Conheça Miquéias, um coveiro que não reclama de pegar no pesado

20 de Agosto de 2025

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Conheça Miquéias, um coveiro que não reclama de pegar no pesado

Como todos, ou pelo menos a maioria já sabe, amanhã, 1, será celebrado o Dia do Trabalho, uma data que foi instituída no Brasil e em diversos outros países como feriado nacional, em comemoração aos direitos adquiridos  pelos trabalhadores (como a redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas diárias) após a greve geral de 1º de maio de 1886. 
Desde então o Dia do Trabalho serve como uma data de reflexão a respeito das condições trabalhistas e do emprego de cada um. Quem nunca reclamou do chefe grosseiro ou do trabalho em geral? 
Pois é, enquanto muitos reclamam da falta de café, da cadeira que não é tão confortável ou do ar condicionado que está muito quente ou muito frio, um baiano que, em tese, teria do que reclamar, está feliz da vida. 
Miquéias Conceição Oliveira, de 24 anos, saiu da cidade de Olindina-BA para trabalhar de baixo do forte sol de 35 graus de Fernandópolis e das chuvas torrenciais que atingem a cidade, em uma profissão que muitos sequer chegariam perto: a de coveiro. 
Miquéias perdeu o emprego de vigilante em fevereiro de 2015 e viu nos concursos públicos o caminho para ter estabilidade e ainda driblar a crise econômica enfrentada pelo país. De Fernandópolis, ele simplesmente não sabia nada, nem ao menos a localização exata. Pesquisando por concursos na internet, descobriu que a Prefeitura teria uma prova em breve, então decidiu iniciar os estudos para tentar uma vaga no interior de São Paulo.
Casado com Geisiane Lalesca e pai de duas meninas, uma de 3 anos e outra de 1, o nordestino estava focado em garantir uma vida melhor para a família. “Eu já estava com a intenção de vir para o estado de São Paulo e, quando descobri o concurso, adiei um pouco a viagem para chegar aqui no dia da prova”, contou.
Em 6 de novembro de 2015, Miquéias chegava no município com muitos sonhos na bagagem. Sobre a prova, o que achou difícil foram as questões sobre a história de Fernandópolis. “Para aprender, baixei os livros disponíveis no site da Prefeitura e fiz as leituras para conhecer melhor a cidade e ter um bom resultado na prova”, disse.
Alguns dias depois veio a divulgação do resultado e com ela a decepção. Ele ficou na terceira posição e eram apenas duas vagas. “Logo depois da prova, fui embora para a capital São Paulo, onde tenho parentes, arrumei um emprego de controlador de acesso e trouxe minha esposa e as filhas embora. Fiquei desanimado com o terceiro lugar, porque eu queria muito uma vaga e a vida na capital não é fácil. Agora, quando surgiu mais uma vaga e me chamaram, foi a maior alegria”, falou.
Na hora de decidir o cargo para o qual se inscreveu na prova, Miquéias escolheu o que, entre os que ele poderia fazer, aquele que tinha uma remuneração melhor para dar condições de sustentar a família em uma cidade nova.
A segunda-feira, 25 de abril, foi o seu primeiro dia de trabalho. Ele vai ser responsável, junto com outros três companheiros de serviço, pelos sepultamentos, exumações e todos os demais serviços de manutenção dos cemitérios da cidade e também no de Brasitânia.
“Coloquei na minha cabeça que farei o melhor por minha família. Não tenho problemas em lidar com a morte. Essa é uma profissão digna como qualquer outra e precisa de pessoas dispostas a realizá-la”, declarou.
Enquanto muitos correm de trabalhos como esse, Miquéias disse que está muito feliz com a oportunidade. “Moro há cinco minutos do trabalho agora. Consigo almoçar com a minha família e chego cedo em casa. Na Bahia deixei muitos familiares, mas o concurso foi muito favorável para mim”, finalizou.