Recém formados pela Etec vão representar o Brasil na Argentina com trabalho inovador

20 de Agosto de 2025

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Recém formados pela Etec vão representar o Brasil na Argentina com trabalho inovador

Mais uma vez o Centro Paula Souza (Etec), de Fernandópolis volta a orgulhar toda a cidade. O trabalho inovador que visa transformar cinzas do bagaço da cana-de-açúcar em sílica para fabricação de vidro será destaque em uma feira de ciência na Argentina.

Os alunos Josiane de Sousa Freitas, Marcos Antônio do Nascimento e Moisés Rocha Castro, que concluíram neste ano o curso técnico em Açúcar e Álcool da Etec de Fernandópolis, com a classificação MB – Muito Bom, nota máxima, foram orientados pela professora de Química, Tais Batista Marino, que precisou sortear dentre os três, os dois que irão a Porto Iguaçu, na Argentina, apresentar o trabalho juntamente com jovens de outros 24 países que exporão trabalhos de nível técnico e superior na Feira Nacional de Educação, Artes, Ciências e Tecnologia, entre os dias 21 e 25 deste mês.

Apenas três podem seguir ao país “hermano”. Além da orientadora, os sorteados (e sortudos) são Josiane de Sousa Freitas e Marcos Antônio do Nascimento, que assim como a professora, sequer saíram do país, tampouco viajaram de avião.

No entanto, o que mais causa frio na barriga não é a viagem e sim a expressividade da conquista. “Fiquei muito feliz e ao mesmo tempo surpresa com o convite. Não esperava que pudéssemos representar o país tão cedo, mas eles fizeram por merecer e essa participação será muito produtiva, pois conheceremos, além de outro país, vários projetos interessantes que ajudarão no decorrer da carreira profissional”, afirmou a professora Tais.

Segundo ela, após a conquista do primeiro lugar da Feteps - Feira Tecnológica do Centro Paula Souza-, na Categoria 7, que incluía projetos de Tecnologia Química, Alimentos, Agroindústria e Bioenergia, os alunos se formaram e o trabalho ficou parcialmente inerte. “Nós continuamos aperfeiçoando, mas parecia que já tinha morrido. Nós tínhamos cristaizinhos, pedrinhas, mas ainda não havíamos conseguido transformar na peça de vidro cortante, pois nosso forno não chegava à temperatura de 1.600Cº. Fui a São Paulo e consegui isso numa indústria chegando a pedra de vidro. Agora queremos fazer análise química do vidro para aperfeiçoar a fórmula, pois algumas feiras exigem isso”, contou a professora que até chegou a cortar-se com o vidro, comprovando involuntariamente a eficiência do produto criado.

A IDEIA

Em 2014 a professora externou aos alunos sua vontade inscrever algum trabalho da Etec de Fernandópolis no CRQ – Conselho Regional de Química-, e os alunos que estavam no segundo módulo toparam sem pestanejar. Como já haviam estudado sobre o assunto, o que lhes causara bastante curiosidade, eles propuseram iniciar a pesquisa. Após a apresentação do projeto ainda cru, eles o aperfeiçoaram e participaram da Feteps e venceram o que motivou a prosseguir. Os três alunos também participaram da Febrace – Feira Brasileira de Ciência e Engenharia-, uma das mais expressivas do país.

Agora já coma pedra e o trabalho encorpado a expectativa é a melhor possível, e o medo do avião nem sequer existe. “Não, medo não tenho. Só a vontade de apresentar o trabalho e participar de uma feira como essa, representando não apenas São Paulo, mas o Brasil. É um orgulho para nós saber que além de tudo estamos motivando os alunos da Etec a seguirem o mesmo caminho e saber que pode se chegar mais longe com muito trabalho e criatividade”, destacou Marcos Antônio do Nascimento, que atualmente faz cursinho preparatório para vestibular, com a intenção de cursar Química.

Josiane trabalha na Usina Noble, enquanto Moisés Rocha Castro já cursa Química no Instituto Federal de Guanambi-BA.

O TRABALHO

 O trabalho visa a utilização da cinza do bagaço de cana-de-açúcar para a fabricação de vidro. Estas cinzas são consideradas resíduos da queima do bagaço, sendo que desta forma, a todos os tipos de resíduos formados em processos de produção, deve-se dar um destino final da melhor maneira possível. Estudos mostram que as cinzas do bagaço da cana-de-açúcar (CBC) possuem predominantemente em sua composição, a sílica, ou seja, dióxido de silício, o qual é matéria-prima primordial para a fabricação de vidro.