Quando se tornam mães, muitas mulheres acabam abrindo mão de si mesmas em prol do bem estar dos filhos, da família e do bom convívio. Isso faz com que muitas deixem de se cuidar, principalmente do corpo, que sofre com o chamado efeito sanfona, afinal, havia outro ser humano dentro dela.
Essa situação se agrava ainda mais quando se passa dos 30 anos, quando se chega aos 40 então, o mais próximo que elas passam de uma academia é do outro lado da rua para não correr o risco de alguém as “puxarem” para dentro.
No entanto, essa semana uma fernandopolense provou que nada disso é preciso e que é possível sim ser boa mãe, esposa e dona de casa e ainda cuidar de si mesma, da sua saúde e de seu corpo.
Ela é Karina Marin, tem 41 anos e é mãe da pequena Pietra de seis aninhos. Há um ano ela decidiu que seria uma atleta fitness, se dedicou, treinou, fez malabarismos para conciliar a vida de atleta, mãe, esposa e dona de casa, até que em sua primeira competição, a WBFF - World Beauty Fashion Fitness –, realizada no final do mês passado, ela conquistou o título de Diva Fitness em Los Angeles, nos EUA.
Em entrevista exclusiva ao CIDADÃO, Karina, que hoje mora em São Paulo, fala dos desafios, do preconceito por causa dos músculos, do relacionamento com a filha, da conquista nos Estados Unidos e de sua preparação para o mundial em Toronto no Canadá. Acompanhe:
A pergunta que toda mulher gostaria de lhe fazer: como ser mãe de uma menina de seis anos e ter um corpo como o seu aos 41?
Um corpo bonito a gente conquista, basta querer, se dispor a passar por todas as etapas necessárias, aprender a ter a paciência que a conquista exige. Ninguém se torna um médico, engenheiro ou advogado da noite para o dia, há muita dedicação envolvida, muitas horas de estudo e um longo período até se obter o tão sonhado título, com nosso corpo é a mesma coisa.
Normalmente nos deixamos para terceiro plano, priorizamos família e profissão e como são coisas que nos exigem muito, diria que não sobra muita energia quando o assunto é cuidar de si mesmo, por isso é muito fácil postergar o início de uma atividade física ou manter sua frequência e adiar o início da dieta para famosa segunda-feira ou início de janeiro, se fracasso tivesse um rosto, seria essa sua melhor descrição.
Tudo muda quando você percebe que estando bem consigo mesmo o resto flui de maneira mais natural e fica fácil ter sucesso em todas as áreas. Se para a pessoa o importante é estar bem com seu corpo, ela deve dar uma atenção especial, colocar como meta principal essa conquista e trabalhar para ter esse resultado e posso garantir que como fruto de tal conquista ele terá um desempenho melhor em outras atividades. Ninguém segura uma pessoa autoconfiante, ela voa!
Quando decidiu que seria uma atleta?
O turning point foi há um ano, quando observei que amigas muito próximas estavam se destacando no mundo fitness com um shape muito parecido com o que eu apresentava. Elas mesmas falavam que eu deveria me arriscar nesse universo e como amo um desafio abracei a causa.
Já sofreu algum preconceito por ter mais músculos que muitos homens?
Sim, e ainda sofro preconceito. Não é fácil para o ser humano conviver com as diferenças, e um corpo feminino com mais tônus muscular causa muita estranheza quando está fora de seu universo fitness, principalmente no Brasil.
Nos EUA o tratamento é diferenciado, por lá existe muita admiração pelo atleta, antes mesmo da competição fui muito parabenizada na alfandega, nas ruas de Los Angeles, em lojas que entrava. As pessoas paravam para perguntar sobre minha vida de atleta, como era minha rotina, alimentação, se iria participar de alguma competição, elas curtem esse estilo de vida.
Inclusive na Gold´s gym, academia em Venice que frequentei na semana do campeonato (Arnold schwarzenegger era figurinha carimbada por lá, encontrei-o todos os dias), a quantidade de pessoas acima de 70 anos malhando, e pesado, me chamou muito a atenção.
Para chegar a um corpo como o seu é necessário muito treino e dedicação. Como conciliar isso a vida de mãe, dona de casa e esposa?
Malho duas horas por dia, uma de cárdio e uma de musculação seis vezes na semana, geralmente de segunda a sábado. Uma hora pela manhã e uma hora à tarde. O segredo é organização. Nos últimos meses estava com a agenda mais tranquila porque tinha acabado de me formar em design de interiores, uma paixão antiga que adiei por causa de minha antiga vida como modelo (ela é graduada em publicidade e propaganda, pós-graduada em marketing, além de ter feito artes cênicas, e se formado em piano clássico no Santa Cecília quando criança), mas nem mesmo durante a faculdade me dava ao luxo de relaxar, e olha que tinha dias que ficava de 10 a 12 horas projetando, ou melhor, fazendo o 3D dos ambientes que projetava, fora as horas de aula. Sou perfeccionista em tudo que faço, então se precisar virar a noite fazendo algo pro resultado ser o melhor, assim será feito.
Para ter ideia, meus projetos foram todos premiados. Se eu tiver que fazer algo faço bem feito sempre! O trabalho é o mesmo.
O que sua filha acha de seu corpo? E das competições?
Ela ama ficar ao meu lado na academia enquanto faço bike, por exemplo, quer sempre tentar fazer alguma coisa. Espero que se dedique quando tiver idade para isso, mas deixarei que ela escolha o que quer fazer. Quanto a competição acredito que não exista um entendimento, uma ideia formada sobre o que é um evento desses. Ela ainda é muito nova para compreender o quão significativo é tudo isso.
Sua filha se espelha em você?
Ela tem orgulho da mãe. Quando cheguei de lá (EUA) tinha um desenho meu lindo feito por ela com um troféu na mão. Me emocionei!
Você recebeu o título de Diva Fitness no concurso WBFF (World Beauty Fashion Fitness) nos EUA. Essa foi sua primeira competição?
Foi a primeira competição e já internacional porque gosto de desafios grandes (risos). Mas sabia que estava bem preparada. Fui acompanhada por excelentes coachs, médico, tive o apoio que precisava do marido, família e amigos. O emocional é muito importante nesses momentos, você tem que estar uma rocha.
Qual foi a sensação?
Indescritível, é uma mistura de dever cumprido com euforia que só quem conquista algo desejado consegue entender.
Imaginava que sairia de lá com o título?
Saí daqui já focada. Sabia que traria esse título. Mentalizei isso, me visualizava entrando no palco, obtendo sucesso durante o evento, recebendo o título. Estava mentalmente programada e isso me manteve calma durante todo processo. Deu certo! Agora me preparo com essa mesma energia para o mundial. Mal cheguei, mal curti o prêmio e já iniciei os trabalhos para o próximo campeonato. Que venha Toronto!!!