Dando continuidade a série com a comunidade fernandopolense que visa mostrar quão importantes são as entidades assistenciais e de classe na sociedade local, CIDADÃO traz essa semana a história de Alan Mateus, um jovem que graças ao trabalho de uma das 14 entidades que serão retratadas nesse espaço, venceu uma triste realidade encontrada em um dos bairros mais carentes da cidade: a do tráfico e consumo de drogas.
Alan cresceu no Jardim Ipanema, um bairro sem o mínimo de estrutura física para receber as dezenas de famílias que lá se instalaram. Porém, era o único lugar onde sua família tinha condições de viver na época.
Aos sete anos, em busca de alimentação, já que as dificuldades em casa eram grandes, ele passou a frequentar a Associação Comunitária Maria João de Deus, que na época ainda era chamada de Centro Espirita Alan Kardec.
“Eles me tiraram literalmente da rua, eu e outras 70 crianças mais ou menos. Junto com a alimentação nós recebíamos orientações, educação, suporte para as famílias desestruturadas que moravam ali e nas adjacências. Isso me tirou de um caminho que muitos dos meus amigos seguiram, o das drogas e do crime. “É um trabalho muito difícil, onde se salva um e tem dez se perdendo, pois a vulnerabilidade naquela região é muito grande”, disse Alan.
Mesmo não conseguindo salvar todos, a entidade desenvolveu e ainda desenvolve um importante trabalho e assistência social. Para muitas crianças, o alimento lá servido é o único do dia.
“A Maria João de Deus foi um lar para mim. Tenho uma consideração muito grande por todos que passaram por ali, como o tio Fran, que foi um dos fundadores, a Shiroko, que considero como uma mãe, como ela foi para muitas crianças. Nós éramos praticamente moleques de rua, já fui engraxate, catador de papelão, já fui para a feira catar resto de alimentos para sustentar dentro de casa e lá nós deixamos tudo isso para trás”, completou Alan.
Hoje Alan está concluindo o último ano do curso de Serviço Social, graduação que está diretamente ligada às suas origens e à função que ocupa como conselheiro tutelar desde 2005. Ele também é músico e presta serviço voluntário a diversas entidades em retribuição ao que fizeram por ele na infância.
Além da Maria João de Deus Alan Mateus também contou com o apoio da Associação Filantrópica Henri Pestalozzi, a qual é voluntário atualmente e será a próxima a ser abordada neste espaço.