Se a mãe já era uma figura divina para seus filhos, essas mães que atuam na linha de frente no combate e enfrentamento a Covid-19, certamente se tornaram ainda mais especiais. São elas: enfermeiras, médicas, técnicas, profissionais da limpeza, atendimento e socorristas que atuam nessa pandemia e, ainda, são mães, esposas e chefes de família.
A enfermeira da UPA – Unidade de Pronto Atendimento – de Fernandópolis, Alcione Consoni, mãe de três filhos, revela ter tido muito medo de levar a doença para sua casa. “Eu e meu marido, que também trabalha na linha de frente, ficamos um mês sem ver nossos filhos. Depois nos mantivemos isolados em casa. Usamos máscaras, álcool, roupa de trabalho direto na lavanderia. Sapatos fora de casa. Isolamento social ao máximo possível e as saídas desnecessárias foram banidas”, conta Alcione.
Ao sair de casa para trabalhar os filhos sempre perguntavam: “Que horas você chega mamãe? Também te amo”. Alcione revela que no início da pandemia parecia algo distante, irreal, fora do nosso mundo. “E para o meu pesadelo, ela (Covid-19) estava ao meu lado! E além do medo, uma dor invadiu todo o meu ser, uma dor profissional que eu jamais imaginei em sentir”, desabafa.
A nova doença assusta muito os filhos, traz medo, mas, ao mesmo tempo eles sentem muito orgulho da mãe corajosa que possuem. “Sentia medo dela pegar Covid-19 e evoluir para um quadro grave. Fiquei mais tranquilo um pouco depois da vacinação. Acho o trabalho da minha mãe heroico e muito corajoso”, diz Victor Hugo, 30 anos. A filha Ana Luiza, de 14 anos, destaca a importância do trabalho da mãe “Acho muito importante e indispensável, sinto muito orgulho dela”. O filho João Pedro, de 18 anos, além do orgulho da coragem da mãe, destaca a falta de valorização da categoria profissional “Por minha mãe estar diretamente com pacientes com Covid-19, acredito que ela é muito corajosa. Porém, acho que o serviço é muito desgastante e devia ser melhor remunerado”.
A médica Izabella Borges Garcia Gomes também atua na linha de frente na Unidade de Saúde Antonio Pivato, UPA - Unidade Covid e na Clínica Integratto. Com dois filhos ainda crianças, João Pedro Garcia da Silva, 10 anos, e Gabriel Garcia da Silva, 8 anos, a mãe precisa ter uma dose a mais de cuidado para não ‘assustar’ eles diante desse cenário crítico. “Ao sair para trabalhar digo a eles que estou indo ajudar outras pessoas, pessoas que precisam de cuidados porque estão doentes”, revela Izabella que ainda diz que a todo momento tem medo por eles.
Com todos os cuidados para preservar sua família, Izabella conta que se cuida todo momento para evitar a contaminação e que ao sair para trabalhar eles sempre dizem: “Mamãe se cuida, Deus acompanha! ”
O medo e o orgulho também invadem o coração das crianças. “Quando minha mãe sai de casa para trabalhar, tenho medo dela pegar corona e ficar muito doente, e eu não poder cuidar dela. Acho legal ela trabalhar ajudando a vida das pessoas doentes”, disse Gabriel. “Eu sei que minha mãe trabalha e salva muita gente, mas não gosto que ela trabalha com Covid-19, ela já pegou lá no começo e não quero ficar longe dela e nem que ela fica doente de novo”, acrescentou João Pedro Garcia.
Essas super mães e heroínas no combate a Covid-19 e seus filhos são apenas algumas histórias em meio a tantas outras em todo o mundo. Todas elas sempre com os mesmos sentimentos de medo, angústia e orgulho.