“Já posso andar de cabeça erguida”, diz Amauri Piratininga após anulação da Operação Vagatomia

20 de Agosto de 2025

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“Já posso andar de cabeça erguida”, diz Amauri Piratininga após anulação da Operação Vagatomia

Três anos depois de sair do campus da Universidade Brasil em Fernandópolis, escoltado por policiais federais que atuavam na “Operação Vagatomia”, o ex-diretor Amauri Piratininga diz que a decisão judicial que resultou na anulação da operação e extinção das ações penais restabelece a justiça.
Na decisão, o juiz federal anotou: “Declaro nulas as provas carreadas aos autos das Medidas Cautelares com o respectivo desentranhamento das transcrições das interceptações telefônicas e telemáticas e da colaboração premiada. Em decorrência, por ausência de justa causa, extingo as Ações Penais”.
“Já posso andar de cabeça erguida com minha dignidade e moral restabelecidas”, disse o ex-diretor durante entrevista à Rádio Difusora FM na quinta-feira, dois dias após ser tornada pública a decisão do juiz federal Roberto Lima Campelo. Ele estava acompanhado do advogado Welson Olegário.  
A “Operação Vagatomia” da Polícia Federal realizada em 3 de setembro de 2019, teve como alvo a Universidade Brasil, campus de Fernandópolis, sob suspeita de fraude dos programas Fies e Prouni do governo federal, além da venda de vagas do curso de medicina. A operação indiciou 32 pessoas, entre elas o presidente e reitor da Universidade Fernando Costa, seu filho Sthephano Costa, o diretor geral do campus, Amauri Piratininga, o advogado Orlando Machado Junior, o presidente do Fefecê Oclécio de Almeida Dutra, o vice Ricardo Saravalli. 
“Questionamos sobre o modus operandi do delegado da Polícia Federal, aliado ao fato de se tratar de irresponsável denúncia anônima, uso de mensagens de WhatsApp não investigadas, todas já de há muito refutadas pelo ordenamento jurídico. Tudo poderia ser evitado se houvesse uma acurada e necessária busca por indícios de ilicitude criminal. Lamentável os danos sofridos por ação truculenta, invasiva, prisões desnecessárias em cumprimento de uma decisão sem fundamento e base legal, decisão nula por fato inexistente. Trataram como se Fernandópolis fosse um covil de bandidos. Felizmente esses questionamentos foram acolhidos para restabelecer a justiça”, disse o advogado. 
TRÊS ANOS DE 
SILÊNCIO
Na entrevista, o ex-diretor da Universidade Amauri Piratininga lembrou que ingressou na então Universidade Camilo Castelo Branco com o então reitor João Mauricio Alves na construção do campus em 1997 e permaneceu até 3 de setembro de 2019.  “Entrei pela porta da frente e através de uma decisão abrupta sai escoltado pela polícia federal. Sou servidor do Judiciário desde 1983, portanto completo 40 anos no ano que vem, com um prontuário limpo. Sou de família simples e lutei muito na vida e o sentimento foi de muita tristeza”, disse. 
Ele refutou as acusações. “A minha defesa foi apresentar os extratos do Imposto de Renda dos últimos anos para demonstrar que não pratiquei nenhum crime, nenhuma ilicitude dentro da universidade. Nesses três permaneci silente, calado, sofrendo toda sorte de humilhações. Existem outras medidas judiciais que poderiam ser adotadas sem expor as pessoas. Decisão me trouxe muitos infortúnios, mas graças a Deus, na terça-feira, restabeleceu-se a justiça. A decisão deixa claro que não há justa causa para a ação. Se não há justa causa não há crime”.
Apesar de dizer que a sentença restaura sua moral e dignidade, Amauri usou silogismo para expor seu sentimento. “Você pega um travesseiro de pena e espalha ao vento. Não se consegue juntar depois todas as penas. Então, restaurar a sua moral e dignidade é um processo delicado e lento. A sentença me põe de pé”.
Por conta da Operação Vagatomia, Amauri também lembrou o que viveu nos últimos três anos. “Noites sem dormir, tratamentos médicos, psiquiátricos para se manter de pé e lutar pela justiça. Posso dizer que no campus de Fernandópolis, não tinha e não tem bandidos”.
Disse ainda que por conta dessa Operação decidiu se afastar das funções religiosas que exercia em uma denominação cristã da cidade. Continuou exercendo o cargo no judiciário, mas passou por procedimento investigativo na Corregedoria de Justiça para apuração dos fatos. “O juiz corregedor, após ter acesso ao processo em uma sentença de 2020 reconheceu que não houve nenhuma conduta criminosa. Vivi momento difíceis, mas quem crê em Deus e tem Jesus no seu coração não sucumbe. Ganhei o direito de voltar a respirar e andar pela cidade de cabeça erguida com minha moral e dignidade restauradas”.