“O bom-senso bastaria para resguardar a todos”, diz promotor sobre brincadeira no Facebook

20 de Agosto de 2025

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“O bom-senso bastaria para resguardar a todos”,  diz promotor sobre brincadeira no Facebook

Começou a circular, nos últimos dias, um questionário no Facebook sobre os gostos dos filhos. O texto pede: “Faça ao seu filho estas perguntas e poste suas respostas – não trapaceie, poste exatamente o que eles dizem!”. As perguntas são aparentemente ingênuas: Qual é o teu nome?; Quantos anos você tem?; Quando é seu aniversário? Entre outras.

A brincadeira ganhou força até que especialistas começaram a chamar a atenção dos pais sobre a superexposição dos filhos nas redes sociais. Um dos principais pontos levantados por eles é que com as respostas das crianças, um adulto mal intencionado conseguiria se aproximar delas com mais facilidade.

Um dos primeiros a questionar a “brincadeira” que gerou milhares de comentários e compartilhamentos, foi o promotor da Infância de Criciúma/SC, Mauro Canto da Silva, que fez uma postagem em sua conta pessoal do Facebook falando dos perigos de publicar tantos detalhes sobre o filho.

“Chamou-me a atenção a ênfase do ‘inquiridor’ em solicitar que as respostas fossem verdadeiras (‘não trapaceie’) e por duas vezes (no início e fim) que fosse compartilhado”, detalha Silva.

Ele acrescentou ainda que pode parecer uma brincadeira ingênua, “fofinha”, mas que revela informações reservadas e pessoais que podem ser utilizadas por qualquer pessoa para se aproximar e ganhar a simpatia dos pequenos. “Num ambiente vulnerável de rede social, mesmo que a maioria a utilize para interação e distração, não podemos ignorar as que utilizam para cometer crimes, especialmente aproveitando-se de crianças e adolescentes”, complementa.

Mauro Canto diz que os dados revelam que possíveis agressores tem proximidade com as vítimas. “Crianças, em especial, acabam confiando em adultos que demonstram afinidade. As respostas ao questionário são muito pessoais e uma pessoa querendo fazer o mal saberá utilizá-las para ganhar empatia com a criança. Depois de acontecer ficaríamos nos perguntando: ‘como ele sabia do nome do melhor amigo ou a cor preferida do seu pai?’”, concluiu.

FERNANDÓPOLIS

Em Fernandópolis dezenas de pais participaram da brincadeira. Não é preciso procurar muito para encontrar as respostas nos perfis de fernandopolenses que enxergaram a brincadeira com inocência e, inclusive, desafiam os amigos a também responderem o questionário. 

Procurado, o promotor da Infância e da Juventude de Fernandópolis, Marcelo Antonio Francischette da Costa, afirmou que não possui contas nas redes sociais, por conta da exiguidade de tempo, porém, deixa um alerta. “O bom-senso bastaria para resguardar a todos”, disse ele.