Geração de energia solar aumentou 170% em dois anos em Fernandópolis

20 de Agosto de 2025

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Geração de energia solar aumentou 170% em dois anos em Fernandópolis

O atual cenário de falta de água nos reservatórios hidrelétricos e uso intenso das termelétricas fósseis, faz os brasileiros sentirem na conta de luz o peso da maior crise hídrica que o país enfrenta em 90 anos, com risco de racionamento de energia. 
Quem apostou na energia solar já está colhendo os frutos da iniciativa. Em Fernandópolis, segundo dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica – nos últimos dois anos aumentou em 170% o número de unidades geradoras de energia fotovoltaica. A cidade saiu de 273 unidades até 2019 para 739 este ano, com capacidade de geração de 6.894,45 KW. 
A maior parte das unidades instaladas na cidade são residenciais. Elas são 76% do total de geração, ou seja, 569. O comércio vem a seguir com 16% (124 unidades geradoras). Indústria com 2% (15) e setor rural com 4% (31) ainda patinam nesta área. 
Há cinco anos, a cidade possuía apenas 29 unidades que usavam a radiação solar e que tinham capacidade de produzir até 241 kW. Apenas em 2021, a Aneel registrou a instalação de 276 unidades geradoras de energia. No ano passado inteiro, foram instaladas 190. 
A empresaria Glenda Scandiuzi, da Editora Ferjal, já contabiliza vantagens na geração de energia solar. A energia é gerada por 295 placas instaladas na cobertura da empresa para geração de energia limpa e sustentável.  
“Por conta dos equipamentos que a Ferjal possui, o consumo da energia é muito alto. No final do ano, por exemplo, quando a demanda aumenta, o valor da conta sofre um aumento de 80%. Resolvemos investir em energia solar há dois anos. Pagamos a tarifa mínima mensalmente e o valor da parcela que pagamos do financiamento que fizemos corresponde a 40% do valor que pagávamos de energia. O melhor de tudo é que quando o parcelamento terminar, nosso custo com energia vai praticamente zerar”, relata com entusiasmo a empresária.
Quem instalou energia solar na residência também já comemora a economia na conta de luz. O fernandopolense João Celso De Marchi conta que instalou a energia solar no começo deste ano e paga atualmente uma conta de R$ 93. Ele confessa que hoje estaria pagando R$ 400 se utilizasse a energia elétrica. José de Oliveira Dantas contou que instalou energia solar em 2018 e que já gerou neste período 10.724 KWh e o consumo foi de 8.092. O excedente, 2.643 KWh foi para a rede. A unidade que instalou gera 350 KW/mês.
O mercado de instalação de energia solar está aquecido. O empresário Márcio Alves Baldes, da empresa Solar Mais, diz que “normalmente uma casa que tem um consumo de até 300 kwh/mês costuma ser instalado oito painéis pra uma geração de 491 kwh/mês com uma sobra sempre, porque todo mundo quando coloca energia solar tende aumentar seu consumo, por isso essa sobra”.
Em média, diz ele, o investimento gira em torno de R$ 15 mil, mas devido a crise híbrica, o aumento das taxas das companhias, o aumento pela procura fez com que o aumento no valor do investimento também subisse. “Há uns três meses atrás esse mesmo kit o investimento seria de 12 mil mais ou menos”, relata.

VACINA CONTRA APAGÃO
No mês de outubro, a produção de energia solar no Brasil atingiu a marca de 7 gigawatts (GW) de potência instalada em telhados, fachadas e pequenos terrenos de residências, comércios, indústrias e produtores rurais. De acordo com a Absolar - Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica -, esse volume equivale à metade de toda a capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu.
De acordo com a entidade, o País possui atualmente mais de 611 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede. Desde 2021, foram mais de R$ 35,6 bilhões em novos investimentos, que geraram mais 210 mil empregos acumulados no período, espalhados ao redor de todas as regiões do Brasil.
Apesar do crescimento exponencial, o número é baixo levando em consideração que o Brasil é detentor de um dos melhores recursos solares do planeta. Dos mais de 88 milhões de consumidores de energia elétrica do País, apenas 0,8% já faz uso do sol para produzir eletricidade, limpa, renovável e competitiva.
Em artigo publicado no site da Absolar, os especialistas Alexandre Bueno, Rodrigo Sauaia e Ronaldo Koloszuk apontam que a energia solar é vacina contra a bandeira vermelha e risco de racionamento. “O avanço da energia solar no País, via leilões para grandes usinas ou pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para reduzir o chamado ‘custo Brasil’, com uma energia elétrica mais competitiva aos brasileiros, reduzindo a ocorrência das bandeiras vermelhas na conta de luz da população e diversificando a oferta de eletricidade no País”.