Apenas 77 dos 6,1 milhões de brasileiros que participaram do Enem - Exame Nacional do Ensino Médio -, do ano passado, conseguiram tirar nota mil na redação, conforme balanço divulgado na quarta-feira, 18, pelo MEC - Ministério da Educação. Ainda não há informações sobre se algum deles é de Fernandópolis, mas uma fernandopolense de 21 anos chegou bem próximo da nota máxima.
As sete horas de estudos diários deixaram a jovem Laura de Azevedo Catenaccio bem mais próxima de seu objetivo acadêmico: o curso de medicina. Ela tirou 960 na redação, média alcançada por menos de 5% dos brasileiros que fizeram a prova.
“Não sei se tem uma fórmula para conseguir a nota. Sempre fiz todas as redações (ou o máximo que conseguia) tanto no cursinho, quanto as do ‘Em Bom Português’. A prática da redação e a leitura sobre atualidades é o melhor jeito para saber escrever e ir bem em uma redação”, contou a jovem sobre seu segredo para conseguir se sair bem na redação.
Laura adotou uma forma própria de estudar e contou com a ajuda da tecnologia para o fazer com mais eficiência.
“Minha rotina de estudos é baseada na minha dificuldade. Tive aula esse ano no Objetivo, no cursinho noturno, e, por isso, acordava de manhã para estudar e continuava estudando até depois do almoço. Contudo, como já estava no quarto ano de cursinho, eu estudava mais o que tinha dificuldade e as outras matérias deixava um pouco de lado. Eu também usava um aplicativo chamado ‘Aprovados’. Ele ajuda a controlar a quantidade de hora de estudo de cada matéria e para mim foi bem útil, até porque como sou competitiva queria estudar mais horas que estudei no dia anterior”, explicou.
Além do tempo de estudo e de sua metodologia própria, Laura ainda contou com uma ajuda preponderante. Pelo segundo ano consecutivo, a escola que ela estuda, a “Em Bom Português”, acertou o tema da redação do Enem e debateu a questão “Intolerância religiosa no Brasil”, em sala de aula.
Porém, de acordo com a diretora da escola “Em Bom Português”, Eliana Jacob, o fato de o tema ter sido debatido em sala ajuda, mas não é o principal causador dos bons resultados.
“Esse bom desempenho dos alunos atribuo a dois fatores: primeiro, o fato de estarem atualizados. Toda proposta de redação se dá a partir de uma matéria de jornal, vídeos, charge de um assunto recente. O aluno fica atualizado. E o outro fator, que considero decisivo, é o treino. Os alunos fazem duas redações por semana; como são dois professores corrigindo cada texto, em pouco tempo, o aluno vai aperfeiçoando sua escrita”, disse ela.
DESTAQUE
Não foi a primeira vez que a nota de Laura se destacou. Em 2013 ela conseguiu uma pontuação ainda maior na prova tida como a mais importante e a mais difícil do Brasil, por ser a principal porta para o ingresso nas universidades públicas e particulares do país. À época ela tirou 980 na redação.
“Meu desempenho se deve aos meus pais que me deram forças para continuar nessa batalha que não é fácil. Devo também aos meus amigos que, mesmo de longe, nunca deixaram de me apoiar. Além disso, devo aos meus professores, lógico, porque sem eles não conseguiria chegar onde cheguei e também à minha psicóloga. Ela me ajudou, durante esse ano e o ano passado, a me tornar uma pessoa melhor e menos ansiosa, e isso para mim foi algo extremamente necessário, porque a ansiedade era meu problema principal nos vestibulares”, concluiu.
RESULTADO NACIONAL
O número de notas máximas na redação foi bem menor do que nos anos anteriores. De acordo com dados do ministério, o número de redações nota mil equivale a 0,001% dos que fizeram a prova. Em 2015, as 104 redações com nota mil representaram 0,002% do total de participantes do exame. Em 2014, foram 250 candidatos com nota mil, equivalentes a 0,004% dos participantes da prova. Em 2013, o número foi ainda maior: 481 candidatos obtiveram nota mil na redação, ou 0,009% do total.
Na outra ponta, segundo o MEC, 291.806 candidatos tiraram nota zero ou tiveram a redação anulada no ano passado. Eles não poderão participar dos programas de seleção para vagas no ensino superior da pasta este ano.
PROVAS
O MEC divulgou os desempenhos máximos e mínimos em cada prova do Enem. Em ciências humanas, a maior nota foi 859,1 e a menor 317,4; em linguagens, as notas variaram entre 287,5 e 846,4; em matemática, a variação foi entre 309,7 e 991,5; e em ciências da natureza, entre 316,5 e 871,3.
Considerando a média total, os participantes obtiveram as maiores médias em ciências humanas (533,5), seguindo-se linguagens (520,5), matemática (489,5) e, por último, ciências da natureza (477,1).
