Foi acompanhar o filho na doação de sangue e descobriu doença rara

20 de Agosto de 2025

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Foi acompanhar o filho na doação de sangue e descobriu doença rara

A vida nos reserva surpresas que palavras, muitas vezes, são insuficientes para produzir uma explicação. A esses casos damos o nome de milagre e atribuímos a Deus a intervenção capaz de mudar destinos. A família de Márcio Donizete Uliana, empresário que comanda a VídeoArt, não tem dúvidas: foi abençoada com um milagre de Deus e é o que explica a sucessão de acontecimentos a partir de 6 de maio, quando o empresário acompanhou o filho Lucas, ainda menor de idade, ao Hemocentro de Fernandópolis para a doação de sangue.
Nesta terça-feira, 26, Márcio, acompanhado da esposa Shirley Bordignon Uliana, retornou ao Hemocentro com outra missão: agradecer a auxiliar administrativo Cilene Eugênio de Lima que foi quem o alertou de que algo não estava bem. No reencontro, 81 dias depois, eles se abraçaram e se emocionaram. 
Ao CIDADÃO, os personagens reconstruíram a história. Primeiro, a auxiliar administrativo com experiência de 20 anos no Hemocentro, Cilene Eugênio de Lima. Ela cumpria sua rotina no atendimento naquela sexta-feira, 6 de maio, quando chegaram Márcio e o filho Lucas, que iria doar sangue. Enquanto preenchia a ficha de Lucas, Cilene ergueu os olhos e viu que o pai estava “meio transparente”. 
“Eu perguntei se estava bem. Ele respondeu que sim, mas eu insisti e sugeri que entrasse para doação e fizesse o teste anemia. Fez e confirmou anemia. Depois o hemograma também deu e ele foi encaminhado para investigar a anemia”, contou a auxiliar. 
A esposa, Shirley, relata outros detalhes daquele dia. “Nosso filho chegou de Presidente Prudente, onde faz cursinho, e de repente, disse que queria doar sangue. No dia 8, domingo, que era o Dia das Mães, Lucas faria 18 anos. Ainda falei para deixar para outro dia. Ele disse não, teria que ser aquele dia e perguntou se poderia acompanha-lo para assinar. Disse que não. Lucas perguntou ao pai que disse sim e vieram ao Hemocentro. Eu vejo  que foi um dia especial, um recomeço na nossa vida, porque naquele dia Deus tocou a Cilene para que olhasse para o Marcio, conversasse com ele, e o convencesse a fazer o a exame que possibilitou o tratamento. O médico deixou claro que foi por Deus. A Cilene foi instrumento de Deus, assim como o nosso filho, que insistiu para ser doador de sangue naquele dia”, acrescentou Shirley. 
DE CABEÇA PARA BAIXO
A partir de 6 de maio, a vida de Márcio virou de cabeça para baixo. Até chegar ao balcão para assinar a ficha de doação de sangue do filho, estava bem de saúde, confirmado por uma bateria de exames que havia feito dois meses antes. “Até então era um cara saudável. Não tinha problema nenhum, não tinha dor. Começamos a investigar a anemia. Fiz endoscopia, colonoscopia... nada. O problema estava no intestino. Um exame mais aprofundado constatou que perdia sangue nas fezes. Era invisível, a gente não via. Foram três amostras para poder detectar”, contou. Chegou-se a suspeitar de leucemia.
Neste momento da investigação, Márcio ganhou um reforço, a filha Tatiane que é médica residente em Presidente Prudente. Ela direcionou todos os passos seguidos até o veredicto: o empresário era portador de uma doença comum em crianças, mas rara e perigosa para adultos, a invaginação intestinal. É uma doença silenciosa (veja box).
“Se não tivesse vindo aqui (no Hemocentro) e a Cilene não tivesse alertado, estaria sem saber. Não estava doendo. O médico que fez a cirurgia, falou que se demorasse em descobrir poderia ter uma complicação maior e que seria quase impossível uma cura. Seria um pouco tarde. Como foi descoberto antes de sentir dor, houve tempo de fazer a cirurgia e resolver o problema”, contou, bastante emocionado. 
Márcio não consegue buscar palavras para relatar o que sente agora. Diz apenas que nasceu de novo e que novas datas passam a ter importância no seu calendário, além do aniversário tradicional. São elas: 6 de maio (quando foi alertado de algo não ia bem) e 20 de junho (data da cirurgia). “São datas para comemorar e agradecer”, reforça. 
Cilene volta à história para dizer que ao ver Márcio entrando novamente no Hemocentro nesta terça-feira, causou-lhe grande emoção. “O que aconteceu naquele dia foi o toque de Deus. A gente vê tantas pessoas entrarem aqui para doar sangue e eu notar que ele estava diferente. Tocou em mim de falar. Foi a primeira vez  que falei para uma pessoa”, afirma. Esse fato, diz, mudou sua vida.
Para Shirley, a vida da família foi abençoada por Deus que permitiu que os médicos descobrissem a doença enquanto era possível a cura. “O que podemos fazer é só agradecer a Deus, agradecer aos médicos e as pessoas que fizeram parte da nossa vida neste momento, como a Cilene. Foi um milagre de Deus. Foi maravilhoso. Hoje o Márcio está bem. Deus colocou a gente nesse mundo para fazer a diferença. A Cilene fez a diferença na nossa vida”.
Nesta sexta-feira, 29, Márcio comemorou 52 anos.  E o maior presente, a vida, veio antecipado.
A DOENÇA 
A invaginação intestinal é a entrada de um segmento do intestino em outra parte do mesmo órgão. É uma patologia mais presente em crianças que em adultos. Embora seja rara em adulto a invaginação intestinal pode levar à necrose intestinal com formação de tumor, uma complicação grave. Na idade adulta, a invaginação intestinal corresponde somente a 1% dos casos de obstrução intestinal associada a lesão orgânica sendo de difícil diagnóstico devido à sua sintomatologia inespecífica.