“Os pais que estudaram na escola reconhecem esse diferencial e fazem questão de que o filho estude aqui também”, contou a diretora Sandrely
Ao longo da história, o papel da escola sempre foi além de mera “ensinadora” de conteúdos para a formação do aluno. A injeção de conhecimento facetado sempre esteve aliado a um local de acolhimento e segurança, de onde os pais sempre tiveram certeza que seus filhos sairiam não apenas alfabetizados, senão cidadãos de bem.
No entanto, algumas escolas passaram a dar tanta atenção para a qualidade do ensino, o que também é perfeitamente louvável, diga-se de passagem, que deixaram de se atentar para o fator preponderante que é o acolhimento do aluno e tratamento individualizado.
Na E.E Armelindo Ferrari, tradicional escola de Fernandópolis e uma das mais antigas – fundada em 15 de dezembro de 1979 – o acolhimento sempre foi levado sistematicamente a sério, e a necessidade, quase que via de regra, de manter a excelência neste quesito sempre foi passada de geração para geração entre todos os gestores e funcionários.
Com 19 salas – do 6ª ano à 3ª série do Ensino Médio- e 547 alunos, a E.E Armelindo Ferrari consegue materializar todo esse esforço redobrado por parte dos colaboradores em resultados positivos. Costumeiramente a Armelindo Ferrari figura entre as cinco melhores escolas da cidade no que diz respeito às notas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, por escola. No último resultado divulgado, referente à avaliação aplicada em 2013, a Escola obteve a 4ª melhor nota dentre as escolas públicas de Fernandópolis.
Já quando o assunto é o Saresp – que tem por objetivo de analisar o sistema de ensino paulista para monitorar as políticas públicas de educação- , a E.E Armelindo Ferrari também é exemplo e tem mantido a hegemonia. Em 2013, a instituição de ensino atingiu 98% das metas no 9º ano e 120% (máximo) na 3ª série do Ensino Médio e no ano passado a escola manteve a crescente conseguindo atingir 120% das metas, tanto no ensino fundamental quanto no médio.
“Sempre tomamos o cuidado de atender o aluno como se fosse o único. Tentar entender a história desse aluno, o que se passa fora da escola. Nosso acolhimento é tão levado a sério que no período noturno, numa sexta-feira, por exemplo, você pode vir aqui que tem aula normalmente. Nós vamos até a esquina buscar os alunos”, contou a diretora Sandrely Dias Moreira Miguelão, na Ferrari desde 2013.
De acordo com a diretora, a Escola recebe alunos tanto do bairro Coester, onde está estabelecida, como do Jardim Paulista, Ana Luiza, Canaã, Brasilândia, Residencial Mário Benez, CDH, Palma Mininel e de vários outros bairros da cidade. “Os pais que estudaram na escola reconhecem esse diferencial e fazem questão de que o filho estude aqui também. Tem alunos até do Jardim Universitário que o pai traz e diz: ‘eu estudei aqui e quero que meu filho também estude’, e isso é gratificante”, destacou Sandrely.
Além dos resultados positivos no âmbito pedagógico, a escola confirma o rótulo de “mãezona” em alguns casos de recuperação do aluno. Tanto com projetos contra a evasão escolar quanto com a retomada do interesse de alguns alunos pela escola, quando estes estão praticamente desistindo dos estudos e já não frequentam às aulas. “Quando percebemos que um aluno está faltando muito nós procuramos saber a real dificuldade dele, se está doente e não conseguiu um atestado, se há algum outro problema. A gente liga, manda recado e se não consegue vamos até a casa do aluno conferir caso a caso. Já recuperamos vários que estavam desistindo e estudar e que hoje estão até cursando uma faculdade”, contou a diretora.
Segundo Sandrely, em 2010 um aluno da Escola chegou a passar por um trauma psicológico desencadeando uma depressão profunda que o impedia de frequentar a escola. “Entendendo o problema do aluno nós estabelecemos uma parceria com a família e por meio do diálogo, carinho e compreensão de seus colegas de classe e da equipe escolar, o aluno superou o trauma, retomando seus estudos e finalizando o Ensino Médio. Atualmente ele cursa o 3º ano de Fisioterapia”, exemplificou ela.
Outro exemplo dado pela diretora, em meio aos vários relato que vinham à cabeça dirante a entrevista, foi do aluno Wilgner Docusse Gonçalves, da 1ª série B do Ensino Médio que contraiu a doença de Meningite Meningocócica. “O Wilgner chegou numa fase crítica, porém, mesmo em fase de recuperação, com carinho e união desta relação em família, colegas de sala, professores e equipe gestora, o aluno conseguiu retomar as atividades com muitas dificuldades antes mesmo do previsto, conseguindo finalizar seu ano letivo devido ao total apoio de seus pais e colegas de sala” contou ela.
As palavras da diretora podem ser comprovadas também pela declaração do aluno que reconheceu o esforço e importância da escola em seu período convalescente. “Quando comecei a recuperar, fiquei eufórico querendo voltar para a escola. Fui acolhido com muito carinho e dedicação por todos e uma das minhas limitações era de ouvir. Os colegas da classe explicavam com calma e paciência quando não entendia a matéria”, disse ele.
Se por um lado há atenção diferenciada com os faltosos, há também com aqueles que vão à escola, porém têm dificuldades no aprendizado.
“A nossa escola procura atender legalmente as necessidades de recuperação da aprendizagem do aluno. Por exemplo, quando é permitido por lei entrar em cena o professor auxiliar e quando não, procuramos outras alternativas e no decorrer de 2014, os professores constataram que duas alunas do 6º ano ainda apresentavam dificuldades. A equipe empenhada em sanar tais dificuldades adotou a estratégia pedagógica de atendê-las em horário diverso com apoio das professoras da Sala de Leitura e supervisão das professoras do 6º ano da tarde”, destacou Sandrely.
O que também pode ser atribuído ao acolhimento da E.E Armelindo Ferrari são as conquistas individuais. Com incentivo à leitura e à participação em concursos de redação, o aluno Frederico Guerra, hoje jornalista, estudou por oito anos na Ferrari e foi premiado por várias vezes, inclusive tendo vencido um concurso internacional promovido pelos Correios.
Porém, as conquistas vão além do âmbito pedagógico. No esporte a escola sempre esteve nos pódios da cidade em diversas modalidades, inclusive o tênis de mesa, pouco difundido no interior.
Por falar em esportes de menor visibilidade, no ano passado a aluna Tamires Sanchez Della Rovere elevou o nome da E.E Armelindo Ferrari com a conquista do Campeonato de Arremesso de peso, na categoria infantil, na fase da Diretoria de Ensino de Fernandópolis e o 12º lugar na fase estadual. Já no Voleibol pré-mirim feminino a Escola também ficou no lugar mais alto do pódio em 2014.
Outro bom exemplo do esporte é o aluno Mateus Foreman Júnior, da 3ª série do Médio, que conquistou em 2014 o título brasileiro de Powerlifting (levantamento d e Peso) na modalidade Levantamento Terra, da categoria Júnior (até 100kg). No mesmo esporte, o atual bi-campeão mundial Renan Moreno, é outro que foi aluno da Ferrari por vários anos.
Seja dentro da escola ou fora dela, a E.E Armelindo Ferrari consegue comprovar que, além de ensinar, acolher é uma ferramenta valiosa a favor de uma sociedade mais justa e de bem.