Na segunda matéria da “Série Escolas”, CIDADÃO destaca nesta edição a escola mais antiga de Fernandópolis e que fez parte da infância de muitos profissionais de sucesso, a E.E Joaquim Antônio Pereira, considerada um patrimônio histórico da cidade. Fundada em 9 de março de 1944 (70), a JAP ou ainda “GEJAP” como os mais antigos ainda se referem ao Grupo Escolar Joaquim Antônio Pereira, sempre se destacou pelo corpo docente qualificado, a Fanfarra, a supremacia em campeonatos esportivos e o calendário de eventos que continua como um dos principais ícones da escola.
Além de todos os destaques que contribuem na construção de uma parte da história de Fernandópolis, a tradicional instituição de ensino sempre foi marcada pela enorme Seringueira (que muitos insistiam em chamar de Figueira) na frente da escola, seu grande cartão postal por mais de 50 anos. Porém, esta parte da história da escola deixou de existir em 2014 em um grande imbróglio judicial envolvendo um investimento de R$ 930 mil para a reforma da escola. Para que as obras de extrema necessidade fossem executadas a árvore precisaria ser retirada, o que gerou muita polêmica principalmente entre os mais saudosistas que conviveram com a árvore por tantos anos.
A Seringueira que sombreava boa parte da Avenida dos Arnaldos foi plantada em 21 de setembro 1959 pela professora e diretora Wônia Aparecida Franco Gomes, que recebeu a muda de uma professora da escola. “A Léo (Leonilse Ximenes Ferrari) perguntou se eu queria a mudinha que estava em um vaso no alpendre da casa dela, cujo espaço era pequeno. Eu peguei e chamei alguns alunos para ajudar a plantar. Era uma planta exótica e cresceu muito. Muitos médicos, professores, empresários de Fernandópolis passaram parte de suas infâncias embaixo da sombra dela”, disse Wônia que compreendeu o corte providencial da árvore plantada por ela.
Wônia, que também dirigiu a escola na década de 60 fez parte de uma das épocas mais difíceis na vida do colégio. “Eram tempos difíceis. Faltava tudo. Os banheiros eram fossas, aquela parte de cima na Avenida 3 era uma carreira de casinhas fedidas. As coisas evoluíram muito e felizmente o padrão de ensino continuou excelente”, contou a professora.
Mesmo sem um de seus maiores cartões postais, a Escola continua sendo referenciada pelo padrão de qualidade no ensino. Ficando atrás apenas da Etec, que conseguiu a média de 584.,8 pontos, a JAP conquistou a melhor nota no Enem – Exame Nacional do Ensino Médio, dentre as escolas estaduais de Fernandópolis. No Enem 2013, que teve resultado por escolas divulgado no mês passado, a JAP conseguiu a média de 507,2 pontos ratificando a evolução em relação aos anos anteriores e ultrapassando a média das escolas públicas brasileiras que é de 434 pontos. Em 2012 a média de pontuação foi de 505.18, em 2011 de 489.39. Porém, uma das melhores notas da Escola nos últimos anos veio em 2010 quando a média foi de 553. 91.
O destaque individual também colaborou para que a JAP conquistasse uma boa média. Por meio do SISU – Sistema de Seleção Unificado, que utiliza como base a nota no Enem, a aluna Bárbara Baron conseguiu uma vaga na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), no curso de Engenharia de Controle de Automação. Também pelo excelente resultado no Enem, o aluno da JAP Eduardo Henrique Moraes da Silva conseguiu uma bolsa integral pelo ProUni – Programa Universidade para Todos, na UNIRP em São José do Rio Preto.
Dentre os alunos da escola que já conquistaram uma boa vaga no ensino superior está a aluna Natália dos Santos que vai cursar Direito na Mackenzie, em São Paulo. Por falar em conquistas, no ano passado as alunas Natiely Caroline Jardim, do 6º ano e Jhuly Zaneti e Souz, da 1ª série-do Médio foram premiadas no 1º Concurso Literário Regional “Letras de Encontro”.
A JAP também conta em seu currículo com uma conquista de peso na OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. À época, na 6ª série “D” da JAP, o aluno Igor Luppi de Oliveira ficou com a medalha de ouro na Olimpíada, cravando seu nome na história não apenas da escola, mas também da DRE – Diretoria Regional de Ensino, de Fernandópolis.
A JAP retornou as atividades na última segunda-feira, 2, com 750 alunos divididos em 24 salas, com o ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e o ensino médio (1ª a 3ª série), além dos 409 alunos do CEL - Centro de Estudos de Línguas, que oferece cursos gratuitos de Espanhol, Italiano, Francês e Inglês para alunos da Escola Pública. O CEL permanece com inscrições abertas até o final deste mês para os cursos que são semestrais.
O CEL é vinculado à Escola Joaquim Antonio Pereira (JAP), funcionando todos os dias da semana, inclusive aos sábados para melhor atender os alunos e em todos os períodos. Para otimizar o aprendizado de línguas há uma programação especial durante todo o ano letivo.
Para aprimorar o aprendizado, o CEL conta, inclusive, com Intercâmbio Cultural que proporciona viagens para Espanha, Inglaterra e França onde o aluno recebe suporte de monitoria. Além disso, os alunos têm as despesas pagas, recebem ajuda semanal em torno de 450 euros ou libras e city tour para estudarem em uma Instituição de renomada competência durante as 3 semanas do Intercâmbio.
As inscrições estão abertas, das 8h às 17h, na secretaria da escola.
Para 2015, a esperança de Ida Rosa Penasso Fonseca, frente a diretoria há um ano, é a mais otimista possível, tendo em vista as melhorias com a reforma das instalações da escola. “Sempre achei a JAP muito boa, pelo quadro de professores e pela parceria com os pais que são muito presentes, ativos e participativos. A escola está crescendo a cada dia e minha expectativa para 2015 é quanto ao resultado do Saresp que tenho certeza que será bom. Trabalhamos muito para isso em 2014 quando todos se desdobraram para manter a qualidade do ensino mesmo em meio a reforma que já está na fase final e deixou nossa escola mais bonita e agradável”, disse a diretoria que possui 33 anos de magistério.
Muitos dos eventos realizados em 2014 e que são tradicionais na escola serão mantidos este ano como, por exemplo, o “Lixo Vira Luxo”, desenvolvido com o objetivo de despertar nos educandos a importância da reciclagem e do reaproveitamento dos materiais para a preservação do meio ambiente. No ano passado, pela primeira vez uma escola conseguiu evitar a famosa “sujeira estudantil” feita pelos estudantes que rasgam os cadernos e livros ao fim do ano letivo.
Outro evento tradicional é o Sarau Literário com apresentações teatrais, musicais, declamações de poemas e paródias, a Feira do Verde, a Festa do Halloween, palestras educativas e a participação em campeonatos estaduais esportivos. Em 2014 o futsal da JAP ficou com o título da fase sub-regional e no Xadrez individual a aluna Rayssa Graciele Martins foi campeã na categoria mirim.
Em 2014 por meio do ProEMI – Programa Ensino Médio Inovador,a Escola enriqueceu ainda mais seu acervo bibliográfico de 7 mil livros com mais 160 exemplares escolhidos pelos próprios alunos.
Estudante da JAP no ano de 1954, ainda no 4º ano do ensino fundamental, um dos proprietários do Shopping Center Fernandópolis e do Plaza Avenida Shopping, Waldemar de Mathias afirma assertivamente que muitas coisas que sabe hoje se deve aos ensinamentos da JAP. “No ano em que estudei no GEJAP começou a ser servida uma sopa deliciosa que era paga. Eles organizavam filas com os alunos na hora do intervalo e davam a largada. Saíamos correndo e as vezes eu até caía na grama pois tinha um sapatão com uma sola lisa. Meu dinheiro era contado, se comprasse a sopa não tinha dinheiro para o sorvete”, lembra ele, que tem como maior lembrança o diretor Olívio de Araújo, muito rígido, a quem visitou em sua sala apenas uma vez por ter sido acusado por algo que , segundo ele, não havia feito.