O país das belas artes e da diversidade cultural por vezes também pode ser postulado como o país da hipocrisia e ingratidão. No último dia do ano de 2012, durante gravação do especial “Fim de ano” do Programa do Ratinho, um fernandopolense elevou o nome da cidade para o mundo todo se apresentando num dos quadros do programa do SBT. No entanto, após um sucesso repentino e curto, o lado obscuro, até então desconhecido, passou a fazer parte da vida do cantor e dançarino fernandopolense, Edson Kitchier, que chegou a receber o apelido de “Rei do Remexe” do próprio apresentador Carlos Massa.
O artista se inscreveu para participar do Programa e apresentar sua música de trabalho “Mexe o Bumbum”, e sua performance ao dançar a música, com uma dança eclética criada puramente por ele, um estilo diferente e contagiante, que lhe garantiu a aprovação por parte do público do programa no quadro “Vem quem Quer” – onde o candidato mostra seu talento e se subir a audiência ou agradar a plateia, fica no palco intacto. Se for mal, é empurrado pelo “tataco”, uma espécie de braço mecânico de um gorila.
Encantando o público pelo seu jeito peculiar de dançar, o fernandopolense não apenas recebeu elogios dos jurados e do apresentador como também foi convidado a participar da caravana dos artistas do programa, se apresentando por todo o país em shows, espetáculos e festas de emissoras de rádio.
“Foi o apresentador Ratinho quem me lançou como Rei do Remexe, durante a apresentação no quadro Vem quem Quer, em rede nacional onde cantei minha música e fui aprovado pelo auditório. Depois disso, passaram a me chamar para compor o elenco de artistas e ganhei uma notoriedade ainda maior”, contou o cantor.
No entanto, junto com a notoriedade surgiram algumas críticas nas redes sociais de pessoas que se sentiram “envergonhadas” pela representatividade do fernandopolense na telinha. Em uma das postagens, um jovem fernandopolense disse: “Esse rei do remexe está desonrando Fernandópolis”.
Senão bastasse as agressões virtuais, que já tiravam o sono do artista, que no mínimo esperava reconhecimento por representar a cidade no programa de tamanha audiência em meio a artistas de todo país, Kitcher foi ameaçado pessoalmente enquanto fazia caminhada com a esposa, no Bairro Jardim São Francisco. “Há uns quatro meses, a gente estava caminhando e de repente um carro parou do meu lado e me perguntou se eu era o Rei do Remexe. Eu disse que sim e o rapaz disse que eu estava me aparecendo demais e que se eu não parasse eles dariam um jeito de sumir comigo. Fiquei dias sem sair de casa”, relatou.
Assustado, ele não conseguiu identificar os críticos, mas confessa que de lá para cá o medo tem feito parte de sua rotina. “Foi até por isso que resolvi procurar o jornal CIDADÃO. É uma dificuldade enorme conseguir viver da música, dou um duro danado e algumas pessoas não respeitam. Acham que envergonho a cidade, pois dizem que minha dança é vulgar, imoral e incita o homossexualismo. É uma dança sensual, diferente pois rebolo bastante, mas cada um tem sua forma de se expressar, não posso ser discriminado por isso. Queria apenas o respeito dos que não gostam”, desabafou o cantor.
Pai de dois filhos, Edson Kitcher, foi convidado novamente esta semana para integrar a caravana do Programa do Ratinho. Além disso ele aguarda o contato da produção do Programa Legendários, da Rede Record, para uma participação, já pré-agendada para o segundos semestre de 2015. O CD do artista contém oito faixas, com uma música de forró e sete de tecnodance. A música “Mexe o Bumbum” já pode ser pedida nas rádios da região.