Lá se vão 28 anos, quando a primeira mulher conseguiu quebrar um tabu de que política era para homens em Fernandópolis. Em 1988, Ana Bim, se elegeu a primeira vereadora da história da cidade. Era a única mulher no Legislativo formado por homens. De lá pra cá, as mulheres sempre foram representadas no Legislativo e desde 2005, chegaram também ao Poder Executivo, com Ana Bim. Mesmo assim, as mulheres em Fernandópolis, que a exemplo de tendência nacional, são maioria no colégio de eleitores, ainda são minoria entre os candidatos que o disputam o voto neste domingo, 2 de outubro.
Vamos relembrar a saga das mulheres no Legislativo. Depois de Ana Bim, em 1988, romper o exclusivo território masculino nas eleições seguintes, nunca mais o Palácio 22 de Maio Prefeito Edison Rolin ficou sem uma representante feminina. Houve período, que elas chegaram a formar a bancada do Baton.
Em 1992, por exemplo, duas mulheres foram eleitas, a médica Célia Regina e Zilda Gonçalves Delgado . Em 1996, Ana Bim voltou solitariamente. Em 2000, se elegeram na Câmara, a médica Maria Christina Dias e Nilza Barbieiro. Em 2004, Maiza Rio e Maria Christina ocuparam cadeira no Palácio 22 de Maio.
Mas, foi em 2008, que as mulheres marcaram território e conquistaram quatro cadeiras no legislativo, uma marca histórica, formando a bancada do “batom”, como ficou conhecida: foram eleitas Maiza Rio, Neide Garcia, Candinha Nogueira e Creusa Nossa.
Em 2012, a bancada feminina minguou. Apenas Neide Garcia conseguiu reeleição, apesar de Maiza Rio ter sido a candidata mais votada com 1,4 mil votos, mas ficou de fora pelo quociente eleitoral, já que praticamente disputou a eleição sozinha, por conta da trapalhada das atas da convenção de seu partido, o PMDB.
Em todas as eleições, as mulheres são sempre minoria entre os candidatos. Para conseguir atingir o mínimo de 30%, os partidos e coligações encontram muitas dificuldades. Muitas vezes, elas entram apenas para cumprir a cota.
UM TERÇO
Nesta campanha, por exemplo, a bancada de candidatas a vereadora começou com 44 e hoje está com 41 por conta de duas renúncias e um indeferimento de registro o que representa apenas um terço dos homens. Na disputa para prefeito, apenas uma candidata entre três candidatos masculinos.
O domínio masculino na política é ainda maior quando se olha para a eleição majoritária. A história registra que desde 1947, data da primeira eleição de prefeito em Fernandópolis, apenas duas mulheres desafiaram os homens nas urnas: Ângela Azadinho Campos (1992) pelo PT e agora Ana Bim, que chegou ao Paço Municipal como vice de Rui Okuma em 2005 e assumiu após sua morte, e retornou prefeita em 2012. Agora disputa a reeleição.
As mulheres candidatas nas eleições deste ano são professoras, enfermeiras, donas de casa, comerciantes, profissionais liberais, empresárias, esposas, mães e até avós.
AÇÃO SOCIAL
Mas, o que explica a ausência feminina na política? Talvez a explicação esteja na frase da professora Wandalice Franco Renesto, na entrevista que concedeu na coluna Observatório do jornal CIDADÃO, edição passada: “Já fui cortejada, mas nunca quis usufruir de cargos, eu sempre tive os encargos”. A frase explica, porque as mulheres preferem colocar seu talento à disposição em trabalhos onde a solidariedade está presente. Neste mês de setembro, a cidade sentiu o baque com a morte de duas mulheres fortes, lideres comunitárias, que estavam à frente de ações sociais, sem necessidade de de cargos ou palanques políticos: Nice Carmelengo e Célia Fontes Mafra.
Outra explicação pode ser dada pela ótica da história. Apenas no dia 3 de maio de 1933, em eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, a mulher brasileira ganhou espaço na política, espaço antes exclusivo dos homens. Ou seja, a chegada da mulher na política completa 83 anos.
Neste domingo, quando os fernandopolenses forem às urnas para escolher o l7º Chefe do Poder Executivo, as mulheres serão maioria na hora de votar. Elas representam 51% do eleitorado, contra 49% dos homens.