Para muitos o Natal já não tem mais a mesma magia de tempos remotos, mas, para as crianças de Fernandópolis e para o próprio Papai Noel, que recebeu as chaves da cidade no última segunda-feira, 14, a data continua com o mesmo poder transformador. Em sua casinha, completamente decorada e com ambiente climatizado, o Papai Noel reconhece sua importância na vida dos pequenos, e até mesmo dos mais grandinhos. “Sempre pergunto se eles (crianças) têm respeitado os pais, se tem se dedicado na escola, se tem comido certinho e se torna uma espécie de troca. É o poder transformador do Natal. As crianças saem de lá com o desejo de serem pessoas melhores em casa, na escola, com o amiguinhos, enfim. Mas tem muitos pais que acreditam mais no Papai Noel que os próprios filhos”, contou ele.
Mas, a vida do Papai Noel de Fernandópolis não sido feita apenas de sorrisos e palavras de positivismo. Por muitas vezes a emoção toma conta e deixa o próprio bom velhinho, tão acostumado ao espírito contagiante do Natal, emocionado. “É uma emoção a cada dia. Alguns são mais tímidos, porém outros já chegam com um largo sorriso no rosto e corre de braços abertos em minha direção. Tem ainda aqueles que se jogam no meu colo. Dou balas a eles e, por incrível que pareça, alguns voltam com outros doces para me retribuir. Porém, o que mais me emociona todos anos são os pedidos inusitados. Um garoto me pediu um emprego para o pai dele para que pudesse comprar comida a eles e seus irmãos. Lembro ainda que no ano passado, aqui em Fernandópolis, uma moça me interpelou sobre a rampa de acesso para sua mãe, uma idosa que já não podia chegar até mim com facilidade. Eu indiquei a rampa, mas como estava chovendo ela pediu para que eu ao menos saísse na porta da casinha e acenasse para sua mãe que estava no carro. Fiz questão de ir até lá, fiquei todo molhado, mas ela me deu um forte abraço, após ficar alguns minutos travada e isso é compensativo, transformador. Foi uma experiência marcante muito mais para mim do que para ela”, disse o velho Noel.
O Papai Noel recebeu a chave da cidade das mãos da prefeita na segunda-feira e tem atendido um grande número de crianças na Praça Joaquim Antônio Pereira. Segundo ele, o atendimento tem horário para se encerrar apenas no papel. “Na teoria eu devo ficar até às 23h. Mas, não deixo ninguém sair de lá sem uma foto. Enquanto tiver uma criança do lado de fora esperando para me ver eu não saio da casinha. Esse é o espírito do Natal. Eu sei dessa importância, por isso me divirto com eles e não saio enquanto o último tenha sido atendido”, destacou.
Além dos pedidos variados, que vão de simples balas – ou até um emprego- a tablets, celulares e brinquedos mais caros, o que também surge são perguntas curiosas por parte da criançada. “Muitos querem saber como faço para ir embora e por onde eu saio. Conto que é pela chaminé e eles ficam surpresos”, disse.
Por recomendação da Polícia Militar, o bom velhinho não pode usar seu trenó para ir até os bairros mais afastados do centro da cidade. O transporte trata-se de a parte traseira de um Fusca, todo vermelho e enfeitado. Ainda assim, o bom velhinho também tem saído a pé pelas ruas visitando o comércio e levando um sorriso e uma palavra de esperança mantendo viva tradição natalina na cidade e aflorando os sentimentos bons.
TRABALHO DURO
CIDADÃO acompanhou os 15 dias de preparação da decoração natalina da praça, diga-se de passagem, uma das mais equilibradas no que tange à beleza e baixo custo. Com destaque para o trabalho de seis pessoas chaves na decoração da Praça da Matriz, José Pistili, Marcelo Longo, Juliana Matos, Ilair Tosta, Renata Cardoso e Maria Cirlei, que fizeram “mágica” para conseguir proporcionar o encanto do Natal através das luzes e da decoração de bom gosto. Sem praticamente nenhum recurso – foram adquiridos 580m de mangueiras luminosos-, os servidores municipais tiveram de ser criativos e ao mesmo tempo inteligentes. No barracão do almoxarifado, eles reutilizaram toda uma parafernália decorativa de anos anteriores, inclusive luzes da época do saudoso ex-prefeito e educador, Armando Farinazzo. “A prefeita nos deu carta branca para criar sem gastar e fizemos isso. Colocamos toda nossa energia em cada canto da praça para não deixar morrer essa tradição do Natal e esse espírito natalino, que chamamos de ‘Natal das Estrelas’. As pessoas vêm usufruir seus sonhos aqui, por isso fizemos tudo que podíamos, leve e nada poluído. Este ano com certeza foi bem equilibrado entre beleza e baixo custo”, destacou Pistili, que trabalha na contabilidade da Prefeitura.
Pistili lembrou ainda de agradecer todo o comércio da cidade e em especial a Clima Cold, que proporcionou o ar condicionado da casinha do Papai Noel e o Ferro Velho São Paulo que colaborou com a confecção do trenó.