Lombalgia atinge 59% dos caminhoneiros paulistas

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Lombalgia atinge 59% dos caminhoneiros paulistas

Dores nas costas, na coluna, hérnia de disco, formigamento nas pernas são apenas alguns dos percalços pelos quais os caminhoneiros passam. Uma dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Medicina da USP apontou que 59% dos caminhoneiros paulistas sofrem de lombalgia e isso se deve principalmente ao elevado número de horas de trabalho. Uma das principais causas de afastamento temporário e permanente do trabalho no Brasil, a lombalgia (dor na região lombar) atinge mais da metade dos motoristas de caminhão do Estado de São Paulo, principalmente os que exercem a atividade várias horas por dia. Uma pesquisa da fisioterapeuta Silvia Ferreira Andrusaitis mostrou que 59% dos caminhoneiros sofrem de lombalgia e, para cada hora de trabalho, o risco de o motorista ter dor lombar aumenta 7%.
Segundo ela, a lombalgia ocupacional é um mal que acomete principalmente indivíduos que trabalham na condução de veículos motorizados, com destaque para os caminhoneiros que passam longas horas do dia ao volante. 
Em seu estudo foram avaliados 489 caminhoneiros do sexo masculino, dos quais 410 foram selecionados para a pesquisa, com uma média de 9,9 horas de trabalho diário. Todos tinham mais de um ano de experiência profissional e a condição era de que não tivessem apresentado dor na região lombar antes do exercício da atividade. O objetivo foi investigar a prevalência de lombalgia entre caminhoneiros, bem como os fatores de riscos relacionados à ocorrência de dor lombar.
O resultado indicou que a prevalência de lombalgia nos caminhoneiros é de 59% e, dentre as variáveis estudadas, apenas o número de horas de trabalho mostrou-se estatisticamente significante. “O principal resultado é a correlação do número de horas de trabalho com a ocorrência da dor lombar”, destaca Silvia Andrusaitis. Mas outros fatores também contribuem para uma postura errada, adverte a fisioterapeuta: “Permanecer sentado por tempo prolongado, expor-se à vibração, inclinações e rotações excessivas do tronco, carregar objetos pesados e manter a concentração que a atividade exige, sem intervalos adequados de relaxamento.”
Apesar de o fator sedentarismo não ter apresentado correlação com a dor lombar, 77% dos caminhoneiros não praticavam qualquer atividade física. Foi detectada a ocorrência de irradiação da dor para membros inferiores em 33,9% dos motoristas que apresentaram lombalgia. “Essa média é maior do que a encontrada na população em geral, o que pode ser indicativo de comprometimento do disco intervertebral”, afirma a autora do estudo. Com relação às ausências no trabalho, 17,4% dos motoristas de caminhão já se ausentaram pelo menos uma vez em decorrência da lombalgia. O período de afastamento variou de um a 240 dias.
Para o caminhoneiro fernandopolense Nivaldo Cardoso Moreira, 44, que viaja há 10 anos, a lombalgia nunca o atingiu, no entanto, as horas excessivas que passa sentado lhe causam outro desconforto. “Graças a Deus nunca tive nada sério. Mas sempre me dá um formigamento, uma dormência nas pernas, principalmente na direita que movimenta menos. Aí, preciso dar uma parada e esticar a perna para depois ‘chegar o pau’ novamente”, contou o caminhoneiro, que chega a ficar uma semana longe de casa.