Som da Terra: Na batida da “batéra” e no tinido da viola

20 de Agosto de 2025

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Som da Terra: Na batida da “batéra” e no tinido da viola

Dizem que a música é um eterno aprendizado, onde a experiência garante qualidade e superioridade, claro, quando atrela-se à dedicação. Se levada à risca, essa máxima garante dois pontos de vistas contraditórios na vida de dois talentos promissores de Fernandópolis. Eric Vinícius Rafael, 11, percussionista da Osfer – Orquestra de Sopros de Fernandópolis-, e o violeiro Juan Avelino de Souza, 10, da Orquestra de Violas, ainda são crianças, no entanto, carregam com eles  responsabilidades de adulto, além de já tocar feito ‘gente grande’. Se por um lado eles possuem pouca idade, o que na teoria indicaria pouco conhecimento musical, a qualidade precoce de ambos lhes garantem um futuro mais que promissor.

Guardadas as devidas proporções, ambos tiveram influência musical de berço. Eric é filho do radialista e músico Rafa e cresceu ouvindo o pai cantar. “Um dia eu fui até a Ponto Musical comprar um acordoamento e levei o Eric, até então com quatro anos. De repente quando olhei para trás eu o vi tirando um som bacana em uma dessas mini-baterias profissionais. O Evandro, proprietário da loja, ainda brincou dizendo que ele seria baterista, como de fato ocorreu”, contou o pai de Eric.

Rafa lembra ainda que sempre deu tempo ao tempo, esperando o filho descobrir sozinho com qual instrumento iniciaria sua vida na música. “Eu já tinha o levado na Osfer e ele se deu bem com um bocal de trompete que o maestro Fernando Paina deu para ele treinar, mas eu queria introduzi-lo à música para melhorar o rendimento escolar em matemática. Ele começou a fazer aula de percussão e melhorou bastante, não só neste ponto como também na timidez. Ele chegava a andar de cabeça baixa, não abria boca para falar e falava mordendo os lábios de tanta vergonha. Agora, perdeu a timidez, se comunica bem e já tocou para grandes plateias sem nenhum constrangimento”, destacou Rafa.

Já o jovem violeiro Juan, discípulo de Tião Carreiro, sempre gostou de ouvir música raiz e descobriu a paixão pela música graças ao pai, também amante da moda caipira, que comprou um karaokê. “Tinha um monte de músicas, mas eu só cantava as do Tião Carreiro e do Almir Sater”, disse Juan, que tinha ainda influências do bisavô Dionísio e do um tio maestro Ademílson.

A mãe de dele, Elizandra Karina Avelino de Souza, lembra-se do filho ainda mais novo dando indícios de que seria músico. “Ele cantava e pedia para que eu o levasse no Programa do Raul Gil”, contou bem humorada.

Eric, amante do rock, toca cerca de 25 instrumentos de percussão na Osfer, tendo a bateria como grande paixão. Embora jovem, ele já integra a banda principal da Orquestra, tendo estreado em 2014, logo de cara, no aniversário da cidade. De lá para cá, tocou em vários concertos, tanto na banda principal quanto na banda jovem, onde é chefe de nipe, auxiliando os iniciantes.

Juan, por sua vez, está na Osquestra de Violas há seis meses. “Nós colocamos ele para fazer aula de violão com o Tito, mas logo na primeira aula ele ficou encantado com a viola e não pegou mais o violão”, lembrou Rinaldo Lopes de Souza, pai de Juan que realiza por meio do filho um sonho próprio de tocar viola.

Além da satisfação pessoal e paz interior que só a música proporciona, ambos tiveram outros benefício após mergulharem nesse mundo. “O Juan sempre foi dedicado. Tudo que pega para fazer ele termina, aprende tudo muito rápido e a música fez dele um menino mais responsável, atencioso e educado. Pega essa viola o dia todo, por isso eu digo que ele vai se dar bem na vida, seja coma música ou não”, destacou a mãe Karina.

Eric, por sua vez, além de ter superado a timidez, está superando outro comportamento que ele mesmo acredita que o atrapalha: a ansiedade. “Na minha estreia com a banda principal eu cheguei a passar mal, pois não havia comido. Ficava dias pensando na apresentação. Foi uma experiência que serviu para eu saber que devo ficar mais calmo e  me preparar mais antes de tocar. Agora tento pensar em outras coisas, pois sei que isso pode me atrapalhar”, disse ele.

Seja tocando no som da bateria ou no tinido viola, fato é que a música continua dando provas de seus benefícios, tanto de socialização quanto aos ganhos pessoais, além, claro, do bem que faz aos ouvidos do público e dos pais, que não escondem a emoção e o sorriso mais puro, de criança, ao falar de seus filhos.

RAIO X

Nome: Eric Vinícius Rafael

Cidade natal: Fernandópolis

Profissão: Estudante

Comida predileta: Sorvete

Um hobby: Tocar percussão

Um esporte: Basquete

Uma música: Hino Nacional

Um cantor/banda: Pink Floyd

Um ator: Jim Carrey

Um ídolo: Meu pai

Um político: Nenhum

Um filme: O Rei Leão

Um perfume: Ulric de Varens

Uma frase: “A vida é dura para quem é mole”

Um personagem marcante: Evandro Angeluci

Um defeito: Ansiedade

Uma qualidade: Paciência

Um programa de TV: TV Globinho

O que gosta de fazer nas horas vagas: usar o celular

Do que tem saudade: da Kila, cadelinha da minha avó

Um sonho: Tocar bateria profissionalmente com meu pai

Fernandópolis é: Quente

 

RAIO X

Nome: Juan Avelino de Souza

Cidade natal: Fernandópolis

Profissão: Estudante

Comida predileta: Lasanha

Um hobby: Jogar videogame

Um esporte: Futebol

Uma música: Chora Viola – Tião Carreiro e Pardinho

Um cantor: Tião Carreiro

Um ator: Guilherme Winter

Um ídolo: Minha avó Neusa

Um político: Nenhum

Um filme: Homem Aranha

Um perfume: Joop

Uma frase: “Quem não gosta de viola brasileiro bom não é”.

Um personagem marcante: Batman

Um defeito: Chato

Uma qualidade: Violeiro

Um programa de TV: A Hora do Faro

O que gosta de fazer nas horas vagas: Tocar viola

Do que tem saudade: Do meu amigo Nelson que me incentivou a tocar viola

Um sonho: Ser um violeiro famoso

Fernandópolis é: minha origem