O mês de fevereiro era de procura intensa por imóveis em Fernandópolis, principalmente de estudantes que já se preparavam para o início de aulas. Este ano, contudo, o setor imobiliário enfrenta os efeitos da pandemia. Sem as aulas presenciais, a procura por imóveis é restrita a rotatividade normal do mercado.
De acordo com duas grandes imobiliárias da cidade, com as aulas para os alunos dos cursos de nível superior sendo ministradas à distância, os alunos de outras cidades e estados que são os principais inquilinos, estão devolvendo os imóveis aos proprietários. Processo que começou desde o mês de abril do ano passado quando foram adotadas as medidas restritivas no setor educacional. De lá para cá, oferta de imóveis tem superado a demanda.
Para não perder o inquilino e ficar com o imóvel fechado por falta de locatários, tem proprietários cobrando apenas 50% do valor do imóvel para os alunos de outras cidades ou estados já que a maioria deles, não tem mais a necessidade de morar em Fernandópolis enquanto as aulas presenciais não forem retomadas.
Para agravar ainda mais a crise do setor, a inflação medida pelo IGP-M - (Índice Geral de Preços – Mercado) disparou no ano passado, e, pelo menos em Fernandópolis, isso deve mexer no preço de aluguéis já que a alta é de 23% da última atualização. A informação foi confirmada por uma das imobiliárias consultadas.
O aluguel residencial encerrou 2020 com uma alta de apenas 2,77%, segundo a inflação oficial no País, apurada pelo IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – media pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Entretanto, esse valor será repassado para os proprietários com alta de 4,5% ainda este mês.
Em ambos os casos, os corretores consultados pelo CIDADÃO, assim como as imobiliárias, disseram que os índices de correções dos valores já estão sendo repassados para os locadores e que cabe exclusivamente a eles decidir se aderem ou não à esta alta elevada. Para eles, levando em consideração o cenário local atual, o mais provável é que – pelo menos por enquanto, os valores permaneçam como estão agora.
A crise econômica gerada pela pandemia e a perda constante de parte significativa dos locatários que são em sua maioria, estudantes de nível superior, as expectativas para os próximos meses não são nada boas. Para os corretores e imobiliárias, a previsão ruim para este segmento de mercado não se trata de negativismo já que os números atuais apontam claramente para um cenário de perdas ainda maiores.
Para eles, a solução só ocorrerá com a retomada da geração de novos empregos formais e, sobretudo, retorno das aulas dos cursos superiores na modalidade presencial. Sem essas ações, a tendência é que o setor continue somando novas perdas tanto de valores como de inquilinos.
A Universidade Brasil com o curso de Medicina, que é o que mais atrai alunos para a cidade, anuncia que as aulas devem começar em 10 de março apenas na modalidade de ensino à distância – “por enquanto”.
A FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis – informou por meio da assessoria de imprensa que a instituição já havia feito todas as adequações exigidas no protocolo e que deve retomar as aulas presencias dos cursos da área da saúde em 1º de março. Já com relação aos cursos das demais áreas do conhecimento, pela atual classificação da região no plano, permaneceriam sendo ministrados por meio do ensino remoto.
Com os estudantes longe das salas de aulas, o mercado imobiliário enfrenta fuga de locatários.