Fernandópolis já tem mais carros do que eleitores

20 de Agosto de 2025

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Fernandópolis já tem mais carros do que eleitores

Depois das 8 horas da manhã, encontrar uma vaga para estacionar a moto em um dos bolsões na área central da cidade é tão difícil quanto para o dono de um carro obter uma vaga. A explicação está no crescimento da frota de veículos em Fernandópolis. De acordo com números do Detran/SP, a frota de motos na cidade cresceu 384,3% de 1997 a 2016. No mesmo período a frota de automóveis aumentou 125,2%.

Os números fornecidos pelo Detran/SP – Departamento Estadual de Trânsito, tem como base a frota registrada em Fernandópolis e não à frota circulante. Em 1997, ano a partir do qual o órgão dispõe de dados, o total de veículos na cidade, entre motos, automóveis, caminhões, ônibus, entre outros, era de 20.553 veículos. A frota de moto, na época, representava menos de um quinto da frota total de veículos (veja o quadro).

A partir de 2007, quando o governo ampliou a linha de financiamento e incentivou o consumo houve uma explosão da frota de motos na cidade. De 9.908 motos em 2007 a frota pulou para 17.067 registradas em março deste ano pelo Detran, crescimento de 72,2%. Quando comparada à frota de 1997, o crescimento no registro de motos é astronômico: 384,3%. No mesmo período (97 a 2016) a frota de automóveis saltou de 12.360 para 27.846, crescimento de 125,2%. 

Só para se ter uma ideia desse crescimento explosivo de máquinas no trânsito, a população de Fernandópolis, entre 1996 e 2015, conforme dados do IBGE, cresceu apenas 15,6% passando de 58.893 para 68.120 habitantes. Pode-se dizer que em Fernandópolis tem um veículo para cada grupo de 1,3 habitantes. Se continuar crescendo nessa proporção, em poucos anos a cidade terá mais carros que habitantes.

Hoje, por exemplo, Fernandópolis já tem mais veículos que eleitores. A frota registrada até março deste ano, segundo o Detran é de 55.004 veículos, enquanto o número de eleitores atingiu em abril o total de 50,5 mil.

MALHA VIÁRIA

NÃO ACOMPANHOU

A malha viária de Fernandópolis pouco recebeu de investimento para receber essa avalanche de veículos em tão pouco tempo. Nos últimos anos é que a cidade começou a investir em equipamentos para melhorar a segurança no trânsito, eliminando conversões, implantando rotatórias e ampliando a rede de semáforos.

Apesar da ampliação, há muitas reclamações com relação a vagas para estacionamentos de automóveis e motos no centro.

Com as mudanças frequentes na Secretaria de Trânsito este ano (três no total) a prefeitura não conseguiu, por exemplo, informar o total de vagas disponibilizadas para as motos, nem quantos bolsões existem na área central da cidade.

De acordo com especialistas, a moto por ser um veículo de menor custo e de fácil locomoção e estacionamento acabou atraindo uma classe que não tinha ainda condições de sonhar com um automóvel.  Essa tendência torna o trânsito de Fernandópolis mais arriscado. A cidade tem uma média de 40 casos registrados pela Polícia como lesão corporal por acidente de trânsito, a maior parte envolvendo motociclistas. Mas, também o Samu que atende esses casos, por problemas técnicos, não conseguiu informar quantos desses casos envolvem acidentes com motos.

A secretária Joice Tassino obteve habilitação em 2015 para moto e carro, mas optou pela motoneta pela facilidade de locomoção. Ela diz que o grande problema que enfrenta é a falta de educação no trânsito e aponta que o motorista não tem hábito de usar a seta para orientar as manobras. Além disso, é muito comum motoristas distraídos com celulares. “A gente passa por muitos apuros”, diz Joice que também reclama de motoqueiros que abusam no trânsito. Ela, e a maioria dos que usam a moto para trabalho, reclamam da falta de vaga nos bolsões. “Tem que chegar cedo para estacionar. Muita gente não gosta de deixar a moto muito longe pelo risco de furto”, aponta Joice.