Waldecir Pateis: o patriarca da música em Fernandópolis

20 de Agosto de 2025

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Waldecir Pateis: o patriarca da música em Fernandópolis

Impossível falar de música em Fernandópolis sem tocar no nome Pateis. Considerado pelos demais músicos da cidade como o “patriarca da música” em Fernandópolis por ter sido um dos primeiros a ter destaque na cidade, abrindo caminho para os demais, Waldecir Pateis de França, 70, nasceu em Fernandópolis no dia 5 de agosto de 1945.

Seu pai, que era flautista, teve 19 filhos, mas chegou a criar 12, seis homens e seis mulheres. Cinco filhos herdaram o talento do pai. Waldecir, o caçula dos homens, começou a tocar seu primeiro instrumento aos cinco anos de idade e nunca mais parou. Ele conta que era impossível não esbarrar nos instrumentos que ficavam espalhados pela casa, principalmente pela curiosidade de criança. Tudo começou com um cavaquinho, depois passou a dominar boa parte da família dos instrumentos de cordas: bandolim,

guitarra, violão, violino e baixo.

Não demorou muito para que ele se juntasse aos irmãos para tocar nos bailes da cidade.

Na adolescência, se uniu a amigos do colégio (Wanderlei Angelucci, José Sérgio, Hirami, Wanderlei Alves) e formaram a banda The Black Falcons, cuja influência maior era os Beatles. A banda chegou a se apresentar durante uma semana na extinta Tv Tupi, uma grande conquista para época. O primeiro show em comício foi no de Leonildo Alvizi.

Depois de oito anos, essa banda se desfez e Pateis passou a fazer parte de outra: a The Hells. Nesta, ficou por cinco anos e acabou aceitando o convite para tocar em um conjunto de Votuporanga, conhecido como Banda Hellos, em que permaneceu também por oito anos.

Foi num desses bailes da vida que Waldecir conheceu sua esposa, Regina Célia Gazeta de França com quem se casou em 1972. No meio do público, entre uma música e outra, ela jogava papéis de bala em Pateis para chamar sua atenção.

Meses mais tarde, o desafio era ir até a casa da moça namorar sem deixar que o sogro soubesse, já que não podia ouvir falar o nome Pateis. “Fiz um combinado com meu cunhado. Ele me ajudava vigiando o sogro enquanto eu fazia serenata para Regina e em troca eu fazia serenata na casa da namorada dele também. Era quase todos os dias e quando o meu sogro perguntava de onde vinha o som, minha sogra e minha esposa diziam que era do rádio da vizinha”, lembrou Pateis aos risos.

Dessa união eles tiveram dois filhos: Alessandra e Renato. Com o filho caçula, o Noel, a tradição da família voltou a se repetir. Ao lado do filho, contrabaixista, Pateis tocou até 2008, até que decidiu sair de vez da banda e também se aposentar do seu ofício de alfaiate. Antes disso, Pateis ainda conseguiu a incrível marca de tocar 50 carnavais (de 1963 a 2003), na época em que ele mesmo diz que o carnaval era “de verdade”. “Com todas as bandas em que toquei e, principalmente com a Swing da Terra, que eu mesmo criei, eu toquei nos verdadeiros carnavais, com as famosas marchinhas e desfile de rua. Hoje em dia mudou tudo e toca de tudo”, frisou, lembrando as marchinhas preferidas: Máscara Negra, Saca Rolha, Cabeleira do Zezé e Jardineira.

Se contabilizados apenas os shows em carnavais (geralmente cinco noites e duas matinês), que tinha duração de 5h cada um, Pateis tocou seus instrumentos de cordas por 1.750h, nos 50 anos consecutivos de carnavais em Fernandópolis e região.

Número expressivo também é o de instrumentos de cordas executados por ele: guitarra, bandolin, contra-baixo, violão, viola e violino, o qual ele ainda toca em casamentos atualmente.

Pateis lembra ainda que nunca viu ninguém em Fernandópolis, além dele, que toca o bandolin. “Além do bandolin, outros de corda que eu toco é sarilho de poço e sino de igreja”, disse ele, seguido de uma forte e peculiar gargalhada.

Com um senso de humor contagiante, o músico consegue fazer piadas com tudo a sua volta e, principalmente com música, tanto que apelidava todos os componentes da banda e até mesmo algumas comidas como: tambor de revólver ou moleque ligeiro (quiabo), paletó de maloqueiro (carne seca), nariz de palhaço (tomate), arca de Noé (carcaça de frango), saia da baiana (alface) e relógio de pulso (ovo frito).

Para Pateis, que ainda introduziu os sobrinhos na música – com os quais formou a banda Os Patheis Banda Show- e influenciou vários outros renomes da atualidade em Fernandópolis, a música é essencial em seu dia a dia. “Sou apaixonado por música. Já até trabalhei como guia de cego tocando violão para um idoso em Santa Fé do Sul. Gosto de qualquer estilo, preciso de música todos os dias. Estou nessa vida há muito tempo e meus amigos brincam dizendo que toquei no aniversário de 15 anos da Dercy Gonçalves”, brincou.