Na última terça-feira, 8, a Casa da Moeda do Brasil completou 322 anos de fundação, ou seja, mais de três séculos de moedas e notas diferentes em circulação por todo o território nacional, sendo que muitas delas passaram e ainda são encontradas em Fernandópolis. Um verdadeiro pedaço da história brasileira que em alguns casos não vale nada e em outros vale muito dinheiro na atualidade.
Para entrar nesse assunto, primeiramente é preciso voltar no tempo e entender um pouco sobre a história desta instituição. A Casa da Moeda do Brasil foi fundada em 8 de março de 1694, no Brasil Colônia, pelos governantes portugueses para fabricar moedas com o ouro proveniente das minerações. À época, a extração de ouro era muito expressiva no Brasil e o crescimento do comércio começava a causar um caos monetário devido à falta de um suprimento local de moedas.
Um ano após a fundação, a cunhagem das primeiras moedas genuinamente brasileiras foi iniciada na cidade de Salvador, primeira sede da Casa da Moeda, permitindo, assim, que fossem progressivamente substituídas as diversas moedas estrangeiras que aqui circulavam. Em 1695, foram cunhadas as primeiras moedas oficiais do Brasil, de 1.000, 2.000 e 4.000 réis, em ouro, e de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis, em prata, que ficaram conhecidas como a “série das patacas”.
Algumas destas moedas ainda podem ser encontradas nos acervos de alguns colecionadores, porém, a moeda mais antiga, produzida no Brasil, encontrada em Fernandópolis, pelo menos até agora, é de 1829.
A moeda de bronze, que valia 20 réis encontra-se no Museu de Fernandópolis, mas sua origem é desconhecida. Acredita-se que ela tenha sido doada para o acervo histórico da cidade pela família de seus fundadores (Joaquim Antonio Pereira ou Carlos Barozi), mas o relato exato não se encontra disponível.
De 1829 para 1895. Mais de 60 anos mais nova, é a segunda moeda mais antiga do Museu. Confeccionada em novembro de 1895, a moeda de prata que valia 200 réis traz algumas curiosidades. A primeira delas é que ela foi cunhada com os seguintes dizeres: “República dos Estados Unidos do Brazil” e na frente o já tradicional “Ordem e Progresso”.
Logo na sequência vem uma de 400 réis do ano de 1920. Ela já tinha uma cunhagem mais moderna e regular, mas continuava com o “República dos Estados Unidos do Brasil”, já com o S ao invés do Z de sua antecessora.
O Museu de Fernandópolis ainda possui uma moeda bem mais antiga do que essas. Porém essa não foi produzida na Casa da Moeda do Brasil e sim em Portugal, na época da colonização.
Quem também possui um bom acervo de moedas antigas é Iracema Guimarães Medrado, afilhada de Lucineia Pereira Arruda, filha de um dos fundadores de Fernandópolis, Joaquim Antonio Pereira.
Com a morte de sua mãe, Iracema acabou sendo criada por Lucineia e herdou dela uma série de moedas e notas antigas que ela guardava em sua casa.
“Minha mãe tinha a mania de guardar dinheiro. Quando ela faleceu nós encontramos vários bolos de notas enrolados e guardados nos bolsos de alguns paletós, outros embaixo da cama e um baú cheio de moedas. Ela perdeu muito dinheiro, pois naquela época tudo aquilo já não valia nada, mas nós guardamos como recordação”, contou ela.
No acervo de sua mãe, Iracema encontrou moedas de 2 cruzeiros, de 1943 e notas de 100 cruzeiros, do mesmo período, além de dezenas de moedas de cruzados já do ano de 1988.