Por Giovanna Simioli
Durante meu período de férias escolhi a cidade de São Sebastião para passar alguns dias. Antes de viajar inclusive, fui questionada o porquê não iria no carnaval e a resposta era: queria curtir o sossego das praias daquela região. Escolhi o centro histórico para me hospedar, pela facilidade de locomoção, pelo charme que são os prédios históricos, vielas e por ficar longe dos morros e, consequentemente dos borrachudos.
Cheguei na cidade no dia 11 de fevereiro e fui recebida com chuva, mas logo ela se foi e o sol voltou a brilhar. A primeira praia que escolhi visitar foi a famosa praia da Feiticeira, em Ilhabela. Com um mar azul, águas cristalinas, uma cachoeira ao lado e uma pequena faixa de areia o local é um dos mais visitados na ilha. Uma natureza perfeita!
Meu próximo destino foi a praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião. Um bairro que fica cerca de 30 minutos do centro histórico, repleto de casas e pousadas lindas e uma praia paradisíaca de mar azul turquesa contornado pela areia grossa e branca. Um local com poucos turistas e, em sua maioria famílias inteiras, inclusive com crianças.
A Barra do Una, é uma das praias mais distantes do centro histórico e faz divisa com Juquehy e Barra do Sahy, e um dos atrativos é o encontro da água do mar com o rio. Uma faixa de areia branca que divide o rio do mar, que é rodeada por casas e condomínios luxuosos. Levamos cerca de 2h de viagem do centro histórico até lá! Enfim, pensei que tinha que valer a pena. E valeu demais! Um verdadeiro paraíso. Sem contar que tivemos as quatro estações do ano em um único dia: sol, chuva, frio e ventania. Mas o pôr do sol compensou tudo!
No último dia, escolhi a praia do Perequê, em Ilhabela. Uma praia pouco badalada, mas de uma paisagem magnífica. Ponto de encontro de praticantes de vela, stand up paddle e outros esportes aquáticos, tão tradicionais na região. Durante o percurso de cerca de 5,5km, que fiz à pé margeando a orla passei por diversas embarcações de pescadores que encostam na margem para comercializar os pescados na avenida movimentada. De um lado a cidade com características bem caiçara, do outro uma natureza exuberante.
Três dias após deixar São Sebastião (sai no dia 15), uma forte chuva de mais de 600mm arrasou todos esses lugares que descrevi para você. Inclusive e, principalmente, o acesso a eles. Era carnaval, a cidade estava toda enfeitada e preparada para as dezenas atrações que iriam acontecer durante todo o feriado prolongado por toda a cidade. Inclusive, em uma imensa tenda que foi montada na rua da Praia, no centro histórico, que iria abrigar as festas de carnaval e que depois do desastre, passou a receber corpos das vítimas dessa enorme tragédia.
O mar azul turquesa e as águas cristalinas ficaram vermelhos com o barro que desceu dos morros e repletos de árvores e galhos. Na avenida por onde caminhei da charmosa Ilhabela, carros e barcos de pescadores foram engolidos por crateras e pela força da água. Difícil acreditar que três dias antes, estava tudo bem. Quando comecei a ver as imagens na internet e pela televisão e vi o caos que se instalou naquela região, só consegui imaginar o meu desespero e, pior ainda, da minha família, sem conseguir contato e ter notícias minhas. Mas, Deus me livrou dessa!