Administrar. Do latim administrare, gerir, governar, reger negócios públicos ou privados. Palavra muito em moda hoje, tanto na esfera federal (onde muito se tem criticado a presidente da República), quanto nas esferas estaduais (crise hídrica, por exemplo) e municipais.
Na iniciativa privada, esta palavra, maioria das vezes, é sinônimo de sucesso e lucro. Objetivo maior de qualquer empresa pública (pelo menos deveria ser administrada como uma empresa) quanto de uma empresa privada. Esse sucesso pode ser medido através de satisfação dos clientes, crescimento da empresa, lucro obtido, projetos de expansão, etc.
Em Fernandópolis não é diferente. Vimos nos últimos meses trocas de administradores por diversos motivos. Temos como exemplos recentes a Unimed Fernandópolis, a FEF e a Santa Casa, somente para ficar nos mais comentados.
Todos essas alterações foram devido a graves problemas que essas empresas passavam e por um motivo ou outro, que não vem ao caso, agora resolveram trocar a administração para tentar sair da situação em que se encontravam.
Um dos casos mais comentados na cidade, já há algum tempo, é a administração da Unimed Fernandópolis, efetuada por José Rodolfo Brianez que em pouco mais de 20 meses colocou a empresa nos trilhos.
Quando assumiu, em 2013, a cooperativa médica apresentava um prejuízo de R$5.253.824,80. Um ano depois de assumir, a empresa saiu do prejuízo de milhões, para um lucro de R$34.509,26.
“Investigamos e chegamos à conclusão que o primeiro fato a ser destacado é o foco em utilizar as técnicas administrativas aliadas ao perfil profissional do administrador. Em seguida a capacidade de lidar com dificuldades e conflitos e conseguir resolvê-los com o objetivo claro de melhorar o resultado da empresa e a manter a equipe unida. Foco no cliente ou no caso usuário é outro item que fez diferença. E para finalizar, sempre estar aberto e apto a acompanhar as mudanças do mercado”, explicou José Rodolfo Brianez, administrador da Unimed Fernandópolis.
Os médicos cooperados da Unimed são praticamente unânimes em atribuir a administração profissionalizada o resultado de tal mudança. E a sociedade fernandopolense parece concordar com essa posição.
“Nós, que estamos de fora, percebemos que as coisas agora estão sendo tratadas com seriedade na Unimed. Isso fantástico, pois se trata de uma empresa muito importante para nossa cidade, que gera muitos empregos. Em situações como essas que notamos a importância do administrador”, disse o chefe da Ouvidoria Municipal Flávio Coppi.
FEF
Não obstante a diferença no tamanho do entrelace financeiro, o trabalho desenvolvido na FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis – pelos novos administradores, estes nomeados pela justiça como interventores, tem mantido uma das maiores fontes de renda do município de pé.
Titosi Uehara, Antônio Carlos Cantarela, José Poli e Antonio Batista Cézar têm se desdobrado para equilibrar a situação, tarefa difícil diante do rombo deixado e da atual crise no setor educacional privado no país.
“Aceitamos o desafio para administrar a FEF, pelo menos neste período de intervenção judicial, e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para colocá-la de volta nos trilhos. Atualmente, nossa principal dificuldade está na gigantesca dívida trabalhista e também a tributária que é muito elevada”, explicou Titosi.
De acordo com Titosi, o melhor modelo de administração é a que traz transparência à empresa administrada.
“Dessa forma se conquista credibilidade com os colaboradores, pois eles acompanham tudo o que está acontecendo na empresa e assim se motivam por ela. Trabalho há 51 anos em uma empresa e sempre trabalhamos dessa forma, com transparência e diálogo com os colaboradores, desde o mais humilde funcionário até o do mais alto escalão e tem dado certo”, completou o administrador.
Os dados precisos sobre a atual situação financeira da instituição ainda não podem ser apresentados, diante da necessidade de acordos trabalhistas para o total equilíbrio das contas. Porém, a grande esperança da instituição está diretamente ligada aos alunos, o verdadeiro patrimônio da FEF, segundo Titosi.
“O maior patrimônio da FEF são os alunos. Por isso estamos esperançosos em relação ao próximo vestibular (01/11/2015), pois trabalharemos para trazer ainda mais alunos para a instituição. E melhor, além do patrimônio alunos, temos como o maior bem de nossa instituição os colaboradores, que realmente vestem a camisa e dão o seu melhor”, concluiu.
SANTA CASA
Na Santa Casa o trabalho é comandado por Wládia Prandi Franco. O principal questionamento à administradora do único hospital público de Fernandópolis, sem dúvida é: Como administrar uma empresa onde a defasagem dos repasses do principal cliente (o SUS) não cobre 60% dos seus gastos? Para ela, a resposta é: compromisso social.
“Tem que gostar de gente e querer melhorar a vida das pessoas. É necessário acreditar que é possível e, a partir de organização e método, trabalho e seriedade na gestão utilizar recursos de forma correta, o que é de extrema importância quando os recursos são insuficientes. Temos que reduzir muito as perdas e gastos desnecessários. Hoje a Santa Casa de Fernandópolis reduziu seus gastos em R$ 80.000,00 em três meses e ainda é necessário reduzir mais e o faremos. Outro ponto fundamental é melhorar o faturamento hospitalar que, nesse mesmo período, obteve um crescimento da ordem de 30%”, disse ela.
Esses resultados foram obtidos com o planejamento e organização setorial. “O planejamento estratégico da instituição deve focar cada setor separadamente com suas deficiências e prioridades, apontar metas com prazos definidos. Depois de cada setor organizado, o hospital como um todo passa a funcionar como uma engrenagem bem lubrificada onde há que se ter visão integrada de todos os serviços e compromisso com a equipe multiprofissional, além de conhecer aspectos éticos e legais que envolvem a situação”, explicou.
Ainda assim, segundo a administradora, a ajuda da comunidade é indispensável. “Precisamos contar com a ajuda da comunidade dos municípios que são atendidos pela Santa Casa e com repasses de emendas parlamentares. Aproveito a ocasião para convidar a todos que participem do jantar em prol da Santa Casa ‘A Boa Ação e a Boa Música’, no dia 31 de outubro, no Plaza Eventos, a um custo de R$ 90,00 por pessoa com direito a comida e bebida e a bela música de Cristiano Nichelle”, completou.