Diretor da Universidade Brasil diz que é preciso separar o joio do trigo

20 de Agosto de 2025

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Diretor da Universidade Brasil diz que é preciso separar o joio do trigo

A AAMFER – Associação de Amigos do Município de Fernandópolis – iniciou essa semana uma campanha a favor da Universidade Brasil, que vem sendo alvo de investigações da Polícia Federal desde a deflagração da operação “Vagatomia”. O objetivo, segundo a entidade, não é defender os ilícitos e quem os praticou, mas sim a instituição que é responsável por boa parte da economia fernandopolense. 

Em uma das frentes dessa campanha, a AAMFER organizou uma comitiva que visitou as emissoras de rádio da cidade para falar sobre a importância da Universidade para o município e tranquilizar a população sobre os boatos de que ela poderia ser fechada. 
  “Somos inteiramente a favor da operação Vagatomia que está apurando os erros de algumas pessoas, mas queremos reiterar nosso apoio incondicional à instituição como um todo, assim como seus milhares de alunos que vieram de todos os estados do Brasil em busca de um ensino de qualidade e vivem numa cidade que tem o maior prazer de recebe-los aqui lhes dando uma das melhores qualidades de vida do Brasil”, disse Junior Sequini, presidente da entidade, em entrevista à Rádio Difusora. 
Sequini estava acompanhado do secretário da AAMFER e professor do curso de Medicina Armando José Gabriel. Ele garantiu que as aulas seguem normalmente e que a operação pode ser um divisor de águas para a Universidade. 
 “A operação serviu para corrigir o que está errado e culpar quem tiver que ser penalizado, porém a Universidade Brasil é muito importante para a economia do município e nós como amigos de Fernandópolis não podemos nos furtar de defender aquilo que existe de bom lá dentro e posso garantir que existe muita coisa boa lá dentro da Universidade. A vida na Universidade Brasil segue. Os salários estão em dia, as salas cheias, os cursos em plena atividade. Estamos otimistas de que tudo isso possa vir para melhorar e sinalizar uma rota diferente”, completou Armando José Gabriel. 
Por falar em economia, um levantamento feito pela associação com base na estimativa de gastos dos mais de 5 mil alunos da instituição na cidade, mais de R$ 15 milhões são injetados mensalmente no município, cerca de R$ 200 milhões ao ano. 
“Que empresa injeta isso numa cidade? Que conglomerado consegue atender mais de 5 mil pessoas?  Temos que separar o joio do trigo, separar as pessoas físicas que estão sendo acusadas e que tenham cometido algum ilícito, da instituição. A instituição fica e as pessoas passam. Um dia eu não estarei mais aqui por algum motivo, mas a instituição fica e daqui a 30, 40, 50 anos nós teremos aqui a Universidade Brasil de Fernandópolis bem solidificada, pois ela vai muito bem”, disse o diretor da Universidade, Pedro Callado. 
Ainda de acordo com o responsável pelas relações institucionais da Universidade Brasil, um novo reitor deve assumir a instituição de ensino nos próximos dias, seja ele nomeado pelo MEC ou designado pela própria universidade. 
“Um novo reitor deve ser designado, ou pelo MEC ou pela própria instituição, nos próximos dias e vai nos dar as diretrizes de como iremos trabalhar em todas as áreas. 99% dos alunos do curso de medicina estão matriculados regularmente, mesmo os que conseguiram transferência de outras faculdades. Estamos trabalhando para que a instituição não sofra nenhum dano, as pessoas, infelizmente se erraram que sejam punidas”, concluiu. 
ACIF 
A ACIF – Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis também se manifestou no mesmo sentido. Confira a nota em seu inteiro teor: 
A Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis, vem a público manifestar sua posição quanto entidade de classe sobre os recentes fatos envolvendo a Universidade Brasil, Campus Fernandópolis, e o quanto essa repercussão tem gerado de impacto social e empresarial, no que tange nossos associados. 
Compartilhamos do pensamento que, cabe a Universidade Brasil, como entidade de ensino privado a defesa dos fatos as quais está sendo acusada, e somos a favor de penalizar todos os envolvidos com irregularidades e fraudes. Porém cabe a todas as esferas sociais de Fernandópolis a defesa do que significa o polo estudantil para o desenvolvimento local/regional. 
Quando se discute educação é preciso levar em conta a força e o significado de se ter uma universidade local e sua atuação no contexto econômico. A ACIF jamais compactou com atitudes que ferem a lei ou o direto legal do cidadão, por isso, esta Nota não se discute a possível fraude que já está sendo investigada pelos órgão competentes, e sim, a importância de se ter um Centro Universitário em Fernandópolis que abriga centenas de estudantes que hoje tem a cidade como a extensão de suas casas.
 Temos que levar em consideração que o papel da Universidade vai muito além da graduação; envolve a pesquisa, extensão e uma inserção comunitária e social extremamente relevante, sendo alicerçada nesta premissa defendemos o funcionamento das atividades e aulas para todos os cursos do Campus de Fernandópolis. Também nos colocamos a disposição para levantar bandeiras que sejam efetivamente importantes para nossos associados, que por se tratar do nosso maior patrimônio, enxergam nesta entidade uma porta de representatividade social e empreendedora.
 Por esta razão devemos evitar especulações que possam gerar indevida insegurança e por fim pontuamos que a ACIF é uma instituição plural, acolhendo no seu seio todos os aspectos sociais que refletem o espirito democrático que cultivamos.
DESDOBRAMENTOS    
Essa semana, após denúncia do MPF - Ministério Público Federal - de Jales, o reitor da Universidade Brasil, José Fernando Pinto da Costa, acusado de chefiar um esquema de fraudes na faculdade de Fernandópolis, agora também virou réu por suspeita de coagir quatro estudantes durante uma audiência pública, realizada em 14 de março deste ano. Na ocasião, já eram discutidas a superlotação do curso de medicina e havia suspeitas de irregularidades.
O reitor e mais dez pessoas estão presos desde o começo do mês, após a deflagração, em 3 de setembro, da Operação Vagatomia - ação da Polícia Federal que apura uma série de irregularidades na faculdade de Fernandópolis. 
De acordo com o MPF, as ameaças do reitor eram extensivas ao Centro Acadêmico de Medicina, do qual faziam parte os estudantes denunciantes. "As pessoas que ficam atacando, querendo o mal de Fernandópolis, nós temos que destruí-los. O diretório acadêmico amanhã sofrerá intervenção. 'Tá' sob intervenção. Em 30 dias vão marcar nova eleição", teria ameaçado o reitor durante a audiência realizada no Teatro Municipal de Fernandópolis.
Segundo a denúncia do MPF, antes da audiência pública, os quatro estudantes ameaçados já haviam relatado os problemas decorrentes do número de estudantes de medicina acima do permitido pelo Ministério da Educação.
Os jovens foram até a sede do MPF no dia 4 de fevereiro deste ano para formalizar as denúncias contra a Universidade Brasil. A partir daí, a Procuradoria da República em Jales instaurou um inquérito, analisou documentos que confirmavam o excesso e, em março, pouco antes da audiência pública, expediu uma recomendação para que a situação fosse regularizada com o cancelamento de parte das matrículas.
A Universidade Brasil contestou o relato e se negou a cumprir os pedidos, postura que levou o MPF a ajuizar uma ação civil pública contra a instituição.
José Fernando Pinto da Costa está preso desde o dia 3, junto com o filho, Sthephano Costa. Na última semana, o TRF negou pedido de habeas corpus da defesa de José Fernando.
Procurada, a defesa de José Fernando disse que ele "continua à disposição da Justiça para esclarecer todos os fatos necessários e nega veementemente ter coagido alunos enquanto exerceu a função de reitor da Universidade Brasil".