Em Fernandópolis, tomada por matagais que invadem áreas públicas e terrenos particulares, uma roça com milho, feijão, amendoim e até arroz, floresce no centro da cidade, a poucos metros do Mercadão Municipal, Fórum, Câmara e Paço Municipal.
A área, na antiga chácara do Badeco, na esquina da Rua Sergipe com a Avenida Pedro Ferrari (antiga avenida 1), que pertence a empresários da cidade, virou uma roça urbana onde pode-se se encontrar de tudo um pouco. Até o arroz, uma cultura que era presente na região até a década de 70 e que praticamente desapareceu da região.
Quem cultiva a área é o funcionário público municipal Geraldo Pereira de Souza, 76 anos, mais conhecido como “Geraldinho do Zoológico”. Criado na roça ele cuida dessa área e de mais seis terrenos na cidade onde, ao invés do matagal, floresce uma roça com diferentes produtos agrícolas.
“O ano está bom de chuva e isso é bom para a lavoura”, comemora. No meio do arroz que está na altura do peito ele exalta o gosto pela roça. “Gostamos de plantar, dá para o gasto da família. “Estamos plantando, zelando e colhendo aquilo que Deus nos dá”, diz agradecido.
Geraldinho é velho conhecido do empresário que adquiriu a área, bem próxima do centro da cidade. “Eles me conhecem, sabem que gosto de plantar, que trabalho bem e me chamaram para cuidar da área. No lugar do matagal, cultivamos milho, feijão andu (ou guandu), feijão catador (ou feijão de corda), milho, amendoim, arroz e abobrinha. E isso já há quatro anos”.
“Tem muita gente que nunca viu uma plantação de arroz. Mas, tem aqueles que sentem saudade de antigamente, das grandes lavouras de arroz que tinha por aqui. Uma pessoa disse que soube que tinha plantado arroz e já está cacheando, pediu para tirar foto quando estivesse maduro para mandar para ele”.
O aposentado não faz muita expectativa de colheita. Disse que também as capivaras descobriram a sua plantação. “Elas já me visitaram”. Ele já começou a colher os feijões andu e catador. A colheita do amendoim deve começar no final deste mês. Segundo ele, no ano passado colheu na área 15 sacas de amendoim”. Este ano plantei menos porque na hora da colheita é difícil arrumar gente para ajudar”, explica. A colheita do arroz, ele calcula que deve ocorrer no final de fevereiro e início de março. Geraldinho não sabe quanto vai colher de arroz, mas como todo bom agricultor lembra o mantra: “O pouco com Deus é muito”.
Aos 76 anos, ele diz que sempre gostou de trabalhar. Aposentou na prefeitura e decidiu transformar terrenos em roças. A receita é simples: “pular cedo da cama e trabalhar. Tem que trabalhar, movimentar o corpo, senão enferruja”.
PROJETO
O exemplo do Geraldinho é inspiração para o Projeto “Agricultura Urbana” que está sendo tocado pela Associação Maria João de Deus em parceria com o Instituto Gerando Falcões, o curso de Agronomia da Universidade Brasil e Prefeitura de Fernandópolis no Jardim Ipanema.
O líder social Douglas Costa Martins explica que se trata de um projeto piloto que envolve 10 famílias do Jardim Ipanema e prevê ocupação de lotes urbanos, incluindo áreas da prefeitura, para produção agrícola de hortaliças e legumes gerando renda para essas famílias.