Com o mundo digital, brincar é mais importante do que parece

20 de Agosto de 2025

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Com o mundo digital, brincar é mais importante do que parece

Todo mundo já ouviu dizer em algum momento da vida que a “o trabalho da criança é brincar”. Pois é, a frase nunca foi tão levada a sério quanto agora. Nos últimos anos, com “boom” da tecnologia digital e, consequentemente, a  facilidade de acesso aos gadgets - dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, leitores de MP3, entre outros-, as crianças estão mergulhando nesse ambiente digital cada vez mais precocemente, e deixando de lado as brincadeiras lúdico-pedagógicas de lado. Se há alguns anos ver uma criança brincando com um pião, pulando corda, amarelinha ou brincando de cobra cega já era raro, hoje em dia então nem se fala!. As ruas estão mais desertas e nem mesmo as mais tradicionais brincadeiras como pega-pega, esconde-esconde, peças de montar, carrinhos e bonecas fazem parte do cotidiano da criançada que quer cada vez mais os brinquedos virtuais.

Para saber os reais prejuízos para as crianças e a importância redobrada que o ato de brincar ganhou, nós ouvimos a psicopedagoga Graziela Zantedeschi Mazeti, proprietária da Clínica Centro de Integração Terapêutica e professora da FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis.

 

Quais os reais benefício dos brinquedos lúdico-pedagógicos na educação e desenvolvimento das crianças?

Para um bom desenvolvimento da aprendizagem é necessário que a criança brinque. O brincar estimula o relacionamento afetivo e social, o desempenho cognitivo e motor, além de ser uma maneira prazerosa de aprender. Por isso é preciso entender, que, a brincadeira é importante no processo ensino/aprendizagem, pois é através dela que se aprende regras, limites, diálogo e respeito. Na escola, o brinquedo lúdico é utilizado como recurso pedagógico que irá proporcionar o aprender e também ajudará na interação com o outro, na atenção/concentração, no raciocínio lógico, no desenvolvimento de habilidades como memorização, percepção, criatividade, comunicação e expressão.

Como a falta deles pode afetar essa geração futuramente?

Na minha opinião, o não brincar pode deixar algumas crianças mais sérias, menos imaginativas, sem sonhos, sem desejos, menos criativas, com dificuldades na atenção, complicadas na interação social e no entendimento às regras. É importante que a criança brinque, pois a deixa com brilho nos olhos, com sorriso na cara, com mente ativa e corpo saudável, ou seja, a deixa feliz!

Os pais reclamam ser impossível evitar os gadgats aos filhos, principalmente pelo fato dos coleguinhas terem smarthphones ou tablets. Mas como equilibrar as atividades das crianças entre a tecnologia e os tradicionais brinquedos?

Hoje em dia, para a maioria dos pais é cômodo deixar seu filho em casa no tablet, no computador, no videogame e ir trabalhar, pois as crianças ficam quietas, não incomodam e não ficam fazendo “arte”. Mas nesse caso, apesar dos pais saberem disso, preferem ficar sem preocupação. Para que isso não aconteça é necessário colocar horário (o que não é fácil) e organizar uma rotina, que a criança tenha outras atividades, outras obrigações e compromissos, pois se colocarem horário sem rotina diária os pais terão trabalho dobrado, por isso acaba não dando certo e cedem em deixar seu filho ficar direto na tecnologia digital. Uma dica importante para diferenciar as atividades da criança seria de preferência, quando estiverem juntos, pais e filhos, num final de semana, num feriado, brincarem, resgatar as brincadeiras que aprenderam na infância e ensinarem seus filhos uma brincadeira de roda, um “passa anel”, pular corda, elástico, amarelinha, rodar bambolê, “batata quente”, “gato mia”, jogos de tabuleiro, estátua, quebra-cabeças, dentre outros que são muito importantes para a interação pais e filhos como para o desenvolvimento psicomotor.

Existe alguma diferença entre brinquedos para crianças especiais, ou os efeitos são os mesmo para as crianças?

Não existe brincadeira diferente, todos podem brincar. Somente deverá ser tomado os devidos cuidados específicos para cada deficiência e a brincadeira adaptada, se necessário. Por exemplo, um deficiente visual com perda da visão total pode brincar de “gato mia”(a brincadeira acontece no escuro), mas caso for brincar de “batata quente” seria interessante a bola ser de guizo (com barulho). Depois é só curtir e brincar.

Qual a idade ideal para presentear a criança com um “brinquedo digital”?

Atualmente com a tecnologia em alta, a criança já nasce vendo os pais mexendo no celular, no tablet, no computador; então isso está inserido no dia a dia da criança. Sabe-se que os simples manuseio e os aplicativos dos tablets, smarthphones ajudam no desenvolvimento neuromotor, melhorando a coordenação visomotora, a atenção, o desenvolvimento cognitivo, mas tudo deve ser claramente dosado. Sobre a idade certa, vai depender muito do contexto familiar da criança, pois o ideal é perceber o quanto é importante aquele brinquedo digital para ela, e se caso for presentear, já no primeiro momento, impor horários e regras para não haver de início nenhum isolamento por parte do filho e nenhuma “dor de cabeça” futura para os pais. Então a criança já saberá das suas obrigações e compromissos com esse tipo de brinquedo. Alguns especialistas da área de terapia infantil costumam dizer que o aconselhável seria presentear após os 7 anos, porque a criança já começa a ter uma consciência do que é certo e errado e também pode cuidar melhor do aparelho. E as crianças menores, enquanto isso, podem brincar com o equipamento digital dos pais. Mas fica mais uma dica para os pais não esquecerem: priorizem as brincadeiras lúdicas!