"O fernandopolense pode dormir tranquilo”. A frase é do gerente de Divisão da Sabesp em Fernandópolis André Cavalini durante entrevista na Rádio Difusora FM no Dia Mundial da Água, comemorado na quarta-feira, 22. Mas, alertou: o sistema opera no limite e é necessária a conscientização da população para o uso racional da água que chega às torneiras.
Segundo ele, a produção diária de água pelos cinco poções em operação no município é de 1,5 milhão de litros e o consumo pela população é de 1,3 milhão. A folga é o sistema de reservação, suficiente para atender a cidade durante quase dois dias em caso de problema no abastecimento. Ele lembrou que em 2021, um raio que atingiu o sistema elétrico causou grande transtorno que afetou o abastecimento para 60% da população. “Avançamos muito na reservação, mas a produção está no limite”, citou.
É por isso que a Sabesp já abriu licitação para perfuração do sexto poção para captação de água do aquífero Guarani na zona norte da cidade, região do bairro Paraíso, onde já foi construído um sistema de reservação que hoje é abastecido com água do Poção 4, na Avenida Augusto Cavalin.
Esse novo poção permitirá que a Sabesp, segundo Cavalini, promova a interligação do sistema de abastecimento de água da cidade, incorporando o poção 4 na rede de abastecimento central. Com as obras de revitalização da Avenida Espedicionários, a empresa aproveitou para instalar a adutora que ligará o poção da Avenida Augusto Cavalin com o sistema de reservação no centro da cidade (Avenida Manoel Marques Rosa com Rua Espirito Santo). Esse reservatório que atende cerca de 30 mil consumidores recebe água do sistema de reservação principal que fica na Avenida da Saudade.
“Quando a gente projeta o novo poção é para termos uma tranquilidade no abastecimento por mais 15 e 20 anos”, assinala André Cavalini.
REDUÇÃO DE PERDAS
Cada fernandopolense consome em média cerca de 150 litros de água diariamente que está dentro do padrão nacional por habitante. Esse consumo é superior ao recomendado pela ONU que é de 110 litros.
Para o diretor da Sabesp, o maior desperdício ainda é com a chamada “vassoura hidráulica”, ou seja, o hábito de varrer quintal e calçada com a mangueira e não com a vassoura tradicional. “É bom lembrar que estamos usando uma água nobre para limpeza”, diz Cavalini.
Se a população ainda abusa neste quesito, a Sabesp tem conseguido reduzir as perdas de água no sistema. São as perdas por conta de vazamentos na rede. O índice de Fernandópolis está em 11%, quando a média estadual é de 34%.
“Foi por isso que recebemos recentemente para um simpósio internacional para discutir o tema delegações de outros países que vieram conhecer o nosso trabalho de combate as perdas de água. Fernandópolis, ao lado de Jales, Monte Alto, Lins e Novo Horizonte, foram as cidades visitadas pelo sucesso na redução das perdas. E a população nos ajuda muito nesse processo porque avisa logo que vê um vazamento”, comentou o gerente.
O trabalho de combate às perdas leva em conta também o cuidado para evitar que os poços trabalhem no limite de produção, tudo para não influir no rebaixamento dos poços.
Cavalini lembra que os poços de Fernandópolis têm a chamada “carbonatação natural” que reduz capacidade de produção e vazão. Isso significa que com o tempo o carbonato vai fechando os poços e obriga parar a produção para se fazer uma limpeza.
NOSSA CAIXA D´ÁGUA
O aquífero Guarani é uma reserva subterrânea de água doce localizada em países da América do Sul, abrangendo áreas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Ele é uma das principais reservas de água doce do mundo. Está bem embaixo dos nossos pés. É, diríamos, a nossa caixa d´água subterrânea.
Segundo o gerente de Divisão da Sabesp, há todo um cuidado com a recarga desse reservatório para evitar o rebaixamento. E isso tem a ver com os aspectos geológicos, que facilitam a entrada de água no sistema por meio de fissuras nas rochas e nos solos. A principal forma de recarga do aquífero é por via meteórica, ou seja, por meio da entrada da água da chuva. No estado de São Paulo, os pontos de recarga mais conhecidos ficam nas regiões de Botucatu e Ribeirão Preto.
100%
Nesta semana foi divulgado o Índice Trata Brasil de Saneamento Urbano entre as 100 maiores cidades do Brasil. Segundo Cavalini, se Fernandópolis estivesse nesse grupo das maiores cidades certamente seria a primeira cidade do ranking pelos índices de 100% no abastecimento de água e 100% do esgoto tratado.
Essa condição inclui, inclusive, o Distrito de Brasitânia e as 18 cidades que compõem a divisional da Sabesp em Fernandópolis com seus respectivos distritos.
Se Fernandópolis trata 100% do esgoto que coleta, ainda tem alguns desafios a enfrentar nessa área. Um deles é a coleta de esgoto no conjunto de casas ao lado da ferrovia, conhecida como “casas dos ferroviários”. “Isso ainda tira o nosso sono”, afirma.