A saída de Rodrigo Ortunho, 35 anos, da secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável movimentou os meios políticos e fomentou o debate em torno das eleições de outubro. Com pretensões políticas, Ortunho vinha se destacando no Desenvolvimento e já se preparava para concluir o projeto de implantação do Distrito Industrial VI.
A saída de Rodrigo Ortunho ocorreu em meio à tentativa da prefeita Ana Bim de trazer de volta ao Executivo o ex-secretário de Planejamento, Edson Damasceno. Em entrevista ao CIDADÃO, Ortunho contou que foi chamado ao gabinete pela prefeita Ana Bim. “Ela disse que precisava do meu apoio. Eu me prontifiquei e disse que podia contar comigo”, afirmou.
A prefeita revelou a ele que precisava reforçar o Planejamento (secretaria), porque na reforma administrativa a pasta foi juntada com a Gestão Pública e havia ficado uma pasta pesada para apenas uma pessoa e que, por isso, precisava trazer uma pessoa (Damasceno) para cuidar especificamente do Planejamento. De acordo com Rodrigo, a prefeita fez a proposta de transferi-lo para a secretaria de Trânsito. Assim, acomodaria Damasceno na pasta do Desenvolvimento para dar apoio no Planejamento.
Ortunho chegou a argumentar com a prefeita que estava fazendo um trabalho bacana no Desenvolvimento com instalação do Mac Donald, Drogaria São Paulo, Disdroga e outras empresas, com números positivos na geração de empregos e projetos em andamento que gostaria de concluir e que “não via sentido e lógica administrativa colocar uma pessoa no Desenvolvimento para cuidar do Planejamento”.
Numa segunda reunião, a prefeita informou a Ortunho a decisão: a pessoa que iria ajudar no Planejamento realmente ocuparia o Desenvolvimento. “Ela me pediu que assumisse o Trânsito. Frente a essa situação eu me senti desconfortável. Não teria tempo suficiente para fazer o que precisa ser feito, porque na administração pública a gente precisa planejar e o tempo seria curto. Entendi que não era o caminho assumir o Trânsito. Eu até ponderei com a prefeita que se fosse para assumir uma pasta simplesmente pelo fato de receber o salário eu preferia sair. Entendia que para mim e para a administração seria melhor”, confirmou.
Apesar de sair da secretaria de Desenvolvimento, Rodrigo afirmou que tinha um sentimento de felicidade. “Não por estar deixando a prefeitura, mas por ter conseguido desenvolver um trabalho para minha cidade. É um sentimento de realização. Também o sentimento de agradecimento a prefeita pela oportunidade de mostrar o meu trabalho e trabalhar por Fernandópolis”, frisou.
Rodrigo Ortunho assumiu a Secretaria do Desenvolvimento em meio à crise que levou a prefeita Ana Bim a trocar toda a diretoria da ZPE. Até então ocupava a pasta da Gestão Pública. Ele diz que, pelo fato de a Secretaria do Desenvolvimento ser uma pasta com orçamento pequeno, há necessidade de usar a criatividade. “Fernandópolis, como centro de região, tem uma posição geográfica privilegiada, para atrair novas empresas. Até porque nos temos ao redor de Fernandópolis várias pequenas cidades que compõem uma população agregada e que nos ajudam nesse desenvolvimento. Sem contar o fato de estarmos próximo à divisa com os Estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul”, argumentou.
Segundo Ortunho, vários projetos estão em andamento na pasta do Desenvolvimento, como a reforma do aeroporto, que recentemente recebeu equipe de empresa que cuida da legalização ambiental para continuação do processo de licitação. Lamentou não ter concluído o processo do Distrito VI. “Temos uma área em local nobre, privilegiada, paga e que já está em nome da prefeitura, só que está isolada sem acesso nem pela frente, nem pelo fundo. Na visita do governador Geraldo Alckmin ele se comprometeu em realizar o acesso a essa área. Então a partir daí, deu novo ânimo e a certeza de que agora, felizmente o Distrito VI vai se viabilizar”, completou. (Leia mais na página 5A).
Ex-secretário diz que não acredita que saída tenha “viés político” e confirma pretensões nas eleições
O ex-secretário de Desenvolvimento Sustentável Rodrigo Ortunho diz que não acredita que sua saída da prefeitura tenha algum viés político relacionado às eleições de outubro. Com trabalho profícuo na pasta e com projetos prestes a dar frutos, essa situação estaria incomodando a prefeita. Ele prefere apontar que a decisão de Ana Bim em transferi-lo para o Trânsito, foi administrativa, “mas equivocada”. Ortunho diz que sempre teve pretensões políticas e que, agora no PMDB, o importante “é pensar primeiro em Fernandópolis”:
Você acha que tem algum viés político nesta decisão de tirar você do Desenvolvimento e colocar no Trânsito?
É uma afirmação difícil de ser feita. A gente não tem como saber o que se passa na cabeça das pessoas. Eu prefiro pensar que não teve nada disso, até mesmo porque isso me deixaria muito triste. Eu entendo que essa proposta que me foi feita para deixar o Desenvolvimento, que estava com números positivos, para assumir o Trânsito em final de mandato, sem tempo para desenvolver projetos, eu vejo isso como equivoco administrativo. Não vejo lógica nisso. Respeito a decisão e prefiro acreditar que não houve viés político, mas uma opção administrativa, que entendo ser equivocada.
Você desponta como liderança política jovem em Fernandópolis. Tem pretensões políticas?
Já faz algum tempo que acompanho a política de Fernandópolis e tive a felicidade de ser convidado pela prefeita Ana Bim. Aprendi muito nesses anos em que estive na prefeitura porque você passa a enxergar o funcionamento interno, como gira a máquina. Pra mim foi uma experiência valorosa. Pretensão política eu sempre tive, agora o pessoal tem me perguntado: Rodrigo você vai ser o nosso candidato a prefeito, candidato a vice. Eu acho que hoje é cedo para fazer afirmação desse tipo. Mas se for preciso, se tiver consenso, um grupo que entenda que é o melhor para a cidade eu estou à disposição para trabalhar independente do cargo. Nós temos que pensar em Fernandópolis.
Você migrou para o PMDB. Como está a discussão política dentro do partido?
Dentro do PMDB temos um grupo de pessoas confiáveis e eu me sinto a vontade dentro do partido e com uma expectativa muito grande. Agora nesta semana houve a troca na diretoria com o advogado Ricardo Franco assumindo a presidência e nos próximos dias vamos reunir a diretoria e conversar para traçar metas em termos de futuro em Fernandópolis.
A ideia é que o PMDB volte a ser protagonista na política de Fernandópolis?
Com certeza. O PMDB é um partido de tradição muito grande em Fernandópolis, hoje é o maior partido em número de filiados e tem o histórico do saudoso Newton Camargo que foi o baluarte do partido em Fernandópolis.
Sobre o momento, como enxerga o cenário político para as eleições desse ano?
Ainda está tudo muito de bastidores. Acredito que mais uns dias quando se fechar a janela de mudanças partidárias e de filiações é que vamos ter um panorama melhor de como vai ficar o cenário, em que pese não dar para se fazer nenhuma projeção enquanto não ocorrer as convenções municipais.
Será uma eleição de “caras” novas?
Eu acredito que sim, existe uma perspectiva na população de que surjam novos nomes, novas lideranças, que venham acrescentar, agregar para o bem de nossa cidade.
O que você diria neste momento à população?
Eu quero agradecer o apoio que estou recebendo depois que foi divulgada a notícia, com as pessoas me abordando, os servidores municipais, mensagens, ligações de cumprimento pelo trabalho realizado e dar força, motivando e pedindo para que continuemos nessa linha, com foco, colocando Fernandópolis como prioridade máxima.