“Operação Código Fantasma” cumpre mandados em Fernandópolis e desarticula esquema de fraudes no emplacamento de veículos

Três investigados foram localizados em residência de alto padrão na cidade e veículos de luxo foram apreendidos. Fraude estimada em R$ 1 milhão

20 de Agosto de 2025

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“Operação Código Fantasma” cumpre mandados em Fernandópolis e desarticula esquema de fraudes no emplacamento de veículos

-(Matéria Atualizada) - A Polícia Civil do Distrito Federal, através da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos, com apoio da Polícia Civil de Fernandópolis, deflagrou a Operação Código Fantasma, onde foram cumpridos três mandados de busca e apreensão domiciliar na manhã desta quarta-feira, 3.

A operação, deflagrada pelos policiais do Distrito Federal, apurou ao longo de mais de um ano a atuação de uma associação criminosa, que envolvia dois estudantes de medicina de Fernandópolis, responsável por inserir dados falsos no sistema do órgão de trânsito, com o objetivo de viabilizar emplacamentos veiculares irregulares.

A fraude teria gerado vantagem ilícita estimada em aproximadamente R$ 1 milhão, correspondentes a taxas e valores de IPVA que deixaram de ser recolhidos.

Durante as diligências, os policiais apreenderam diversos aparelhos eletrônicos pertencentes aos investigados, além de seis veículos de luxo, sendo cinco automóveis e uma motocicleta, todos de alto valor, que foram recolhidos para eventual ressarcimento ao erário público.

Os investigados foram conduzidos para a DIG Fernandópolis e ouvidos pela Autoridade Policial do Distrito Federal e, posteriormente, liberados. Os veículos apreendidos serão transportados em caminhão cegonha para o Distrito Federal, onde permanecerão à disposição da Justiça.

ESQUEMA

Em nota, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil do Distrito Federal, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) deu detalhes da  Operação Código Fantasma com o objetivo de desarticular uma associação criminosa especializada em fraudes no sistema de emplacamento de veículos. A investigação começou após relatório técnico do Detran/DF apontar irregularidades recorrentes no primeiro emplacamento de veículos pesados.

Apurou-se que o grupo utilizava credenciais fraudulentas obtidas mediante invasão de dispositivo informático para acessar o sistema do órgão de trânsito e promover registros de veículos com documentação falsificada ou, em alguns casos, inexistentes. O esquema apresentava elevada sofisticação, envolvendo análise de rastros digitais, conexões mascaradas por serviços de anonimização e cruzamento de dados de diversas bases informacionais. O nome da operação faz referência à criação de “registros fantasmas”, realizados por acessos igualmente clandestinos ao sistema.

Os criminosos conseguiam burlar mecanismos automáticos de segurança, registrando veículos sem pagamento de taxas e sem realização das vistorias obrigatórias. Também utilizavam VPNs para ocultar a origem das conexões e transferiam os veículos para outras unidades da federação, dificultando o rastreamento. Para conferir aparência de legalidade, valiam-se de empresas de fachada e revendas de automóveis. Parte dos valores obtidos ilicitamente foi convertida em criptomoedas, configurando lavagem de dinheiro e ampliando a complexidade da investigação financeira.

A investigação contou com apoio técnico do Detran/DF, que forneceu elementos essenciais para a identificação dos envolvidos, reforçando a eficiência dos mecanismos internos de controle do órgão.

Com decisões judiciais expedidas, equipes da DRCC/Decor, com apoio da Polícia Civil do Estado de São Paulo, cumpriram mandados de busca e apreensão em Fernandópolis/SP, onde os três investigados foram localizados em uma residência de alto padrão. Foram apreendidos veículos de luxo e diversos equipamentos eletrônicos, que passarão por perícia para extração de provas digitais. Valores em contas bancárias dos investigados também foram bloqueados para garantir reparação ao erário.

Os três suspeitos — residentes no interior paulista e com vínculo familiar entre si — responderão pelos crimes de invasão de dispositivo informático, associação criminosa e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem chegar a 17 anos de reclusão, além de multa. O grupo mantinha divisão clara de tarefas, envolvendo execução técnica das invasões, suporte de infraestrutura digital e operação de empresas utilizadas para dar destino aos registros fraudulentos.

A investigação prossegue para identificar outros possíveis participantes, mapear todas as fraudes praticadas e aprofundar a análise de criptomoedas e equipamentos apreendidos.

A Operação Código Fantasma representa avanço significativo no enfrentamento a crimes cibernéticos que afetam sistemas públicos estratégicos, reforçando a importância da cooperação entre órgãos de segurança e autarquias governamentais no combate às novas práticas criminosas baseadas em tecnologia.