as perspectivas do PMDB na região nas eleições municipais?
O PMDB está se fortalecendo no Brasil e no Estado de São Paulo. Pra se ter uma ideia, em 2010 fui o único deputado federal eleito pelo partido em São Paulo. Quatro anos mais tarde, elegemos dois. Falamos de um partido que elegia a ampla maioria dos 70 deputados federais paulistas. Com a direção firme do presidente Michel Temer o PMDB disputará com grandes chances de vitória nos principais colégios eleitorais do País, inclusive na nossa região.
O PMDB chegou ao poder em Fernandópolis com Newton Camargo por duas vezes e agora está com a pré-candidatura de Ricardo Franco de Almeida, que era o homem de confiança de Camargo. É o momento da volta do PMDB ao governo em Fernandópolis?
É um momento especial do partido e do Ricardo. Conheci o Ricardo ainda na década de oitenta, por meio do Newton Camargo. Eu era amigo de seu pai. É uma pessoa que se preparou muito e tem experiência política para ocupar esse cargo tão importante, para colocar Fernandópolis em uma posição de vanguarda na região. Temos aí um PMDB bem organizado e atuante e com o engajamento do empresário Fabrício Coelho Falquette faremos uma campanha vencedora. O Ricardo tem o apoio dos deputados da região nessa caminhada e o PMDB tem grandes chances, sim, de voltar ao poder.
Estamos em meio a uma crise que envolve o hospital do Câncer, o governo do Estado e o Ministério da Saúde (SUS) e como consequência, poderemos ter o fechamento da Unidade de Prevenção de Fernandópolis. O senhor esteve no governo do Estado, qual a chance dessa crise terminar sem consequências para a população?
Tivemos um fato novo esta semana, que é a disposição do governo e São Paulo de entregar a unidade à administração do Lar São Francisco de Assis. Tenho mantido contatos com a direção do HC e as autoridades estaduais e federais para saber como ajudar. O importante, neste momento, é evitar a qualquer custo o fechamento da unidade de prevenção de Fernandópolis. Estamos trabalhando pela agilização dos credenciamentos junto ao SUS para garantir verbas. O Hospital de Câncer é referência nacional e mereceu, nos últimos seis anos, todo meu apoio na destinação de emendas parlamentares individuais e de bancada. O acirramento da crise não interessa a ninguém e só prejudica a quem luta contra o câncer.
O senhor postou vídeo de encontro com Michel Temer mostrando sua proximidade com o presidente. O que podemos esperar desse novo governo, em especial sobre demandas regionais antigas?
Tenho pelo presidente Michel Temer amizade pessoal e uma admiração pelo seu extenso currículo na vida pública, sua retidão e disposição permanente em ajudar as boas causas. Pedi que ele, entre tantas demandas nacionais, priorize as obras na BR-153, conhecida como rodovia da morte, e abra as portas pra que instituições de saúde que atendem pelo SUS na nossa região recebam mais verbas nestes tempos de vacas magras. Ele encaminhou as demandas aos ministérios e estou confiante de que o presidente interino ajudará, e muito, a nossa região.
O senhor lutou contra a ditadura e em meio a crise política avassaladora há algum risco de retrocesso democrático?
Temos uma democracia muito jovem, posta à prova. Felizmente nossas instituições estão funcionando e os apelos extremistas de alguns, saudosos do regime de exceção, não encontram eco na sociedade. Temos ainda pela frente a votação final do impeachment, como mais um teste importante. Espero que tudo se resolva com respeito à Constituição e ao amplo direito de defesa. Espero que o interino Michel Temer seja efetivado e coloque sua experiência e conhecimento em favor da população. O Brasil não pode esperar mais. Os milhões de desempregados têm urgência em se recolocar. E isso só será possível com a retomada do crescimento econômico, criando um ambiente político e econômico mais seguro, para atrairmos novos investimentos. Sabemos que há muito que fazer. No ditado popular, o presidente Temer terá de matar um leão por dia para nos conduzir a dias melhores, com mais estabilidade, emprego, renda, e, sobretudo, mais esperança.