Aer José Trindade: o precursor da urologia na região de Rio Preto

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Aer José Trindade: o precursor da urologia na região de Rio Preto

Se existe uma lenda viva da urologia em Fernandópolis, esse alguém é Aer José Trindade. O médico é, ao lado de Hélio Franciscon, o que atende há mais tempo na Santa Casa de Fernandópolis: desde o dia 13 de janeiro de 1970. Aer, que atualmente é chefe da Clínica de Urologia do hospital, foi diretor clínico por três vezes, médico do estado por 30 anos, chefe do ARE – Ambulatório de Referência em Especialidades – (atual AME), presidente do Rotary Clube Fernandópolis e presidente do FFC, equipe da qual chegou a ser convidado para ser jogador quando chegou à cidade.

Filho de Durval José Trindade e de Alzira Godoi Trindade, lavradores, Aer nasceu numa fazenda (no Córrego do Retiro) em Sebastianópolis do Sul – embora tenha sido registrado em Poloni-SP-, no dia 25 de fevereiro de 1942. Influenciado pela professora “Dona Zinda” desde os tempos do primário, logo aos sete anos o urologista já sonhava em ser médico. “Desde pequeno já tinha total apoio dos meus pais e avós. Na época, trabalhava na roça e o médico tinha muito valor, era respeitado, era como um ‘Deus’”, lembra Aer.

Em 1961 prestou o primeiro vestibular de medicina na USP de Ribeirão Preto, no entanto, não passou. Determinado a se tornar médico, no ano seguinte novamente ele prestou o vestibular e entrou na faculdade, já bastante valorizada naquela década. Depois de formado, ele protagonizou um de seus maiores orgulhos na vida. “Prestei um concurso para trabalhar no Hospital das Clínicas em São Paulo e passei em 2º lugar. Havia apenas 10 vagas e cerca de 100 candidatos”, contou.

Embora represente muito na carreira do médico, no bolso não representava tanto assim. Com ele próprio diz “numa pindura danada” ele ficou por pouco tempo no hospital e logo conseguiu uma vaga para residência médica no Hospital dos Servidores, também na capital, onde já ganhava relativamente bem e era chamado de “rato de hospital”- pela dedicação e curiosidade em aprender de tudo.

Especializado e sem saber para onde ir ele tentou arrumar trabalho em cidades como Ribeirão Preto e Araçatuba onde o enxergaram como concorrente e lhe fecharam as portas. Ele chegou a procurar emprego em Votuporanga, mas acabou sendo mal recebido, embora fosse o primeiro especialista em Urologia da região de São José do Rio Preto. Em Fernandópolis, a história foi diferente. Aer reencontrou os amigos de faculdade José Anésio Faleiros e foi muito bem recebido pelos médicos Paulo Sano, Paulo Conrado, Antônio Garcia, Theodósio e Baraldi. Já atendendo na Santa Casa, o mundo deu voltas e Aer foi convidado para atender – pelo menos uma vez por semana – em Votuporanga. Além da vizinha cidade ele ficou atendendo paralelamente por cinco anos em Jales. Embora já com seus 73 anos e aposentado há duas décadas, o urologista permanece na Santa Casa atendendo ininterruptamente, inclusive no pronto socorro como clínico geral. O motivo de tanto trabalho incessável? O amor a profissão. Questionado sobre o motivo de tanto trabalho, ele foi categórico. “É minha paixão, é onde tenho vontade de estar todos os dias”. Realizando cerca de 30 procedimentos cirúrgicos por mês – chegou a fazer cinco por dia-, na grande maioria de cálculo renal e de próstata, ele contagia os mais jovens pelo amor à profissão e disposição. O médico destaca que, atualmente os homens estão mais conscientes quanto aos exames para diagnóstico precoce e lembra passagens inusitadas. “Hoje o pessoal está mais esclarecido e o tabu está quase acabando, embora ainda tenha alguns resistentes. Uma vez um mineiro chegou no consultório e disse que se eu colocasse o dedo nele ele me dava um tiro, e mostrou o revólver. Anos depois acabou se tornando meu paciente”, contou.

Apaixonado pela profissão e um exemplo para os que sonham em ser médicos, o urologista aconselha os mais jovens. “Estudem! Estudem sempre, pois a medicina é muito dinâmica. Não pode parar no tempo. E, quando médicos, trabalhem pelo amor e realização de ajudar as pessoas. Se tiver pensando em ser médico para ganhar dinheiro não se torne médico, seja comerciante”, frisou.