Um problema ignorado pela maioria tem tido um crescente no país: o sobrepeso. De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2014, divulgada pelo Ministério da Saúde no dia 15, apontou que embora o índice de obesidade no Brasil tenha ficado estável, o número de brasileiros acima do peso é cada vez maior.
O brasileiro está comendo melhor e praticando mais exercícios físicos, mas ainda terá que fazer muitas caminhadas e abdominais para ter silhuetas mais finas. Mais da metade está com excesso de peso, 52% da população. Por outro lado, a epidemia de obesos não aumentou. Há três anos consecutivos – 2012, 2013 e 2014 –, os números se mantiveram estáveis em patamares de 17,4%, 17,5% e 17,9%, respectivamente.
Os homens estão mais fora das medidas do que as mulheres. Entre as brasileiras 49,1% apresentam excesso de peso, já os homens representam 56,5% do total. A OMS - Organização Mundial da Saúde considera com sobrepeso quem está com índice de massa corporal (IMC) acima de 25 e obeso quem está acima de 30. A pesquisa demonstra ainda que pessoas com menor taxa de escolaridade (zero a oito anos de estudo) registram o maior índice de sobrepeso: 58,9%. Do grupo que estudou 12 anos ou mais, 45% estão acima do peso. Na obesidade, o índice também é maior entre os que estudaram até oito anos (22,7%) e menor entre os que estudaram 12 anos ou mais (12,3%).
Com base nos números apresentados na pesquisa e ainda na data comemorada amanhã, “dia nacional do combate a hipertensão -, doença recorrente entre o público acima do peso, CIDADÃO procurou a médica endocrinologista Lilian Maria de Godoy Soares, que alertou para os riscos que provocam o sedentarismo e os maus hábitos alimentares. “Essa epidemia da obesidade tem como grandes vilões os hábitos alimentares e o sedentarismo. Porém, não são os únicos. Há vários fatores associados que estão ajudando a elevar essa obesidade. Tanto em nível emocional, que também é um outro fator, quanto em nível genético. Outro motivo: as doenças hormonais, que podem acarretar essa obesidade. No entanto, essas doenças fazem parte de menos de 5%
das causas da obesidade. O verdadeiro problema é o hábito alimentar que está desbalanceado, a parte nutricional e a parte física”, explicou Lilian que apontou a diabetes, a hipertensão, o colesterol, infertilidade e doenças cardíacas como as principais causadas pelo sobrepeso.
Outro questionamento em pauta foi referente a um consenso popular de que depois de uma certa idade as pessoas engordam um quilo por ano, que acenou positivamente, para a máxima que muitos consideravam um mito. “De um modo geral sim. Pacientes que não são predispostos à obesidade e também não tem problemas com maus hábitos alimentares não engordam. O que acontece é que nossos hormônios aos poucos vão diminuindo a cada ano e isso faz com que altere toda a massa magra, gasto energético, celular, metabolismo facilitando o aumento no peso. Mas o paciente que consegue manter uma caminhada e uma dieta balanceada não sofre esse aumento, apesar da idade e alterações hormonais”, disse.
Embora o número de pessoas acima do peso tenha aumentado, a pesquisa apresentou alguns pontos positivos em relação aos farturentos brasileiros. Houve um crescimento de 18%, nos últimos seis anos, na prática de atividades físicas, em particular entre as mulheres. No entanto, um percentual considerável não faz nenhum tipo de atividade. Cerca de 15% dos brasileiros não praticam qualquer exercício. A orientação da OMS é a prática de 150 minutos semanais de atividade física para não ser considerado insuficientemente inativo.
Na alimentação também há motivos para se comemorar, mas também para se preocupar. Entre os brasileiros, 36,5% comem frutas e hortaliças, o que indica tendência para uma alimentação mais saudável. No entanto, o consumo de sal ainda é muito alto e para agravar o mal hábito sequer é notado pelo brasileiro. A quantidade recomendável é 5 gramas, mas a população consome, em média, duas vezes e meia mais do que isso, cerca de 13g.
O estudo entrevistou, por inquérito telefônico, 40.853 pessoas com mais de 18 anos que vivem nas capitais de todos os estados e no Distrito Federal entre os meses de fevereiro e dezembro de 2014.