Conhecido como "nômade", Antônio pedala o mundo em busca dos irmãos

Ciclista, que é natural de Jaguapitã - PR, está em Fernandópolis e pretende partir hoje para Aparecida do Taboado

20 de Agosto de 2025

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Conhecido como "nômade", Antônio pedala o mundo em busca dos irmãos

A vida de Antônio Elias Marchetti pode ser considerada uma missão. Aos 47 anos de idade, seu objetivo é pedalar pelo Brasil e pelo mundo, muitas vezes por prazer, mas, principalmente para realizar seu sonho, que é encontrar seus irmãos.

Recentemente, Fernandópolis foi incluída na jornada de Antônio. Em entrevista cedida a CIDADÃO, o ciclista conta como vive.

O ciclismo entrou na vida de Marchetti há 18 anos, por acaso. Com poucos anos de idade, seus pais faleceram, o que acabou obrigando-o a ir para um orfanato em São Paulo, capital.  Quando a maioridade chegou, Antônio não tinha para onde ir, e não foi contatado pelos irmãos, o que o deixou depressivo.

Arrasado, Marchetti encontrou no esporte uma maneira de vencer a tristeza. “Comecei a correr, jogar bola, até que me apareceu a ideia de pedalar pelo Brasil para encontrar meus irmãos, e fui”.  Perguntado sobre a estadia e condições de vida dos irmãos, o ciclista desagua em lágrimas por não saber nenhuma informação sobre os parentes. “Eu sempre me emociono quando tento falar sobre eles, e não sei onde estão”, contou.

Segundo o ciclista, a barba e o cabelo, já grandes, só serão cortados quando encontrá-los. Desde quando começou a busca pelos irmãos, há quase 20 vinte anos, o ciclista não vai ao barbeiro. 

As condições de vida de Antônio são básicas. Em suma, vive com a ajuda de pessoas e entidades que se solidarizam com sua causa, e fazem doações. “Por todas as cidades que passo, eu peço doação de peças de roupas, apoio para o conserto da bicicleta, refeição e hospedagem nos hotéis mais baratinhos. Nunca peço dinheiro”, contou. Em Fernandópolis, Marchetti teve a ajuda do Sotam Hotel, que  fez um preço reduzido na hospedagem.

Hoje vence sua diária, o que obriga a partir. “Eu queria ficar um pouco mais para arrumar os freios da bicicleta, mas não tenho condições, então vou partir assim mesmo. Daqui vou para Aparecida do Taboado - MT”, disse.

Nestes 18 anos de aventuras, Antônio conta que já passou por todas as capitais brasileiras, e que pretende chegar a Rio Branco, no Acre, em alguns dias. “Já passei por Recife, Manaus, Pernambuco, Macapá, Belo Horizonte, Maceió, e alguns países da América Latina também”.

As dificuldades nas estradas são muitas. Com o apoio de uma mochila e um celular, que usa para fazer contato com conhecidos da estrada e tirar fotos, sua condição de andarilho afasta a contribuição de muitas pessoas, por conta do preconceito. Além disso, a bicicleta usada por Antônio não é nada comum, e nem mesmo apropriada, como as usadas por ciclistas profissionais. Seu meio de transporte (e de vida) é uma “montain bike” normal, toda decorada, inclusive com as imagens de Jesus Cristo e uma mini capela com a imagem de Nossa Senhora Aparecida resguardada, que Antônio diz serem seus protetores na estrada.

Seu celular já foi roubado, as peças da bicicleta se deterioraram facilmente na estrada ( tanto que, em sua vida de aventuras, já foram utilizadas mais de 15 bicicletas), passa frio, calor excessivo, dorme em postos de combustível, não toma banho diariamente e se alimentar com frequência é uma vitória. Tudo isso faz parte da rotina de Antônio, que mesmo com as dificuldades não desiste de encontrar a família.