Quem acompanhou o programa ‘Domingo Legal’ do SBT, no último fim de semana viu um rosto conhecid o e ouviu o apresentador Celso Portiolli anunciar a participação de um fernandopolense.
Tiago Prates, um jovem ator e cantor da cidade, de 30 anos, foi à emissora para participar, em rede nacional, do ‘Malucos e Molhados’, um quadro onde os concorrentes têm que cantar enquanto atravessam numa corda bamba.
Eles são avaliados pelos jurados do programa que, se não gostarem do desempenho musical do participante, puxam uma alavanca para derrubá-lo na piscina. Quem consegue atravessar até a outra ponta da corda fatura R$ 1 mil.
“Eu vi que no Domingo Legal tinha esse quadro, que privilegiava o canto e achei divertido. Me inscrevi e fui chamado pela produção. Pensei que poderia ganhar um dinheiro extra, me divertir e também ter uma exposição positiva do meu trabalho”, disse o fernandopolense.
Tiago foi bem na prova. Interpretando a canção This love de Maroon Five, ele impressionou os jurados que, além de não puxarem a alavanca, teceram diversos elogios.
“Meu, ele canta muito”, disse Santos, um dos jurados. “Oh, o cara é fera heim. Ele tem o timbre estranho, mas canta bem”, completou Carlos Miranda, produtor musical que também era jurado. O Tiago tem uma boa figura, poderia emplacar na televisão, como ator e cantor concluiu Celso Portiolli.
HISTÓRIA
Porém a história de Tiago Prates vai muito além de uma simples participação num programa de televisão dominical. O jovem, que descobriu seu dom para a arte por meio da Mostra Estudantil de Teatro de Fernandópolis, estudou para se aprimorar e hoje possui formação em Teatro Musical.
Em entrevista ao CIDADÃO, Tiago conta um pouco sobre o início de sua carreira, sua trajetória e a repercussão após participar do programa. Acompanhe:
Vamos começar do começo. Você é formado em Teatro Musical, quando descobriu a sua vocação?
Comecei a estudar teatro desde os 11 anos morando em Fernandópolis, participando da Mostra Estudantil de Teatro da cidade. Em meu primeiro ano ganhei o prêmio de melhor ator coadjuvante pelo espetáculo Pinóquio e já ali eu percebi o quanto era bom pisar em um palco. Quando fui fazer cursinho em Rio Preto me afastei da arte e durante a faculdade também, para que pudesse focar em meus estudos de graduação. Sou formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Na universidade reencontrei uma amiga dos tempos de cursinho e ela me apresentou uma festa em São Paulo chamada Gambiarra, que é uma festa voltada para a classe artística da capital. Foi lá que fiz os meus maiores amigos na cidade e uma dessas amigas me apresentou uma escola de musicais chamada Casa de Artes Operária. Eu me apaixonei pela escola e soube que o próximo curso de montagem que fariam seria Moulin Rouge, musical que era apaixonado, muito tempo antes de saber que existiam musicais encenados no palco.
Quando morava em Fernandópolis, tinha feito uma promessa a minha melhor amiga Natália, que, se algum dia houvesse uma montagem de teatro do filme Moulin Rouge, eu teria que fazer parte. Devido a essa promessa, mesmo estando quase sem dinheiro por estar recém-formado, resolvi arriscar e fazer o curso.
Foi o meu primeiro curso de musical e fui agraciado com o papel principal, o que me deixou muito assustado, pois, nunca tinha cantado ao vivo, em frente a uma grande plateia. Mas a diretora e a preparadora vocal do curso confiaram em mim e me encorajaram.
Foi no momento em que pisei no palco e cantei a primeira nota da primeira música que percebi que teria que fazer uma escolha. A arte chamou mais alto.
Depois disso fiz vários cursos de musicais pela mesma escola, até que surgiram as audições para o curso de Teatro Musical do SESI-SP que é o primeiro curso técnico em teatro musical do país. Fiz as audições e passei. Formei-me no ano passado com uma personagem protagonista na montagem final do curso. Acredito estar no caminho certo.
Viver de arte no Brasil não é fácil. Alguma vez já pensou em desistir do dom e seguir outra carreira?
R: Se eu disser que não, estarei mentindo descaradamente. Acho que todos da área algum dia já pensaram isso. Mas ter o poder de transformar o pensamento das pessoas, as fazer sentir algo novo, despertar vontades e transportar, nem que seja por 2 horas, a plateia para um mundo longe do que ela está é algo tão maior que nós que o pensamento de desistir logo vai embora e é substituído por garra e vontade. O amor à arte é um sentimento nobre e deveria ser mais respeitado em nosso país, pois a arte transforma, mas não podemos esquecer que é um ofício como todos os outros e que sendo assim, deveria ter tanta importância quanto qualquer outra profissão, mas infelizmente não é assim.
Tem noção de quantas peças ou trabalhos artísticos já participou ao longo da carreira?
Sim, temos que saber a contagem. Cada processo é único e acrescenta algo. Isso nos faz ter bagagem e conhecimento, o que é essencial no processo de amadurecimento do ator /artista.
Foram sete peças na Mostra Estudantil de Teatro de Fernandópolis, incluindo um musical chamado Buchicho. Pela Casa de Artes Operária, em caráter de estudo, foram cinco: Moulin Rouge, O Despertar da Primavera, Hairspray, The Last Five Years e Highlights Broadway.
Um pelo SESI-SP chamado Freakshow e profissionalmente fiz: Corcunda de Notre Dame (meu primeiro musical profissional), Hair, Shrek e Ruindade.
Fiz espetáculos de teatro convencional também como O Grande Circo Científico e a adaptação oficial do filme Bicho de Sete Cabeças para o teatro.
Participei de um grupo vocal chamado Frenéticos, Molhados e Croquettes com o qual pude me apresentar em uma Virada Cultural com público de quase 4000 pessoas e fiz a comissão de frente do Vai-Vai, o que sonhava em fazer desde criança, quando assistia os desfiles de carnaval pela televisão.
Ficou nervoso durante sua participação no Domingo Legal?
Fiquei bastante nervoso, não com o cantar em si, pois essa música já faz parte do meu repertório há bastante tempo, mas com a prova. É muito difícil manter o diafragma apoiado para respiração em uma corda bamba chacoalhando o tempo todo. Também fiquei um pouco nervoso em ser julgado pelo Miranda que é conhecido no meio musical e pelo Celso.
O que achou de sua participação?
Após a gravação fui falar com o Miranda e agradecer pelos elogios e pela oportunidade ele comentou que quando disse que meu timbre era estranho, era porque tinha um som com personalidade, que poderia me ouvir cantar e saber que era eu; estranho, não no sentido ruim da palavra e sim no sentido de ser estranho aos ouvidos, de não ter ouvido antes, de ser único. Depois disso fiquei muito mais feliz com a minha participação. Consegui alcançar meus objetivos: ganhar o prêmio, me diverti e conheci um monte de gente legal e expus minha imagem mais positivamente do que esperava.
Qual foi a repercussão após a sua aparição na TV?
Tive um monte de mensagens carinhosas de amigos e anônimos pelo Facebook me parabenizando e é sempre bom ter material diferenciado para enviar para audições para mostrar versatilidade artística.