O empresário Carlos Barboza da Silva, 54, trabalha desde os 10 anos no ramo de farmácia. Hoje ele administra uma rede com três drogarias em Fernandópolis, a terceira recentemente inaugurada na principal avenida da cidade, a Expedicionários Brasileiros. Investir em plena crise econômica, onde o empresariado anda cortando na carne, revela ousadia e uma crença na cidade. Questionado, Carlão, como é conhecido, é objetivo: “Confio na cidade”. E é sobre Fernandópolis, que ele dedica boa parte nessa entrevista ao CIDADÃO, afirmando, por exemplo, que a cidade está atrasada no desenvolvimento industrial há pelo menos 40 anos, porque não fez a lição que outras cidades fizeram: dar incentivos, doar terrenos e, principalmente, sair a campo buscando as grandes indústrias. E cita exemplos que deram certo, por exemplo, Valentim Gentil. Apaixonado pela cidade e pelo Fefecê, o empresário diz que a situação atual do time decorre de um caminho errado, falta de planejamento e de um parceiro que invista fortemente no clube. “Caso contrário o time irá sofrer muito, pois o apoio ao time de uma cidade que não tem grandes indústrias fica complicado”.
Em meio à crise econômica o senhor deu demonstrações de ousadia ao inaugurar mais uma filial da DrogaSilva. O que levou a ampliar sua rede de farmácias, hoje com três unidades em Fernandópolis, mesmo com a chegada de grandes redes?
Primeiramente dizer que confio muito na cidade, nos nossos colaboradores e na minha equipe de administradores. Apesar da grave crise econômica pela qual passamos, achei que era o momento certo, visto que temos profissionais competentes, experiência, o nome DrogaSilva de plena confiança e um local amplo para atendimento com estacionamento para motos e 8 carros. O estilo da DrogaSilva é dar descontos em todos os medicamentos, perfumarias e manipulações. E respondendo a pergunta, digo-lhe que as grandes redes não fazem competição conosco, pois o estilo deles é um tanto enganoso, dando desconto alto em alguns itens e nenhum desconto em outros. Além disso, a prestação de serviço que a DrogaSilva faz (inalações, aplicações, e entrega a domicilio...) é toda gratuita aos clientes, já as grandes redes não prestam serviços de tipo algum.
Desde quando está no ramo de farmácias? O que mudou no segmento nos últimos anos?
Estou no ramo de farmácia desde a adolescência, com 10 anos já ajudava meus pais e continuo trabalhando até hoje com o maior prazer. A mudança foi principalmente no estilo das lojas, incluindo a computação, o visual e imprimindo um atendimento mais rápido. A DrogaSilva modernizou suas lojas, mas nunca deixou de lado o carinho e educação com seus clientes, oferecendo um atendimento personalizado e de confiança.
No dia 15 de março, é o Dia do Consumidor. Como é relação com o novo consumidor, esse que está conectado com o mundo pela internet?
Nosso relacionamento com o cliente é sempre voltado a satisfazer exatamente as necessidades dele. Temos grandes promoções e grandes descontos o ano todo, não só na semana do consumidor. No caso específico de farmácias e drogarias, a internet ainda não é muito usada, justamente porque tem que ler o receituário com responsabilidade, escrever e explicar o modo de usar dos medicamentos, contar com as orientações de nossos competentes farmacêuticos e a necessidade de ter receituário para comprar medicamentos controlados e antibióticos. Vale ressaltar que o ramo de farmácias e drogarias precisa de muita confiança nos seus profissionais, por isso a internet é pouco utilizada.
E com o antigo consumidor, aquele que prefere uma relação de confiança com o farmacêutico?
Priorizamos o carinho e a educação com os clientes mais antigos, e atuais também, os quais exigem um atendimento mais personalizado e acolhedor.
Com tanta informação na internet, a automedicação ainda é um problema?
Acho que o maior problema na automedicação é justamente a internet. Se esta não for usada com responsabilidade torna-se um grande problema, pois o indivíduo tem todas as informações e pensa que pode tudo, sendo que para a área de medicamentos o correto é após ir ao médico, trazer a receita ao farmacêutico, o qual fornecerá para o usuário os medicamentos prescritos, ou conversar com nossos farmacêuticos que farão a devida orientação.
Como fernandopolense, que investe na cidade, o que falta à cidade para deslanchar de vez?
O que falta hoje para Fernandópolis é o que já falta há mais o menos 40 anos na política municipal: o incentivo fiscal, incentivo físico (doação de terreno) e, principalmente, sair a campo buscando as grandes indústrias. Cidades bem menores que Fernandópolis têm muitas indústrias porque vêm fazendo isso desde há muitos anos. Exemplos: Aparecida do Taboado, Valentim Gentil, Mirassol, Votuporanga, etc.
O que espera dos políticos nas eleições deste ano?
Primeiramente digo que a política não é feita com siglas de partidos, mas sim com pessoas honestas e capacitadas que entram em um mandato pensando em fazer o melhor. Além disso, o candidato tem que ter uma visão coletiva em diversos âmbitos, até mesmo abdicando certas vezes de sua vida pessoal em função do bem da população. Então é isso que espero dos políticos.
O que seria prioritário para a próxima gestão na sua visão?
Bom, as prioridades todo mundo já sabe, até mesmo os pequeninos, são elas: saúde, educação, segurança, infraestrutura, saneamento básico e lazer. Então espero que o futuro(a) prefeito(a) pense nisso e faça o máximo possível. Todas as prefeituras tem dívidas e dificuldades relacionadas a responsabilidade fiscal, mas a vontade de fazer as coisas darem certo, trabalho árduo e uma equipe de confiança são os diferenciais de um bom prefeito. Muitos políticos só reclamam de dívidas e todos que entram já sabem da situação financeira anterior, então não deveriam nem se candidatar.
É torcedor e patrocinador do Fefecê. No ano passado, o time subiu e este ano não consegue desenvolver uma campanha para se manter na A-3. Como avalia o quadro atual? Acredita no milagre?
Sou patrocinador, torcedor e fanático pelo Fefecê. Explanando um pouco sobre o time primeiro digo que, dentro do contexto de exercer o mandato de presidente do Fefecê, é um heroísmo. Isso porque o presidente deve abdicar-se de muito tempo de seus negócios sem ganhar nenhum centavo, além disso, sei que muitos ainda colocam dinheiro do próprio bolso. Sobre esse ano, penso que o time começou em um caminho errado. Toda a diretoria e muitos que ajudaram o time no ano passado saíram por vários motivos e isso atrapalhou bastante havendo até mesmo dúvidas sobre quem seria o presidente do time. O elenco do ano passado, que praticamente foi desfeito, era muito superior ao atual. Deveria ter sido feito um planejamento, para que os jogadores que saíram fossem repostos por outros a altura. Além disso, com a contratação de mais ou menos quatro reforços de peso, com certeza o time não deixaria a desejar. Penso que para o sucesso dos times de futebol das séries B, A3, e A2 é necessário um parceiro que invista fortemente ou outro clube fornecendo jogadores. Caso contrário o time irá sofrer muito, pois o apoio ao time de uma cidade que não tem grandes indústrias fica complicado.