A cada dez jovens brasileiros, dois não trabalham nem estudam

A maioria da chamada geração “nem-nem” é de mulheres, que engravidam cedo e se veem obrigadas a interromper projetos de vida

20 de Agosto de 2025

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A cada dez jovens brasileiros, dois não trabalham nem estudam

Nesta semana, um dado alarmante foi levantado pela equipe de reportagem do G1. A estatística envolve um drama que afeta dois em cada dez jovens brasileiros, isto é, 20% dos jovens de todo país. Destes 20%, a estatística também aponta que 59% são mulheres, que na maioria das vezes engravidam precocemente, e tem que abandonar os projetos de vida.

O grupo “nem-nem” é maior entre a classe baixa. E a presença desse índice de exclusão social nas estatísticas ao longo do tempo mostra que uma herança de desigualdade vem passando de geração para geração no país. Prova disso é que na reportagem exibida pelo Fantástico no último domingo, 27, ilustra, com outros personagens,  a mesma realidade de uma família de Fernandópolis. A  jovem Pâmela Pereira, 19, mãe de filhas gêmeas, tem mãe e avó que passaram pela mesma situação.

O sociólogo da capital Adalberto Cardoso analisou 20 casos de jovens que passam por esta situação. Cardoso explica: “O ensino público médio, no Brasil, é de má qualidade, a pessoa deixa a escola e não consegue trabalhar porque não tem qualificação para isso. Está competindo com gente que tem mais qualificação. 70% dos “nem-nem” estão nas famílias entre os 40% mais pobres do país”, afirmou. Ainda segundo o sociólogo, a falta de diálogo com os pais é um fator predominante na vida destes jovens.

O PROBLEMA ATINGE FERNANDÓPOLIS

CIDADÃO entrou em contato com o Conselho Tutelar e com o juiz da Vara da Infância e Juventude, Dr. Evandro Pelarin, para saber se há casos assim em Fernandópolis. “Não acompanho de perto esse tipo de caso, mas sei que acontecem. Semana passada, inclusive, recebi a visita de uma moça, já mãe, que, na adolescência, teve gêmeos em uma gravidez difícil. Ela abandonou tudo. E agora, também não pode trabalhar porque tem que cuidar dos filhos”.

No entanto, o juiz afirma: “não sabemos de todos os casos e, daqueles que sabemos, nem todos dependem da intervenção do judiciário. O principal cuidado é de saúde, que a rede municipal faz muito bem para as pessoas sem recursos financeiros”.

Perguntado sobre os principais motivos que causam este empecilho social, Pelarin afirma que não considera estes casos desta forma. “Não é algo anormal, apenas antecipado. Mas essa antecipação acaba trazendo dificuldades para a menina, principalmente a ela, pois pode atrapalhar ou atrasar os seus estudos e, não poucas vezes, deixar a criança nascer sem um lar constituído. Muitos meninos, pais jovens, não querem assumir a paternidade ao lado da mãe da criança, pois ser pai requer cuidado e dedicação”, explicou.