Estudos feitos pela SBU – Sociedade Brasileira de Urologia apontam que os homens tem mais medo de ficarem impotentes do que propriamente de perder o emprego, serem assaltados, ficarem sozinhos, doentes ou se endividar. No entanto, ao mesmo tempo que essa máxima ocorre, destes mesmos homens, 51% confirmam que não frequentam um especialista da área com a mínima regularidade. Para falar sobre esse assunto que os homens tornam delicados até demais, ouvimos o médico Armando José Gabriel, urologista há 21 anos, formado pela Faculdade de Medicina da USP.
O urologista cuida apenas da saúde do homem?
Não. O urologista é um profissional médico, que ao final de cinco anos de Residência Médica (dois anos em cirurgia geral e três anos em Urologia) está preparado para avaliar e tratar as diversas patologias que acometem o trato urinário (tanto de homens como mulheres, em qualquer idade), além das patologias relativas ao aparelho genital masculino (como, por exemplo, as doenças da próstata, disfunção erétil e infertilidade). Esta parte importante de sua área de atuação, dedicada somente aos homens, é que dá uma ideia errada de que o urologista seria tão apenas médico de homens. Não! Tanto homens quanto mulheres têm rins, ureteres e bexiga.
Qual a idade correta para se procurar um urologista?
Em se tratando de saúde do homem, onde o foco do programa está voltado à prevenção do Câncer da Próstata, ainda se advoga que os homens devam procurar o urologista com este fim a partir de 45 anos de idade. Protocolos respeitados antecipam para 40 anos de idade os pacientes da raça negra e aqueles que tiverem histórico familiar desta doença.
Por ser o profissional responsável pelo exame da próstata, como vê a diminuição do preconceito do público masculino ao exame?
Com muita alegria. É um fato real. Isto é fruto de educação continuada, insistente, com propagandas em mídia de alto impacto ao longo de vários anos (vide a proposta do Novembro Azul), maior disponibilidade de acesso da população a urologistas, advento da internet onde filhos e parentes se informam e convencem pais e avôs a virem ao médico, mudança de cultura onde não há espaço algum mais para qualquer tipo de preconceito e, sobretudo, porque as pessoas veem casos de amigos e conhecidos com a doença e isto gera um impacto motivacional muito forte para que a pessoa se convença que tem que fazer a sua parte.
Segundo estatísticas vinculadas ao INCA - Instituto Nacional do Câncer-, o câncer de próstata é o segundo que mais mata no país. Quais são as chances de cura caso o paciente visite regularmente seu médico?
Não quero citar números porque em se tratando de câncer de próstata existem diferentes variáveis que culminam em determinadas probabilidades de cura. Mas, uma coisa tem que ficar clara: somente o câncer em fase inicial (quando está somente restrito à próstata) é que permite ousarmos a discutir sua cura. E nesta fase, na grande maioria dos casos, a pessoa não sente absolutamente nada. Aí que mora o perigo: esperar sentir para procurar o médico, poderá custar a vida. A finalidade de se fazer anualmente o exame da próstata associado ao exame de sangue (PSA) é termos o diagnóstico inicial ou precoce da doença e salvarmos vidas. Este é o ponto central.
Além do câncer da próstata, o urologista ajuda o homem a prevenir algum outro tipo de doença, a partir do momento em que o homem adquire o hábito de consultar este profissional regularmente?
Lógico. A doença da próstata mais comum não é o câncer. É uma doença que provoca o aumento da próstata com o avanço da idade. Chama-se Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). Esta doença traz transtornos horríveis ao dia a dia do homem porque provoca sintomas que atrapalham a forma como urina. Prejudica o funcionamento da bexiga e pode prejudicar e paralisar o funcionamento de rins. E existe tratamento eficiente para isto! Além disso, o avanço da idade traz alterações importantes na sexualidade do homem que podem ser melhoradas com o apoio do urologista. De tal forma que saúde do homem é algo mais complexo do que somente a prevenção do câncer da próstata. É acompanhar e ajudar o homem a superar barreiras no processo natural de envelhecimento e fazer com que tenha uma vida melhor.
