Ser pai não é fácil. É preciso ser presente e apoiar os filhos em todas as horas, corrigi-los, ensiná-los e, muitas vezes, tomar as rédeas da casa. Mas alguns homens e mulheres são muito mais do que pais. São aqueles que não contam com a ajuda dos parceiros, por diversas razões. Então, acabam acumulando as duas funções e se transformando em verdadeiros “pães” (pais + mães).
Para os homens, só quem viveu, ou vive essa experiência na pele pode entender as várias dificuldades que eles enfrentam quando não têm a ajuda de uma mulher para criar os filhos.
“Foi difícil conciliar trabalho com horários para levar e buscar na escola, cuidar quando ele estava doente e tentar educá-lo da melhor forma. Muitas vezes tive que abdicar de algumas ótimas oportunidades de emprego e até deixar o trabalho por conta dele, mas não me arrependo um único segundo”, conta o servidor público Éder Marquezine, que criou sozinho o filho Luender, após a mãe os abandonar quando a criança tinha apenas cinco anos.
Ele relata que se sentiu meio perdido, mas precisou se encontrar, pois o seu filho só poderia contar com ele mesmo. “Sem a presença da figura materna, tive que me dividir em ser pai e mãe ao mesmo tempo. Ensinava e explicava como as mães e educava de forma mais rígida, como os pais fazem por estarem a maioria do tempo fora do lar”, afirmou.
Além das dificuldades na educação, os problemas financeiros também acabam pegando esses “pães”, afinal, cabe apenas a eles o sustento familiar. Sandra Berlandi que o diga. Mãe de cinco filhos, quatro meninas e um homem, ela sentiu na pele a angustia de quase passar fome.
“A fase mais complicada da minha vida foi quando engravidei pela última vez. Eu já era separada do pai dos outros quatro e a pensão só veio após uma dura briga na justiça. Estava eu grávida, com três crianças em casa, um pré-adolescente, desempregada e sem receber a pensão. Só não passei fome pelas graças de Deus e pela ajuda da minha mãe. Para colocar comida em casa tive que pegar um carrinho de Yakult e sair vendendo pelas ruas de São Paulo. Foi uma fase muito complicada”, contou a operária.
A dura fase, segundo Sandra, foi superada com muito trabalho e fé, mas a bonança só veio após sua mudança para Fernandópolis.
“A melhor fase da minha vida, sem dúvida, foi quando me mudei para Fernandópolis. Vim para cá por causa das minhas irmãs que já moravam aqui e diziam que era uma ótima cidade para se viver e trabalhar. Quando cheguei fiquei meio perdida, afinal estava acostumada com cidade grande e me vi aqui, uma ‘quarentona’, quase sem estudos e com cinco filhos, numa terra de gente jovem com formação acadêmica ou em conclusão. Pensei em voltar para São Paulo, mas logo Deus me mostrou o caminho. Arrumei um bom emprego e nunca mais fiquei desempregada. Hoje vivo bem com os meus filhos. Ainda passo alguns perrengues de vez em quando, mas nada se compara ao que já passei”, relatou a “pãe”.