Com a filha desaparecida há 31 anos, fernandopolense não tem muito o que comemorar

20 de Agosto de 2025

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Com a filha desaparecida há 31 anos, fernandopolense não tem muito o que comemorar

Amanhã, 8, é dia de presentes, abraços, de almoço em família... Amanhã é dia de alegria, de demonstrações de amor, de comemoração. Amanhã é Dia das Mães, dia de agradecer a quem lhe trouxe ao mundo, dia de apenas refletir sobre a importância de uma mulher em específico para sua vida. 
No entanto, para uma fernandopolense, amanhã não será dia de nada disso, afinal, há 31 anos uma de suas filhas saiu de casa e nunca mais voltou.  Desde então, dona Hortência Maria de Jesus, de 68 anos, perdeu a alegria de comemorar o Dia das Mães. Mesmo tendo outras duas filhas, um buraco se abriu em seu coração e a data perdeu sentido. 
“Amo todas as minhas filhas, mas como posso comemorar o Dia das Mães sem saber se todas elas estão bem? Perdi um pedaço de mim há 31 anos e só vou estar completa quando encontrá-la ou pelo menos ter notícias da minha filha”, disse ela. 
A filha de dona Hortência se chama Maria Aparecida Torres e tinha apenas 14 anos quando desapareceu. Elas moravam em São Paulo quando tudo aconteceu. Hortência saiu para trabalhar, como de costume, e deixou as filhas em casa. A mais velha tinha 15 anos. 
Maria tinha saído de casa para procurar emprego e pegou a roupa de sua irmã emprestada, sem ela saber. Quando voltou, a irmã já tinha percebido a falta das vestes e passou a discutir com Maria, sendo que as duas chegaram inclusive a trocar tapas. 
Quando os vizinhos interviram e conseguiram separar as irmãs, a mais velha mandou Maria embora e ela, com raiva, partiu apenas com as roupas do corpo e sem levar nenhum documento.  
“Quando voltei para casa é que fiquei sabendo de tudo o que aconteceu. Então comecei a procurá-la, fui no pai dela, nas amigas, procurei em toda a redondeza e quando não a encontrei em nenhum desses lugares comecei a procurar em hospitais, delegacias e até nos necrotérios. Tive que largar o emprego para ter mais tempo de ir atrás dela, passamos por muitas dificuldades e mesmo assim não a encontrei”, contou com lágrimas nos olhos. 
O tempo foi passando e como Maria não foi encontrada, dona Hortência apelou para os jornais paulistas e até o antigo e famoso programa do Eli Corrêa. Tudo em vão. Nenhum retorno, nenhuma pista, nada de informações nem sobre se ela estava viva e vivendo em algum lugar com alguém ou se o pior tinha acontecido. 
“É isso que me deixa ainda pior. Nada, nenhuma pista, nenhuma informação. Ainda tenho esperança de que minha filha esteja viva e que não nos procurou e não atendeu o meu apelo por uma mágoa da irmã ou até de mim, não sei. Agora imagina como é difícil para uma mãe viver 31 anos sem saber se uma de suas filhas está viva ou morta”, completou a aposentada. 
 Algum tempo depois, a filha mais nova de dona Hortência se casou e veio morar em Fernandópolis. Ela permaneceu ainda em São Paulo, mas depois decidiu acompanhar a filha e o genro e também veio para Fernandópolis. 
Na bagagem ela trouxe apenas algumas roupas e sua companheira inseparável: a única foto que ela tem de Maria. O retrato no qual ela aparece ao lado da irmã com quem brigou, não sai da cabeceira da cama de dona Hortência. Ele fica dentro da certidão de nascimento da filha que nunca mais encontrou. 
Para esse Dia das Mães dona Hortência não quer flores, nem cesta de café da manhã, muito menos utensílios domésticos. O único presente que ela realmente deseja é receber informações de sua filha, sem as quais ela diz que não conseguirá descansar em paz.