Hoje na Série Som da Terra vamos contar a história de mais um dos poucos músicos de Fernandópolis que conseguem sobreviver apenas de sua paixão: a música. Com exceção de um período de pouco mais de um ano em que trabalhou em uma fábrica de alimentos, Sérgio Márcio Kamiyama, sempre se dedicou puramente à música, um dom que se tornou seu ganha pão.
Paranaense de Nova Esperança, município de 28 mil habitantes, Sérgio veio para Fernandópolis ainda no colo de sua mãe Leandra, já acostumada com as frequentes mudanças em virtude do trabalho autônomo do marido Shobu Kamiyama, que tirava seu sustento da agricultura familiar. Sérgio, o caçula de uma família de 10 irmãos, teve influência do próprio pai, nascido em Tókio, que executava o Koto, instrumento japonês, e também da família da mãe, sertanejos e devotos de Santos Reis.
Logo nos tempos de estudante, Ivonete, Coronel e EELAS, Sérgio já se destacava pelas composições de paródias em trabalhos e concursos na escola. Com o violão de sua irmã Hide, cujo primeiro acorde foi ensinado pelo primo Fernando Barnabé, logo aos 10 anos ele começou a aprender a tocar com Tim Marques, músico já destacado em nossa série. Com afinidade com o violão, ele queria mesmo uma guitarra e logo se apaixonou pelo instrumento, no qual gostava de tocar as músicas do Blitz, RPM, Ultrage a Rigor, etc. Nesta época, ele e alguns amigos criaram a Banda Plantão, que se apresentava apenas na casa de parentes. Num desses ensaios, para dublar a banda Kiss, os meninos passaram pasta de dente para pintar o rosto e quase choraram tamanha ardência. Na apresentação da escola, foram de cara limpa mesmo.
Já aos 11 anos o talento promissor de Sérgio Kamiyama começava a render frutos. Após algumas apresentações no Festival Brahma, da Rádio Difusora, um programa de calouros aos domingos, o músico Valdecir Pateis – também já destacado na Série Som da Terra –, que acompanhava os calouros com o violão, ficou impressionado com o talento de Sérgio Kamiyama e o indicou para a banda do filho Farelo, que possuía uma banca de jornais onde Sérgio comprava as revistinhas de música para estudar em casa. Mesmo com 13 anos, ele viajou até mesmo para os estado de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais como guitarrista do grupo de forró Terra Super Som, que depois se tornara Plataforma.
Cantor, guitarrista, baixista e compositor, Kamiyama ainda passou pelas bandas Repto, que se tornou Beco até chegar na Sr. Pestana, em 1998, uma dos mais notórios grupos musicais e, indubitavelmente, a maior e melhor banda de rock que Fernandópolis já teve. Com a banda, Sérgio gravou seu primeiro trabalho autoral, um CD com 14 faixas, e chegou a participar do Programa de Amaury Jr, em rede nacional.
Após quatro anos de muito sucesso regional, a Sr. Pestana chegou ao fim. “Cada um dos integrantes seguiu seus próprios projetos pessoais, buscou suas carreiras, mas foi algo bem legal, até hoje somos muito amigos e temos muitas histórias para contar”, disse Sérgio.
E a amizade que o músico cita é tamanha que os integrantes da Sr.Pestana, o presidente da Câmara André Pessuto, o luthier Glauber Borrachini, os produtores Bethoven e Fabrício e o técnico de som Tuta (que fazia parte da banda da escola) já estão estudando a possibilidade de realizarem um show como forma de unir o grupo novamente para matar saudades.
Na estrada da música, Sérgio Kamiyama não ficou restrito apenas ao rock and rool e teve a oportunidade de conhecer e tocar junto com Pena Branca, que fazia dupla com Xavantinho (in memoriam), uma vez que a dupla era atendida pelo pai de Sérgio, que se tornara um especialista em massagem para coluna em São Paulo, tendo atendido outros artistas como Antônio Hermírio de Moraes e Elizabeth Savalla, por exemplo.
Além da dupla, ele fez alguns shows com Rivaldo e Ricardo e Rosimar e Rosicler.
Atualmente Sérgio leva uma vida mais sertaneja, morando em uma chácara com a esposa e as filhas, no entanto, segue mais um projeto promissor e reconhecido em toda região de Rio Preto: a banda Velho de War.
Na companhia de Ronaldo Thomé, Eduardo Pessota e Renato Noel eles não ficam um final e semana sem tocar e gozam de prestígio na cidade como o melhor grupo musical da atualidade em Fernandópolis. A receita do sucesso? Fazer o que gosta. “Temos um padrão definido, todos tem experiência e já tocaram com outras bandas. Hoje em dia tocamos apenas o que gostamos e compartilhamos do mesmo gosto”, disse Kamiyama, na tentativa de explicar o sucesso da Velho de War que já tem nove anos na estrada.
O próximo show da banda, em público, será no próximo dia 20 na Sextamix do Assary em Votuporanga.
Além da carreira como cantor, compositor e guitarrista, atualmente Sérgio se dedica a repassar tamanho conhecimento adquirido a jovens alunos na Escola de Música Flávio Boni. “Sempre que subi ao palco foi para me divertir e fazer o que sei com amor. Assim sempre passamos uma energia positiva ao público”, concluiu Sérgio, que guarda várias relíquias em seu estúdio como CDs, cartazes e LPs.
RAIO X
Nome: Sérgio Márcio Kamiyama
Cidade natal: Nova Esperança-PR
Esposa: Mariza Helena Torsani Kamiyama
Filhos (as): Lívia e Laura
Profissão: Músico e professor
Comida predileta: Churrasco
Um hobby: Cuidar da chácara
Um esporte: Futebol
Uma música: Coming back to life – Pink Floyd
Um cantor: Rod Stewart
Um ator: Tony Ramos
Um ídolo: Meu pai
Um político: Nenhum
Um filme: De volta para o Futuro
Um perfume: Samourai
Uma frase: Quanto maior sua necessidade menor sua liberdade
Um personagem marcante: Pena Branca
Um defeito: Preguiça
Uma qualidade: Prestatividade
Um programa de TV: Altas Horas
O que gosta de fazer nas horas vagas: Inventar comidas
Do que tem saudade: De brincar na rua
Um sonho: A paz Mundial
Fernandópolis é: Quente