Especialista em cyberbullying, Cléo Fante dá dica aos pais para orientar e monitorar o que os filhos veem na internet
O celular superou os computadores de mesa e passou a ser o aparelho mais usado por crianças e adolescentes para acessar a internet. Pesquisa divulgada no último dia 28, pelo Comitê Gestor da Internet, revela que 82% dos jovens entram na rede por telefones móveis, enquanto 56% navegam em dispositivos fixos. Os dados foram coletados em 2014, a partir de 2,1 mil entrevistas domiciliares com jovens de 9 a 17 anos.
Em 2013, o percentual de crianças e adolescentes que acessavam a internet pelo celular era 53% e pelo computador, 71%. Também cresceu significativamente o índice de jovens que acessam a rede por tablets, de 16%, em 2013, para 32%, em 2014. A pesquisa mostrou ainda que 81% da população dentro da faixa etária analisada acessa a internet todos os dias. Em 2013, o percentual era 63%.
A maior motivação dos jovens para usar a rede é entrar nas redes sociais (73%), buscar informações para trabalhos escolares (68%) e pesquisas de interesse pessoal (67%). Outro uso importante é o de aplicativos de mensagens instantâneas (64%). Em seguida vem atividades recreativas como ouvir música (50%) e assistir a vídeos (48%).
Apesar do aumento da navegação, as habilidades relacionadas ao uso da rede não cresceram na mesma proporção. Na faixa de 11 a 17 anos, 64% disseram que sabem bloquear as mensagens enviadas por pessoas indesejadas. Em 2013, o índice era 55%. O percentual de jovens que sabem mudar as configurações de privacidade nos perfis das redes sociais, escolhendo que informações deixar públicas, caiu de 58% para 56%. O número de adolescentes que sabem comparar informações de páginas diferentes para checar a veracidade dos dados subiu de 42% para 46%.
Junto com a pesquisa, o Unicef lançou a campanha Internet Sem Vacilo, que busca conscientizar sobre os riscos e comportamentos problemáticos na internet. A busca por privacidade e independência é uma característica normal da idade, mas ainda assim é preciso ser vigilante, segundo Cléo Fante, de Fernandópolis, especialista em bullying.
“Os pais têm o dever de orientar os filhos para a convivência virtual. Muitas vezes eles se expõe a riscos, por curiosidade ou falta de informações que poderiam ser transmitidas em casa. Além de orientar, os pais podem monitorar, por meio de aplicativos gratuitos ou pagos, o que os filhos veem ou fazem online. No entanto, diálogo, regras, limites e, acima de tudo, bons exemplos são imprescindíveis para a qualidade das relações sociais, tanto no espaço real quanto no virtual”, explicou Cléo.
Reconhecida como uma das maiores especialistas do país bullying e cyberbullying, Cléo Fante deu algumas dicas para evitar a violência virtual e exposição das crianças nas mídias. “Algumas dicas podem ser úteis na orientação dos filhos: cuidado com o que posta, curte ou compartilha. Mesmo que a autoria do conteúdo não seja sua, poderá ser responsabilizado ( co-autoria). Não acredite em tudo o que é veiculado na rede. Existem muitos sites, matérias, identidades falsas. Não confie em propostas, convites, facilidades. Pessoas mal intencionadas estão à espreita de oportunidades. Não forneça informações pessoais, familiares, rotinas”, apontou.
Para a estudante Juliana, mãe de Ana Júlia de 11 anos, o diálogo sempre foi a solução para o bom uso da internet pela filha, que acessa principalmente redes sociais pelo seu celular. “O que ocorre muito é pessoas estranhas que a adicionam nas redes sociais e estranhos que mandam mensagens, mas ela sempre me avisa e bloqueamos a pessoa. Sempre monitoro e oriento-a, além de não aceitar solicitações de estranhos nas redes sociais , não conversar com desconhecidos, não enviar informações pessoais como endereço, escola, celular, não marcar encontros com amigos virtuais, a não deixar suas obrigações escolares. O celular atrapalha um pouco, mas como uma boa conversa dá para resolver esta questão”, contou a mãe.