Saúde com alerta ligado

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Saúde com alerta ligado

Epidemia de dengue, aumento de casos da gripe suína (H1N1), inclusive com registro de uma morte, e as ameaças da zika vírus e da chikungunya. Este é o cenário da saúde pública em Fernandópolis, comprometida também pela avassaladora crise econômica que reduziu as receitas do município, que a secretaria Municipal de Saúde, Ligia Barreto está tendo que administrar. Nesta entrevista ao CIDADÃO, ela faz um relato completo da situação, convoca a população a fazer sua parte e diz que a ordem é todos estarem com o sinal de alerta ligado. “Todos precisam ter atenção aos sinais e sintomas e aos cuidados com pacientes, impondo celeridade às notificações para realização de medidas preventivas em tempo oportuno”, aponta. Ela prefere não apontar uma doença mais grave. “Considero as três doenças preocupantes e perigosas, cada uma com seus sintomas, inclusive levando a óbito”. Em meio a essa situação alarmante, Ligia ainda está preparando mais três unidades de saúde para iniciar atendimento à população, incluindo a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que ficará com as emergências de baixa complexidade.

A senhora acumula experiência no comando da Saúde Municipal em dois períodos. Pode-se dizer que esse é o momento mais critico com o avanço da dengue, da Influenza A/H1N1 gripe suína e a ameaça do zika vírus e da chikungunya?

Com toda certeza, transmissão de todas essas doenças aumentaram muito em todo o país, apesar de todas as divulgações realizadas pela mídia e ações desenvolvidas pelas equipes de saúde.

Diante de tantas ameaças, o que mudou no protocolo de atendimento nas Unidades de Saúde do Município?

Os protocolos não mudaram, mas a atenção aos sinais e sintomas e aos cuidados com os pacientes se intensificaram, impondo celeridade às notificações para realização das medidas preventivas em tempo oportuno.

Na sua visão, por que não se consegue controlar a dengue após tantos anos e tantas epidemias? Acha que a população já se acostumou com a doença?

A população acaba se descuidando quanto às medidas necessárias de prevenção de não deixar recipientes que acumulam água em sua residência. E ainda observamos pessoas que descartam na rua objetos que acumulam água, como copos descartáveis, garrafas, pneus, latinhas, e muitos ainda jogam pela janela dos carros. É uma questão de conscientização de cada um. Informações são divulgadas diariamente, o que falta mesmo é o empenho do cidadão em agir. Penso também que o crescimento populacional proporciona esse tipo de situação.

A volta da Influenza A/H1N1 gripe suína, em período atípico, é motivo para alarmes? O que fazer?

A influenza ocorre durante todo o ano, mas é mais frequente no outono e no inverno, quando as temperaturas caem. A Influenza A/H1N1 em qualquer período é preocupante, e todos têm que realmente ficar atentos aos sinais e sintomas, procurar uma Unidade de Saúde mais próxima de sua residência para que as medidas preventivas de tratamento sejam aplicadas imediatamente. A população deve adotar medidas simples de higiene tais como: Cobrir sempre o nariz e a boca quando espirrar ou tossir com lenços descartáveis – lavar as mãos com frequência com água e sabão porque você pode ter tocado uma superfície que contenha saliva de uma pessoa infectada e ao levar as mãos à boca ou olhos pode se infectar – sempre que possível evite aglomerações ou locais pouco arejados – mantenha uma boa alimentação e hábitos saudáveis e a sua residência e/ou ambiente de trabalho bem arejado.

Sintomas: São sintomas semelhantes aos da gripe comum- febre alta e tosse, mas em alguns casos também podem aparecer: dor de cabeça e no corpo, dor de garganta, falta de ar, cansaço, diarreia e vômitos. Transmissão: É transmitida de pessoa para pessoa, especialmente, por meio de tosse ou espirro.

Infelizmente, estamos com 12 registros da doença no município, tendo um deles chegado a óbito. Por isso, estamos intensificando as orientações sobre prevenção e riscos de várias formas. Uma delas é a realização de palestras em escolas (redes municipal, estadual e particular), Hotéis e outros locais de grande fluxo de pessoas. Também fizemos uma reunião com enfermeiros e médicos do município e estamos confeccionando panfletos informativos para distribuição. A Campanha de Vacinação será realizada em Fernandópolis a partir de 30 de Abril. Lembrando que ela é disponibilizada pelo Ministério da Saúde e o público-alvo é formado por crianças de seis meses 4 anos e 11 meses; pessoas com 60 anos ou mais; trabalhadores da saúde; gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto). Algumas cidades da região receberão vacinas extras através da Secretaria Estadual de Saúde, porém, segundo a GVE de Jales, ao qual somos vinculados, são apenas para os municípios que não atingiram a meta na Campanha do ano passado, não é o caso de Fernandópolis que superou a meta atingindo quase 90% do público alvo.

Com o zika vírus, veio à tona a epidemia de microcefalia no Brasil. Algum registro na cidade? A Saúde está acompanhando as gestantes de olho nesta ameaça?

Até o momento ainda não temos nenhum caso de zika vírus e as gestantes estão orientadas a qualquer sinal e sintoma para procurar o médico da Unidade de Saúde onde realiza o Pré Natal. Estamos muito preocupados sim, pois a situação é grave e os profissionais da saúde que realizam as visitas casa a casa ainda encontram muitas larvas no perímetro de suas residências.

De todas as ameaças, qual a senhora coloca como mais grave e que exige atenção de população?

Considero as três doenças preocupantes e perigosas, cada uma com seus sintomas, inclusive levando a óbito. É preciso que a população entenda que a prevenção é a solução, para uma melhor qualidade de vida.

O envolvimento das igrejas na campanha e mutirões deve ajudar no controle dessas doenças?

Neste mês realizamos reuniões com diversas instituições, empresas, igrejas, clubes de serviços e outros setores, que estão nos ajudando e apoiando na realização de uma força tarefa, inclusive por solicitação da Defesa Civil do Estado através de voluntários e funcionários, na realização do Mutirão do último sábado (19/03). Na ocasião, foram intensificados os trabalhos nos bairros: Albino Mininel, Caic, Santa Filomena, São Judas Tadeu, Planalto, Corinto, Mário Benez, Coester, São Bernardo, Brasilândia, Paulista, Centro, Guanabara e Higienópolis, com visita casa à casa e retirada de recipientes que acumulam água. Com certeza, isso fará a diferença no combate ao Aedes Aegypti, pois a própria população se mobilizou na eliminação das larvas. No mesmo sábado, 134 representantes da Secretaria de Saúde fizeram o mesmo trabalho em outra região da cidade que compreende os bairros próximos ao Universitário. Essa é uma ação que faz parte de um cronograma de nove sábados, nos meses de março e abril, onde os agentes de Saúde fazem esse trabalho das 7h às 16h, com incentivo de recursos de custeio do Governo do Estado. Essa ação irá atingir 100% das residências do município.

A crise econômica tem afetado as finanças municipais e isso acaba refletindo também na Saúde. Como está sendo gerir a saúde com tantas ameaças e com menos recursos?

A situação é muito difícil, mas a Sra. Prefeita tem nos apoiado dando prioridade à Saúde. A crise realmente é grande e as dificuldades têm atingido todos os municípios. Além disso, todos os produtos utilizados pela saúde aumentaram de valor, e isso dificulta manter todas as demandas. Desta forma, estamos priorizando o que é obrigação e responsabilidade do município no fornecimento das ações e atendimentos voltados à atenção básica e vigilância em saúde conforme pactuado com a Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde.

A cidade aguarda o funcionamento de novas unidades de Saúde e do UPA. O que essas unidades vão acrescentar no atendimento da população?

Tenho certeza que a qualidade de saúde no nosso município aumentará ainda mais, considerando que atualmente já melhoramos muito, pois contratamos mais médicos, equipe de enfermagem, equipe da bucal, farmacêuticas, bioquímicos, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros profissionais que com certeza levarão todo o seu conhecimento em benefício da população. Apesar das dificuldades financeiras realizamos o Concurso Público que proporcionará um melhor desenvolvimento a saúde do município, principalmente após a implantação de 100% de Unidades de Saúde com Estratégia de Saúde da Família, que falta pouco, apenas a inauguração de duas Unidades Novas, que apesar das dificuldades estamos conseguindo, já equipamos a Unidade no Bairro Rosa Amarela e estamos fazendo o cadastramento das famílias para dar início ao atendimento, falta equipar a Unidade do Bairro Rio Grande (atrás do estádio) e convocar a equipe, quanto a UPA, estamos realizando as licitações para aquisição de equipamentos e mobiliário e também está faltando a construtora finalizar alguns itens e nos entregar a obra para podermos inaugurá-la.

O município está preparado para gerir o UPA que assumirá o serviço de pronto-socorro hoje com a Santa Casa? Como será essa mudança?

O município já realizou o pregão de contratação dos médicos e o concurso público dos demais funcionários que comporão a equipe, acreditamos que nesses tempos de crise nada será fácil, mas nada que não possamos superar com perseverança em prol de uma saúde melhor, e adequada ao que é pactuado enquanto Rede de Urgência do nosso município. A UPA atenderá todas as Urgências Básicas, as Urgências e Emergências de média e alta complexidade continuarão sob a responsabilidade da Santa Casa as quais serão reguladas pelo SAMU.

Qual mensagem a senhora deixa a população?

A mensagem que deixo é a de que a prevenção é a solução, e que no caso de todas essas doenças atitudes muito simples, podem salvar vidas. Informe-se, faça sua parte, ajude o Agente de Saúde facilitando a entrada em sua casa e não deixando recipientes que acumulem água nos quintais.